A General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), fez parte de uma delegação dos EUA que visitou o Equador, de 22 a 26 de janeiro, para explorar com seus homólogos equatorianos maneiras de trabalhar juntos de forma mais eficaz para combater a ameaça representada pelas organizações criminosas transnacionais
Durante a visita de uma semana, a delegação, liderada pelo assessor presidencial especial para as Américas, Christopher Dodd, reuniu-se com o presidente do Equador, Daniel Noboa, o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, a procuradora-geral, Diana Salazar Méndez, e o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, Contra-Almirante Jaime Patricio Vela Erazo, bem como com outras autoridades seniores governamentais e oficiais de alto escalão, para aprofundar as relações bilaterais e discutir segurança, cooperação antidrogas, migração e apoio ao desenvolvimento econômico. As discussões se concentraram no “compromisso contínuo com os valores democráticos e o Estado de Direito”, disse a Casa Branca em um comunicado. Outros tópicos abordados incluíram assistência em investigações criminais, compartilhamento de inteligência e cooperação para combater ataques cibernéticos, entre muitos outros.
No dia da chegada da delegação, uma aeronave ucraniana Antonov aterrissou no Aeroporto de Guayaquil, transportando equipamentos norte-americanos para as forças equatorianas. Em um comunicado, a Casa Branca informou que o governo dos EUA facilitou a entrega de mais de 20.000 coletes à prova de balas e mais de US$ 1 milhão em equipamentos essenciais de segurança e resposta a emergências, incluindo ambulâncias, caminhões, empilhadeiras, motores para barcos e veículos de apoio logístico de defesa. Os equipamentos foram doados durante uma cerimônia, em 25 de janeiro, no Forte Militar de Huancavilca, informou a mídia local.
A visita da delegação dos EUA “é uma poderosa indicação política de apoio à administração do presidente Daniel Noboa”, disse a ministra das Relações Exteriores do Equador, Gabriela Sommerfeld, à imprensa, após a reunião de 22 de janeiro com o presidente Noboa, acrescentando que isto também representa “uma confirmação do fortalecimento da cooperação bilateral”.
A visita da delegação dos EUA marca o profundo compromisso dos Estados Unidos com sua amizade de longa data com o Equador e o apoio ao país sul-americano em sua luta contra grupos terroristas. Esta é a segunda viagem da Gen Ex Richardson ao Equador, após sua visita em setembro de 2022, durante a Conferência de Defesa Sul-Americana (SOUTHDEC), organizada pelo Equador.
“Já temos um portfólio de investimentos muito sólido com o Equador. Obviamente, é algo que vem com o tempo. E trata-se de cooperação entre forças militares, entre o Comando Sul dos EUA e o Exército do Equador”, disse a Gen Ex Richardson em uma entrevista ao jornal equatoriano Primicias. “Portanto, nosso portfólio é de US$ 93,4 milhões e não inclui apenas a transferência de equipamentos militares, mas também assistência humanitária e de resposta a desastres, [e] educação militar profissional.”
Em uma entrevista em 22 de janeiro com a rede de televisão equatoriana Teleamazonas, o presidente Noboa deu as boas-vindas ao apoio dos EUA. “Os Estados Unidos e o mundo viram o que está acontecendo no Equador e sabem como é importante proteger o Equador”, declarou. Dias antes, em 17 de janeiro, Noboa disse à CNN que “aceita de bom grado a cooperação dos EUA. Precisamos de equipamentos, precisamos de armas e precisamos de inteligência”.
Explosão de violência
Menos de dois meses após assumir o cargo, o presidente Noboa declarou guerra às gangues, decretando estado de emergência em todo o país e, desde então, anunciando um estado de “conflito interno armado” em meio a rebeliões em prisões, à fuga de um prisioneiro de alto valor e uma explosão de violência nas mãos de organizações criminosas transnacionais.
O aumento da violência gerou alarmes no exterior, levando a Colômbia e o Peru a reforçar suas fronteiras, com o Peru colocando sua fronteira norte em estado de emergência.
“Lembremo-nos de que nenhum país ou região está isento dos efeitos devastadores do terrorismo”, disse o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, via X.
Expressando sua solidariedade ao povo do Equador, o principal diplomata e chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse via X que as atividades das gangues eram “um ataque direto à democracia e ao Estado de Direito”.
Os Estados Unidos, por sua vez, por meio de uma declaração do Departamento de Estado, condenaram os ataques e reafirmaram seu “compromisso com uma estreita parceria com o Equador, inclusive na luta contra organizações criminosas”.
Apoio contínuo
Antes da chegada da delegação dos EUA na segunda-feira, agentes do Serviço Secreto dos EUA estiveram no local fornecendo treinamento de segurança para os oficiais das Forças Armadas e da Polícia do Equador, incluindo técnicas de proteção de dignitários, informou a Embaixada dos EUA no Equador via X, em 21 de janeiro.
“Isso é feito dentro da estrutura de cooperação internacional com o Equador em questões de segurança”, disse a Presidência do Equador via X. “Dessa forma, as forças de segurança são fortalecidas para cuidar dos equatorianos e devolver a paz ao país.”
As forças de segurança dos EUA e seus homólogos equatorianos desfrutam de uma longa história de cooperação em segurança focada em interesses e apoio mútuos, incluindo segurança aérea e marítima; manutenção da paz global; pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN); assistência humanitária; e direitos humanos.
Em agosto de 2023, por exemplo, o SOUTHCOM entregou equipamentos militares, de comunicação e de infraestrutura no valor de US$ 3,1 milhões ao Exército e à Marinha do Equador, como parte de seu compromisso com o Equador de apoiar operações de interdição marítima e fortalecer as capacidades de combate ao narcotráfico. Em sua entrevista a Primicias, a Gen Ex Richardson disse que os Estados Unidos também entregariam uma aeronave C-130 em fevereiro.
“Queremos ajudar o Equador nessa situação”, disse a Gen Ex Richardson a Primicias. “E não é apenas o Equador, mas todos os outros países da região que estão sendo desafiados por essas ameaças criminosas, mudanças climáticas, secas, insegurança alimentar, resposta a desastres, migração irregular, insegurança e instabilidade.”