A Primeiro-Sargento Antonia Paredes, do Exército Paraguaio, é a primeira subtenente do seu país a frequentar o curso de Subtenentes no Centro de Excelência e Liderança para Graduados (NCOLCoE, em inglês), em Fort Bliss, Texas.
A 1º Sgt Paredes entrou para o Exército em 2013 e desde então concentrou sua carreira militar em mostrar que o gênero não é obstáculo para alcançar os sonhos profissionais. Ela conversou com Diálogo sobre sua experiência militar e internacional.
Diálogo: O que significa ser a primeira subtenente do Exército Paraguaio a frequentar o curso de Subtenentes do NCOLCoE?
Primeiro-Sargento Antonia Paredes, do Exército Paraguaio: Significa um grande orgulho poder ser não apenas a primeira mulher a assistir o curso de Subtenentes, mas também ser o primeiro membro das Forças Armadas do Paraguai a frequentá-lo. Minha participação nesse curso é importante para os futuros subtenentes, sejam homens ou mulheres, pois representa o início de uma oportunidade para demonstrar a capacidade profissional de nosso corpo de subtenentes e a abertura de uma porta para um outro nível de educação para o Exército do meu país.
Diálogo: O que significa interagir em âmbito internacional com subtenentes dos Estados Unidos e de outros países amigos?
1º Sgt Paredes: Creio que a principal vantagem dessa experiência é o intercâmbio cultural, social e militar. Ao interagir todos os dias com subtenentes dos Estados Unidos, Europa e Ásia, se adquire uma ampla visão de como cada líder se desenvolve, tanto na sociedade como com suas tropas. Cada um de nós compartilha suas experiências, seus ideais e quais são seus planos nas missões futuras. Tanto os soldados norte-americanos quanto os estrangeiros têm aqui a oportunidade de aprender, de conhecer diferentes culturas, milhares de maneiras diferentes de como ser um líder ágil e capaz de desempenhar suas funções em qualquer meio-ambiente conjunto e adaptá-las a nosso próprio estilo de liderança.
Diálogo: Como a senhora poderá utilizar essa experiência internacional para obter uma vantagem estratégica na questão de gênero no Exército do seu país?
1º Sgt Paredes: Não há muitos cursos no Exército do meu país que sejam aptos para mulheres e, assim, o fato de eu ser mulher e ser a primeira a frequentar um curso desse nível é a abertura de um caminho para que mais mulheres soldados sejam consideradas no momento de selecionar alunos para frequentar cursos, com base em suas habilidades e não apenas em seu gênero. A principal lição que levo dessa experiência é que não importa o gênero, mas sim a capacidade profissional que se possui. Aqui não se levou em consideração se eu era mulher ou não, mas sim a minha capacidade profissional para cumprir o currículo acadêmico que a academia exige.
Diálogo: O que a motivou a entrar para o Exército Paraguaio?
1º Sgt Paredes: Minha principal motivação foi meu pai. Meu pai é oficial reformado de infantaria, portanto toda minha vida foi vivida em quartéis militares. Ele sempre foi considerado por seus subordinados um líder excepcional. A imagem de um líder respeitado por seus subordinados foi o que me levou a tomar a decisão de continuar essa vida militar que já levava desde o nascimento.
Diálogo: O que a senhora considera ter sido o maior desafio em sua carreira militar?
1º Sgt Paredes: Foi, sem dúvida, o fato de ser militar e me tornar mãe. Tenho três filhos, duas meninas e um menino. É preciso ser forte e ter determinação para desempenhar ambos os papéis ao mesmo tempo. Ao tomar a decisão de fazer esse curso, tive que me debater entre aproveitar a oportunidade única que me estava sendo oferecida ou ficar com meu filho bebê, que na ocasião tinha apenas seis meses. Tomei a decisão que tomaria um militar, com o consolo de que um ano não é nada comparado a uma vida, e que eu estaria novamente com meus filhos quando o curso terminasse, após 13 meses, com diploma na mão e tendo representado meu país com sucesso.
Diálogo: Como mulher militar bem-sucedida, qual é sua recomendação para as mulheres que desejem ou comecem sua carreira militar?
1º Sgt Paredes: Minha recomendação seria que continuem estudando, que não se detenham ao ingressar nas Forças Armadas, que não fiquem presas por causa da abordagem tradicional do exército. Dá medo tomar a iniciativa, mas dando o salto se conquista muitas coisas. E dentro do ambiente das Forças Armadas do Paraguai isso não é tão difícil de conseguir para nós mulheres hoje em dia.