Diálogo entrevistou o Brigadeiro Andrew A. Croft, comandante da 12ª Força Aérea (Forças Aéreas Sul) dos EUA, durante a Conferência Sul-Americana de Chefes das Forças Aéreas e Líderes Seniores, realizada na Base da Força Aérea Davis-Monthan, em Tucson, Arizona, de 4 a 8 de novembro de 2019.
Diálogo: Qual é a importância de sediar a Conferência Sul-Americana de Chefes das Forças Aéreas e Líderes Seniores na sede da 12ª Força Aérea?
Brigadeiro Andrew A. Croft, comandante da 12ª Força Aérea (Forças Aéreas Sul) dos EUA: É importante sediar a conferência aqui para desenvolvermos parcerias, relacionamentos e laços de amizade com os chefes das forças aéreas sul-americanas, incluindo seus graduados seniores. A conferência nos permite discutir os valores e as ameaças comuns e compartilhar as visões deles sobre como podemos colaborar com o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM). Também permite que formemos uma equipe para trabalhar em conjunto, o que inclui os membros do nosso Programa de Parceria Estatal (SPP, em inglês) da Guarda Nacional Aérea dos EUA.
Diálogo: A conferência se concentrou na proteção da segurança cibernética e espacial. Qual é a importância desses tópicos para as forças aéreas da região?
Brig Croft: Algumas nações participantes apresentam diversos níveis de capacidade para se defenderem contra os ataques cibernéticos da Rússia, da República Popular da China, daqueles que pretendem obter informações pessoais ou propriedade intelectual. No entanto, algumas têm capacidades muito limitadas para realizarem essa proteção, e por isso queremos identificar suas ameaças e oferecer-lhes assistência para ajudá-los.
O espaço é uma oportunidade para todos nós. Se colaborarmos com os países da região – que usam recursos espaciais para ações tais como monitoramento do desmatamento, mineração ilegal e proteção de suas zonas econômicas – com acordos sobre intercâmbio de tecnologia e prontidão situacional espacial, nós poderemos compartilhar mais informações que trarão benefícios à segurança.
Diálogo: A função dos graduados seniores também estava incluída na agenda. Qual é o significado desse tópico para a nova geração de graduados?
Brig Croft: Esse é um dos principais tópicos que estamos discutindo no momento. Oito por cento dos membros da nossa força são graduados e nós confiamos neles quanto à liderança, expertise e execução da missão. Estamos tentando fazer parcerias com as forças aéreas sul-americanas para incentivá-las a fazer o mesmo. Em muitas dessas nações, a força de graduados é formada meramente por técnicos, que não são treinados para serem líderes, e esse é um esforço de longo prazo. Nós disponibilizamos cursos e expertise através da Academia Interamericana das Forças Aéreas em San Antonio, Texas. Nós também fazemos isso através de nossos engajamentos para criar um modelo que eles possam seguir. Por exemplo, Honduras não está pedindo aviões, mas sim a profissionalização de sua força de graduados. A República Dominicana já fez isso e neste momento está no meio dessa transição. Nós queremos oferecer esse modelo a países como o Equador, que o solicitou, e assim podemos ajudar a introduzi-lo em sua força.
Diálogo: Quais são os maiores desafios para as forças aéreas da região? Como vocês podem cooperar com elas para lidarem com as ameaças à segurança regional?
Brig Croft: Eu acho que os dois maiores desafios das forças aéreas são as incertezas políticas e as dificuldades econômicas sob as quais elas têm que operar. Nós utilizamos nossas relações militares para permanecermos inabaláveis, como uma base sólida de estabilidade em apoio a todas essas nações. É por esse motivo que nossos esforços de longo prazo, tais como educação, treinamento e exercícios, nos permitem manter e criar um relacionamento duradouro entre nossas forças militares, apesar de quaisquer mudanças ou dificuldades políticas ou econômicas.
Diálogo: Quais são as principais capacidades que a 12ª Força Aérea compartilha com as nações parceiras na região?
Brig Croft: Nós oferecemos cooperação e parceria. Por exemplo, nós trazemos nossas forças da Guarda Nacional Aérea através do SPP para realizar exercícios com essas nações, para que elas criem suas próprias potencialidades e capacidades em seus componentes aéreos. Nós também oferecemos assistência humanitária e ajuda em desastres, operações de combate às drogas, operações de busca e resgate e conscientização do domínio.
Diálogo: Como vocês promovem a cooperação de segurança com as forças aéreas da região?
Brig Croft: Nós fazemos isso principalmente através da Embaixada dos EUA, do Departamento de Estado e de nossos oficiais de cooperação para segurança que trabalham nas embaixadas para que façam parcerias diretamente com os oficiais e graduados de suas respectivas forças aéreas, e assim possamos compreender o que eles querem fazer ou como pretendem desenvolver suas capacidades. Fazemos parcerias com eles e mantemos oficiais responsáveis pelo país em nossos quartéis generais que trabalham lado a lado para ajudar essas nações a adquirir e manter aeronaves, ou qualquer outra coisa relativa ao seu componente aéreo.