O exercício SAREX 2022 no Atlântico Sul proporcionou à Marinha Argentina (ARA) e à Marinha do Brasil (MB) a oportunidade de revisar suas capacidades e treinar em evacuação médica e busca e resgate, para salvaguardar a vida humana no mar.
“O exercício teve especial relevância, já que ambos os países contam com duas das áreas de responsabilidade do Serviço de Busca e Salvamento (SAR) maiores do mundo, onde em muitas ocasiões trabalhamos juntos em casos reais”, disse à Diálogo o Capitão de Mar e Guerra Gabriel Sabadín, da Marinha Argentina, comandante da Divisão de Destroieres e responsável pelo SAREX para o setor argentino, em 23 de outubro.
As manobras aconteceram em setembro, entre as costas do Rio de Janeiro, Brasil, e terminaram na Base Naval de Mar del Plata, Argentina, com o destacamento dos navios de patrulha oceânica Apa, da MB, e Piedrabuena, da ARA.
Navegando cerca de 2.200 quilômetros (1.200 milhas náuticas), os militares realizaram exercícios de evacuação médica, reboque e busca e resgate, informou Gaceta Marinera, o portal oficial de notícias da ARA.
Durante o horário diurno, várias situações simuladas foram montadas para representar emergências de busca e resgate, de modo que o pessoal militar teve que interagir diante de informações sobre uma embarcação naufragada ou tripulantes que sofreram um acidente. Para dar maior realismo, foram simuladas as comunicações entre os navios da área e o centro de coordenação SAR, que estava localizado em terra.
As consultas médicas correspondentes, no caso das práticas de evacuação da tripulação, foram concretizadas através de comunicação por rádio, por meio dos pequenos barcos de resgate que os navios de patrulha oceânica possuem. Eles também realizaram exercícios de reboque de forma segura, no caso hipotético de um navio sem propulsão ter que ser puxado para o porto mais próximo, enquanto à noite praticavam manobras de comunicação, usando o código de sinal luminoso.
“Os resultados do SAREX foram altamente satisfatórios e continuamos a fortalecer nossas relações e melhorar nossa interoperabilidade no mar”, afirmou o CMG Sabadín.
As tripulações dos navios Apa e Piedrabuena estavam em alerta permanente diante de cenários fictícios de resgate e emergências para melhorar os procedimentos em operações combinadas. Foram alistados no SAREX tanto equipes médicas, como marinheiros especializados em trabalhos de convés em navios.
A interoperabilidade entre as marinhas em técnicas e táticas de SAR beneficia a confiança mútua para promover a salvaguarda da vida humana no mar, especialmente na coordenação das comunicações e procedimentos de tarefas. As novas lições aprendidas permitem melhorar os protocolos e estreitar os laços profissionais e pessoais entre os militares dos países intervenientes.
“As tripulações dos navios e dos Centros de Busca e Salvamento Marítimo e Fluvial são treinadas na coordenação e condução deste tipo de operações, bem como em uma variedade de manobras marítimas que requerem treinamento específico, desenvolvidas em uma estrutura geográfica particular, como é o Atlântico Sul”, acrescentou o CMG Sabadín.
A relação bilateral entre as duas nações tem crescido nos últimos anos, pois elas têm trabalhado para fortalecer a cooperação no Atlântico Sul, como um mecanismo para incentivar a cooperação, o intercâmbio científico e a segurança na região.
“Destaca-se não apenas a importância de trabalhar de forma combinada com marinhas que compartilham um desafio comum no mar [como a salvaguarda da vida humana], mas também a necessidade de continuar com este tipo de exercícios em todas as oportunidades favoráveis”, disse o CMG Sabadín.
Em agosto de 2022, foi realizada a XIII Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto Brasil-Argentina na cidade de Brasília, a fim de avançar em novos mecanismos de integração no âmbito da Defesa. Durante os dias úteis, vários entendimentos de intercâmbio militar foram abordados.
“Nossa integração com o Brasil na área de Defesa não é algo novo, pois já é uma tradição entre os dois países”, disse à Diálogo o Coronel José Colombo, do Exército Argentino, chefe do Departamento de Comunicação Institucional e Imprensa do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. “O intercâmbio de oficiais e graduados, militares brasileiros que estudam em nossos institutos de formação, como as escolas de guerra, e vice-versa, exercícios combinados por ar, mar e terra e outras atividades específicas, são prova desta integração.”