Em 15 de fevereiro de 2022, cerca de 30 pessoas foram presas no Brasil e na Espanha durante uma operação policial internacional que desmantelou uma quadrilha de narcotráfico e lavagem de dinheiro. A investigação, coordenada pela Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol, em inglês), envolveu a Polícia Federal (PF) do Brasil, a Guarda Civil Espanhola, a Administração para o Controle de Drogas dos EUA (DEA, em inglês) e a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai.
Segundo a Europol, o grupo conseguiu realizar envios de cocaína de “várias toneladas para a Europa” em contêineres marítimos, com intervalos de poucos meses, graças a uma rede de distribuição sediada na Espanha. Muitos desses carregamentos foram interceptados pelas forças de segurança brasileiras e europeias.
“Desde setembro de 2020, autoridades da Bélgica, Brasil, Itália, Holanda e Espanha apreenderam cerca de 10 toneladas de cocaína e R$ 11 milhões (mais de US$ 2 milhões)”, disse a Europol. “A maioria das prisões aconteceu no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e Volta Redonda. Também houve sete detidos em Barcelona”, informou a agência AFP.
A investigação revelou que os centros de comando e controle da organização estavam em Dubai. As autoridades também descobriram uma infraestrutura de produção na Bolívia, com linhas logísticas e de abastecimento no Brasil, no Paraguai e no Uruguai, informou a Europol.
“No campo internacional, com a participação da DEA e da Europol, as autoridades brasileiras e estrangeiras atuaram em franca cooperação, otimizando resultados alcançados contra o grupo criminoso”, afirmou a PF em um comunicado. Segundo a PF, a operação foi batizada de Turfe em referência a uma das formas de lavagem de capitais da organização criminosa: a aquisição e negociação de cavalos de corrida.
Mensagens criptografadas
Os membros do esquema se comunicavam através de mensagens criptografadas, disse a Europol. Com essa plataforma, os criminosos coordenavam a rede de empresas que faziam a importação das drogas da América do Sul e a lavagem de dinheiro.
“A operação descobriu uma rede de distribuição nas cidades espanholas de Barcelona e Valência, encarregada de receber os carregamentos de cocaína e fazê-los circular no mercado europeu”, disse a AFP.
A Europol informou que os agentes realizaram buscas em cerca de 40 estabelecimentos no Brasil, no Paraguai e na Espanha. Além das 30 pessoas presas, foram apreendidos veículos, drogas, armas de fogo e dinheiro. Os policiais também interditaram contas bancárias nesses três países.
Produção na Bolívia
Segundo as autoridades paraguaias, a cocaína transportada pela organização era produzida na Bolívia. “A principal área de produção das cargas seria na zona central da Bolívia”, disse Francisco Ayala, diretor de Comunicação da SENAD, em entrevista ao programa La Mañana en Directo do canal de rádio Erbol da Bolívia.
Segundo Ayala, a investigação indica que a organização levava cocaína da Bolívia por via aérea para o território paraguaio. “O Paraguai seria uma espécie de passarela e centro de armazenamento para os embarques provenientes da Bolívia”, explicou. O governo boliviano solicitou informações à Europol e anunciou a abertura de “uma investigação interna” em virtude da operação internacional, informou o jornal El Deber em 22 de fevereiro.