Os Estados Unidos entregaram US$ 3,1 milhões às Forças Armadas do Equador, em equipamentos militares, de comunicação e infraestrutura, para apoiar o fortalecimento da sua capacidade para combater operações ilícitas, de acordo com a Embaixada dos EUA no país sul-americano.
“O apoio entre os dois países é vital para combater situações que afetam a segurança do povo equatoriano”, disse o Coronel Jaime Gómez, da Força Aérea dos EUA, adido de Defesa dos EUA, durante a entrega. “Os Estados Unidos continuam a investir nas áreas prioritárias do Equador.”
“Sempre se fala em cooperação pública ou privada na área da economia, por que não se fala na área de segurança?”, disse à Diálogo, em 7 de outubro, Fernando Carrión, acadêmico do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com sede no Equador. “Temos que buscar a cooperação internacional para investir recursos econômicos, porque a violência está gerando um problema econômico. Hoje, uma boa política econômica é uma política de segurança.”
A contribuição, entregue em 3 de agosto, permitirá que o Exército e a Marinha do Equador adquiram US$ 1,3 milhão para a construção do novo Centro de Manutenção Fluvial para a 19ª Brigada de Selva Napo, US$ 1,1 milhão em equipamentos militares e US$ 747.000 em equipamentos de comunicação para a Brigada de Infantaria de Fuzileiros Navais de San Lorenzo.
Os recursos fazem parte do compromisso do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) com as operações de interdição marítima ao longo da fronteira norte e das hidrovias amazônicas associadas. “Essa entrega é outra demonstração da estreita colaboração entre o Equador e os Estados Unidos”, afirmou o Cel Gómez.
A cooperação entre os Estados Unidos e o Equador se baseia no trabalho conjunto para fortalecer a segurança dos equatorianos, expandindo a luta contra o tráfico de drogas, o crime organizado, o tráfico de pessoas, a mineração ilegal e outras ameaças, ressaltou a Embaixada.
Além disso, o governo equatoriano espera proteger 730 quilômetros de fronteira com a Colômbia, graças a um acordo de cooperação de segurança com os Estados Unidos, informou Ecuavisa. A blindagem será realizada com informações de satélite para localizar plantações ilícitas, laboratórios, travessias ilegais, áreas de armazenamento e carregamentos, a fim de interromper o fluxo de drogas entre os departamentos de Nariño e Putumayo, na fronteira com Esmeraldas, Carchi e Sucumbíos, onde se calcula que existam 32.000 hectares de plantações de coca.
Luta internacional
A cooperação internacional desempenha um papel extremamente importante no impacto sobre a segurança e a economia do país, especialmente quando o narcotráfico representa um grande desafio a ser superado nos últimos anos.
O ministro do Interior, Juan Zapata, confirmou à mídia estatal francesa, France 24, que o Equador confiscou mais de 510 toneladas de drogas entre maio de 2021 e setembro de 2023. Ele acrescentou que isso fez com que se torne o terceiro país com o maior número de apreensões do mundo.
“O crime está evoluindo de forma muito mais acelerada, porque […] as organizações transnacionais, como máfias, cartéis, comandos […], deixaram de pagar as organizações nacionais em dólares e passaram a pagá-las em drogas”, disse Carrión. “É por isso que o crime nacional teve de entrar no mercado local, com o consequente aumento da violência e do consumo de drogas no país.”
O Equador está no centro do trânsito de drogas da Colômbia e do Peru. No entanto, depois de 2016, os grupos locais decidiram intervir nos processos de fabricação e distribuição com cartéis do México e da Albânia, informou The New York Times, em 17 de agosto.
“O Equador consome entre 80 e 90 toneladas de drogas, uma quantidade muito grande para um país pequeno”, acrescentou Carrión. “Cerca de 800 toneladas transitam pelo Equador para a orla do Pacífico via América Central, México e Estados Unidos, e pela Bacia Amazônica para o Brasil, que é o segundo maior consumidor de coca do mundo, e de lá para a Europa, Ásia e Oceania.”
Os traficantes de drogas se infiltraram na indústria de bananas do Equador, que produz 30 por cento das bananas do mundo e é o maior exportador, com 6,5 milhões de toneladas anuais, informou a Voz da América, em setembro.
Sem revelar ainda os nomes das empresas, a Polícia Nacional do Equador identificou 56 empresas exportadoras de bananas envolvidas em casos de narcotráfico, informou a televisão Ecuavisa. Os carregamentos de drogas são camuflados entre os contêineres que saem dos portos equatorianos diariamente, com destino à Europa.
Um estudo publicado pela Unidade Antidrogas da Polícia Nacional confirmou que os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco Nueva Generación, bem como a máfia dos Bálcãs, operam no Equador, informou Infobae.
Durante a primeira Reunião Internacional sobre Gestão e Disposição Final de Drogas e Precursores Químicos e Desmantelamento de Laboratórios Clandestinos, realizada em 19 de setembro, em Quito, o diretor adjunto do Departamento de Assuntos Internacionais contra o Narcotráfico e Aplicação da Lei, do Departamento de Estado dos EUA, em Quito, Darby Parliament, destacou que eles continuarão a apoiar a luta contra as gangues criminosas que querem desestabilizar o país e a região, publicou a agência SwissInfo.