O intercâmbio claro e conciso de informações sempre tem sido vital para o sucesso de qualquer operação militar. Manter-se conectado em campo pode, às vezes, ser a diferença entre a vida e a morte. As forças militares geralmente usam tecnologias avançadas e proprietárias para facilitar essa comunicação. Mas, garantir a compatibilidade entre sistemas de diferentes países pode ser um desafio durante operações conjuntas ou missões multinacionais.
Em apoio à prioridade do Exército dos EUA de suporte de engenharia à prontidão, o Comando de Desenvolvimento de Capacidades de Combate do Exército dos EUA desenvolveu a capacidade de interoperabilidade de rádio, ponte de voz universal, ou RIC-U. O RIC-U permite a comunicação direta entre o sistema de rádio terrestre e aéreo de canal único dos EUA e os rádios táticos terrestres das nações parceiras.
Com cerca da metade do tamanho de uma caixa de sapatos e pesando aproximadamente 1,5 quilo, o RIC-U tem a pesada tarefa de permitir uma comunicação por rádio segura e em tempo real entre o Exército dos EUA e seus parceiros de coalizão, durante operações multinacionais. Tudo isso ao mesmo tempo em que protege o acesso à rede tática do Exército.
“A intenção de usar o RIC-U no Southern Vanguard 24 é fazer uma interoperabilidade digital entre a rede de rádio criptografada brasileira e a rede criptografada dos EUA”, disse o Major Aaron Spence, integrador de tecnologia internacional do Exército Sul dos EUA. “Quando você colocar isso em uso, sempre que os Estados Unidos falarem por meio de seu rádio tático, isso será transmitido e os brasileiros poderão ouvi-lo.”
O Maj Spence acrescentou que o RIC-U funciona nos dois sentidos. Desde que os dois exércitos estejam conectados ao dispositivo, eles podem ouvir-se mutuamente. É apenas voz, portanto nenhum dado é transferido.
Ao incorporar o RIC-U às redes de voz, ambos os parceiros podem usar seus equipamentos de comunicação de rádio nativos e suas técnicas de criptografia exclusivas e salto de frequência, para falar com o pessoal militar dos EUA.
“Temos a oportunidade de ver como o equipamento RIC-U funciona com nossos rádios”, disse o Major Ramon Oliveira, do Exército Brasileiro, instrutor do Centro de Treinamento de Guerra na Selva do Exército Brasileiro. “É muito importante para nossa operação, porque é a situação de comunicação mais rápida para comando e controle.”
Com o dispositivo incorporado à sua rede de comunicações de voz, os soldados simplesmente selecionam o rádio que estão usando e o rádio com o qual estão tentando comunicar-se por meio da interface de usuário computadorizada do dispositivo.
Uma limitação do RIC-U é a barreira do idioma. Para eliminar essa limitação, a equipe está trabalhando atualmente em um software de tradução. Esse software específico está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa do Exército dos EUA e tem sido usado pelas Forças Especiais e por alguns outros grupos militares.
“Basicamente, eles pegaram o Google Translate e disseram: ‘precisamos de uma capacidade similar, mas sem que chegue à internet, por motivos de segurança'”, explicou o Maj Spence.
O sistema está em fase beta e atualmente está sendo usado no Southern Vanguard 24 para determinar se é possível sobrepô-lo ao RIC-U. A equipe tem uma prova de conceito que planeja utilizar por um breve período durante o exercício, para mostrar como a tecnologia pode passar de um idioma a outro. O objetivo é demonstrar a capacidade da tecnologia.
“Se pudermos fazer isso, conseguiremos duas coisas”, disse o Maj Spence com otimismo. “Isso lhe dará a capacidade tática, especificamente para parceiros que não são da OTAN. Também lhe proporcionará essa capacidade de tradução de idiomas. Vemos ambas as capacidades como uma grande vantagem para o Exército dos EUA e de nossas nações parceiras.”