O Coronel Henri Van Axeldongen, comandante do Exército Nacional do Suriname, enviou uma mensagem clara aos líderes de segurança e defesa do Caribe: o Suriname quer cooperar e trabalhar junto com os parceiros regionais para derrotar as redes criminosas. O Cel Axeldongen participou da 16ª Conferência de Segurança de Nações Caribenhas (CANSEC, em inglês), em Porto de Espanha, Trinidad e Tobago, de 4 a 6 de dezembro de 2018.
Durante uma entrevista concedida à Diálogo, o Cel Axeldongen falou sobre a importância da sua participação na CANSEC, as questões sobre segurança que seu país enfrenta e a importância de trabalhar em conjunto e compartilhar informações para combater as atividades ilegais na região.
Diálogo: Qual é a importância da participação do Suriname na CANSEC 2018?
Coronel Henri Van Axeldongen, comandante do Exército Nacional do Suriname: Nosso principal objetivo na CANSEC é criar um acordo bilateral com a Guiana e estabelecer uma boa relação internacional com os exércitos de todas as nações parceiras, para que possamos trocar ideias e combater os criminosos, ao mesmo tempo em que cooperamos uns com os outros para levar segurança às nações. A CANSEC é uma excelente plataforma para o intercâmbio de informações, para saber como as demais nações parceiras estão solucionando seus problemas e para descobrir o que mais podemos fazer para consolidar a segurança regional. A CANSEC é uma excelente plataforma para conversar sobre segurança e trocar ideias.
Diálogo: Um dos principais tópicos da CANSEC foi o de fortalecer a estrutura de combate às ameaças regionais. Como o Suriname contribui aos esforços regionais para combater as ameaças à segurança?
Cel Axeldongen: Nós cooperamos compartilhando informações uns com os outros quando alguma coisa precisa ser discutida.
Diálogo: O mecanismo regional de resposta às crises fez parte da agenda da CANSEC. Como o Suriname contribui para o esforço de resposta às crises regionais?
Cel Axeldongen: Na ocorrência de um desastre terrestre, nós cooperamos com o apoio do componente logístico. Prestamos assistência quando passa um furacão, já que surgem muitas necessidades, tais como a necessidade de reconstrução e ajuda humanitária.
Diálogo: Quais são os principais desafios à segurança que o Suriname enfrenta?
Cel Axeldongen: Nós temos os nossos desafios, como o crime transnacional. Por exemplo, as fronteiras do Suriname são abertas e isso é um dos nossos principais problemas. O trabalho é enorme e não é uma tarefa fácil, porque podemos ter um destacamento a pé ao longo do rio, mas não podemos cobrir a fronteira do rio. Quanto às gangues e às armas ilegais, o setor policial do Suriname encontrou algumas armas de pequeno porte com os criminosos; às vezes enfrentamos as atividades das gangues e retaliações entre seus membros.
Diálogo: Quais são os esforços conjuntos e combinados de cooperação que o Exército do Suriname realiza com os países vizinhos para neutralizar o narcotráfico e reduzir as atividades do crime organizado e do crime comum?
Cel Axeldongen: Nós queremos cooperar e compartilhar informações com nossos vizinhos. Temos acordos de cooperação com nossos países vizinhos, tais como o Brasil e a Guiana Francesa. Nós patrulhamos a fronteira anualmente em determinadas áreas e mantemos um encontro com os exércitos regionais de ambas as nações. Podemos trabalhar com outras nações como parceiros, como com a Guiana, visto que desejamos fazer um acordo bilateral com aquele país para combater em conjunto o tráfico ilícito e suas questões correlatas. Realizamos um encontro regional com o Brasil, porque temos uma grande população brasileira no Suriname, e também temos cooperação entre as duas forças policiais. Nós intercambiamos inteligência caso algo aconteça ou caso eles estejam procurando por criminosos, tanto no lado brasileiro quanto no lado surinamês. Nós mantemos os mesmos mecanismos de intercâmbio de informações com a Guiana Francesa.
Diálogo: O Exército Nacional do Suriname tem uma forte parceria com a Guarda Nacional do Exército de Dakota do Sul, no âmbito do Programa Estatal de Parceria da Guarda Nacional dos EUA. Quais são os intercâmbios realizados?
Cel Axeldongen: Nós realizamos muitos intercâmbios com a Guarda Nacional do Exército de Dakota do Sul. Por exemplo, em novembro de 2018 nós recebemos a visita de um destacamento de músicos no Suriname. Na área de liderança, tivemos bons intercâmbios porque enviamos líderes todos os anos a Dakota do Sul para observar sua liderança em planejamento e treinamento, e eles já vieram nos observar também. Como parte do nosso programa de parceria com a Guarda Nacional de Dakota do Sul, eles já enviaram engenheiros ao Suriname para nos ajudar-nos a construir melhor.
Diálogo: De quais exercícios regionais o Exército Nacional do Suriname participa?
Cel Axeldongen: Participamos do exercício Tradewinds e realizamos intercâmbios. Gostaríamos de ter a oportunidade de participar de outros exercícios regionais também, como o FAHUM.
Diálogo: Que providências o Exército do Suriname adotou para integrar as mulheres?
Cel Axeldongen: Nós integramos as mulheres em todos os ramos militares. Temos mulheres no Exército, na Marinha e na Força Aérea. Temos mulheres em todas as patentes, até mesmo nos setores mais altos. Temos mulheres capitães de corveta e coronéis. Através do Programa de Parceria Estatal dos EUA, a Guarda Nacional de Dakota do Sul e a Força de Defesa do Suriname realizaram alguns intercâmbios sobre integração de gênero e continuaremos a desenvolver perspectivas e a promover ideias para melhor incorporar as mulheres na carreira militar.
Diálogo: Qual é a sua mensagem aos participantes da CANSEC que se dispõem a fazer parcerias para melhorar a segurança de seus cidadãos?
Cel Axeldongen: Nós deveríamos cooperar mais uns com os outros e discutir mais temas entre nós. Vamos trabalhar juntos, ser fortes juntos e reunir nossos recursos para a prosperidade dos nossos países e da região.