Através de ameaças seletivas, atividades militares e campanhas de desinformação, a Rússia está fortalecendo as ditaduras deCuba, Nicarágua e Venezuela, como um ponto de apoio geopolítico para alcançar sua expansão na região, de acordo com um relatório da plataforma Notícias de Israel, uma mídia israelense que transmite as notícias em espanhol.
“A Rússia está agindo de forma mais agressiva no hemisfério. O Kremlin e seus históricos parceiros latino-americanos estão claramente intensificando ações para criar uma maior desestabilização social e econômica”, disse à Diálogo Jorge Serrano, membro da equipe de assessores da Comissão de Inteligência do Congresso do Peru, em 15 de agosto de 2022. “Se alguém quiser atacar um inimigo, debilite seus aliados. Os governos próximos aos EUA estão onde a Rússia e esse eixo colocam maior ênfase para desestabilizá-los.”
O relatório de Notícias de Israel de 29 de julho observou que Moscou sustenta um triângulo de regimes autoritários, enquanto desmantela as democracias e promove o autoritarismo militarizado. O apoio dos regimes de Cuba, Nicarágua e Venezuela à Rússia durante a invasão da Ucrânia contribui para a instabilidade no hemisfério ocidental, afirmou.
Atividades russas
As atividades russas na América Latina incluem destacamentos de tropas. Em agosto, a Venezuela foi sede de um exercício, reunindo os exércitos da Rússia, China e Irã, em um movimento estratégico para posicionar os recursos militares destacados na América Latina e no Caribe, informou em um relatório o think tank Centro para uma Sociedade Livre e Segura, de Washington, D.C.
“Com o exercício […], a Rússia procura mostrar sua decisão de ter maior interferência, inclusive militar, na América Latina”, declarou Serrano. “Os países latino-americanos estão preocupados,porque vêem uma mensagem clara de que Moscou está apoiando as ditaduras”, afirmou.
Em junho, o regime de Daniel Ortega-Rosario Murillo da Nicarágua autorizou a entrada de tropas russas em seu território, de 1º de julho a 31 de dezembro de 2022, para participar de ajuda humanitária, exercícios militares e da luta contra o narcotráfico, informou a agência de notícias France 24.
Ameaças
Meses antes, em janeiro, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, ameaçou que a Rússia poderia enviar tropas militares para Cuba e Venezuela, se fracassassem as conversações para evitar uma guerra na Ucrânia, informou o diário mexicano El Universal. De acordo com o Real Instituto Elcano, um think tank da Espanha, Putin vem desenvolvendo há anos um conjunto de iniciativas subversivas nas sociedades abertas.
Essas iniciativas incluem o patrocínio estatal de terrorismo, ciberataques, interferência nos processos políticos e eleitorais, através de ferramentas oficiais de propaganda, como RT ou Sputnik, e programas de desinformação muito menos óbvios, entre outros.
Nicarágua
Como a Nicarágua e a Venezuela estão desesperadas por dinheiro, crédito e poder contínuo, elas estão mais dependentes da Rússia e de Cuba para assistência militar,pois incrementaram a repressão, destacou Notícias de Israel. A Rússia é um dos principais fornecedores de armas para esses regimes autoritários, indicou.
Moscou ajudou a Nicarágua a modernizar seu exército, enviando tanques de combate e sistemas de defesa aérea, e ajudou a criar uma estação de monitoramento via satélite do sistema Glonass. Em troca, a Nicarágua apoia o Kremlin em todos os seus movimentos expansionistas.
Venezuela
O Kremlin está entregando milhões de dólares à economia venezuelana, reforçando a empresa petrolífera estatal venezuelana PDVSA e diluindo o impacto das sanções dos EUA, de acordo com Notícias de Israel. Também vende ao regime autoritário de Caracas bilhões de dólares em equipamentos militares.
Na Venezuela, Moscou também está a ponto de construir uma fábrica de fuzis Kalashnikov e também abriu um centro de treinamento russo de helicópteros, acrescentou.
Cuba
Os antigos laços de amizade entre Cuba e Rússia foram fortalecidos no início de 2022, à medida que as tensões na Ucrânia aumentavam, quando ambos os países se comprometeram a explorar a colaboração nos setores de transporte, energia, indústria e bancos, disse o Ministério das Relações Exteriores de Cuba em fevereiro, segundo informou Reuters. Rússia e Cuba têm uma profunda história de colaboração econômica e militar, que remonta à década de 1960. Além disso, relata a mídia independente cubana El Toque, Moscou, China e Coréia do Norte ajudam Cuba a modernizar seu equipamento militar.
“Os Estados Unidos devem intensificar suas ações dentro dos países latino-americanos,para evitar que todos caiam em um círculo vicioso e se tornem países aliados do eixo Rússia-China. […] Não devem permitir que haja mais ditaduras em Cuba, Venezuela ou Nicarágua”, concluiu Serrano.