Um dos principais projetos do Ministério da Defesa da Colômbia, o sistema de aeronaves remotamente tripuladas (ART) Quimbaya, que utiliza 100 por cento de tecnologia militar colombiana, está próximo de concluir seus testes operacionais para iniciar missões de vigilância, controle de fronteiras e combate ao crime.
“O sistema está atualmente em sua quarta fase. Estamos terminando os testes […] de integração e operação militar com a Força Aérea Colombiana (FAC)”, disse à Diálogo o Major Omar Salas, da FAC, gerente do projeto ART Quimbaya. “Esperamos que no segundo semestre [de 2022] façamos testes em laboratórios e no sistema. No final do ano, teríamos o sistema operacional com certificação aeronáutica”, declarou. Em 2021, realizaram testes de voo com resultados satisfatórios.
O sistema de ART, desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em conjunto com a FAC e a Corporação da Indústria Aeronáutica Colombiana (CIAC), toma seu nome de uma etnia pré-colombiana conhecida por sua produção de peças de ouro de alta qualidade e beleza, de acordo com a FAC.
A instituição aérea explicou que o Quimbaya terá impacto nas missões de inteligência militar, reconhecimento de zonas, vigilância de fronteiras, controle rodoviário e marítimo, na luta contra ameaças transnacionais, narcotráfico e mineração ilegal. Também realizará vigilância e reconhecimento da infraestrutura crucial do país, mapeamento cartográfico e levantamento de imagens aéreas.
“Estamos trabalhando neste projeto há quase sete anos, e agora o vemos operacional e praticamente […] concluído”, afirmou o Maj. Salas. “Esta tecnologia militar em aviação coloca a Colômbia na vanguarda junto com o México e o Brasil, com a capacidade de gerar tecnologia militar de orientação e controle.”
Características
O sistema tem duas aeronaves, uma estação de controle com normas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e antenas de comunicação. Cada aeronave é composta por dois sensores e duas câmeras para operações diurnas, noturnas e de navegação automática. Além disso, ele tem a capacidade de ser configurável, acrescentou o Maj. Salas.
Esse drone de asa fixa tem uma autonomia de mais de 8 horas de vôo e atinge até 100 km/hr, com um peso de 70 quilos. Tem 4,5 metros de comprimento e 5 m de envergadura, indica a CIAC.
“O Quimbaya vai nos permitir ter visibilidade, vigilância e reconhecimento nessas áreas [cruciais onde operam grupos ilegais] a custos mais baixos do que temos atualmente”, disse o Maj. Salas.
Modelos colombianos
Da mesma forma, a Colômbia tem trabalhado no projeto e desenvolvimento de outros tipos de aeronaves não tripuladas, com base nas experiências operacionais das forças armadas, para uso tanto no setor de segurança, como no civil e comercial, disse a revista argentina Pucará Defensa.
Um deles é o drone Coelum, que é portátil e fácil de transportar, pesa 5 kg e tem uma autonomia de 60 a 90 minutos e um alcance de 15 km, com a possibilidade de estendê-lo, e pode identificar situações ao redor da tropa que não são reconhecíveis a olho nu, acrescentou.
Segundo o jornal colombiano El Tiempo, as forças militares colombianas já contavam com outros drones, como o Hermes 450 e o Hermes 900, fabricados em Israel, bem como o Boeing Insitu ScanEagle dos EUA para patrulhar e localizar alvos de alto valor.
Longo prazo
Uma vez concluída a fase de testes funcionais, a FAC será o primeiro operador do Quimbaya. A Polícia Nacional planeja usá-lo para a vigilância de fronteiras e estradas. A Marinha Nacional vai usá-lo além da costa, para monitorar o Caribe e o Pacífico, disse o Maj. Salas.
“A longo prazo, com as capacidades que temos, já está sendo avaliado e validado um possível desenvolvimento de um sistema estratégico, uma aeronave muito maior [tipo Hermes 900] que tenha capacidade e links de satélite, o que nos permitiria voar por toda a Colômbia conectados por satélite”, concluiu o Maj. Salas.