Mais de 228.000 armas e munições da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e do Corpo de Polícia Nacional poderiam estar nas mãos de grupos terroristas colombianos em território venezuelano e dos chamados grupos “armados ilegais coletivos”, que são paramilitares que defendem o regime de Nicolás Maduro.
A denúncia foi feita por Javier Tarazona, diretor da organização não-governamental Fundação Redes, que entregou ao Ministério Público venezuelano, no dia 23 de abril, uma lista das armas e munições que faltavam, incluindo o tipo de armas e seus números de série. “Oficiais de alta patente da FANB garantiram à Fundação Redes que depois de receber ordens superiores forneceram armamentos a grupos irregulares, especialmente à guerrilha colombiana do Exército de Libertação Nacional (ELN)”, disse Tarazona à Diálogo.
As armas desaparecidas são, em sua maioria, de fabricação russa. “Apesar do embargo que sofre da comunidade internacional, o regime [de Maduro] adquiriu mais armas do que as que estão registradas”, garantiu à Diálogo Jorge Serrano, professor do Centro de Altos Estudos Nacionais do Peru.
Grupos armados ilegais coletivos, paramilitares e narcotráfico
Esse é um tema preocupante em um país que registra uma média de 25.000 mortes violentas por ano, uma cifra de guerra quando não há guerra, acrescentou Tarazona.Grande parte das armas foram transferidas aos grupos “armados ilegais coletivos” e grupos parapoliciais de defesa do regime de Maduro. As armas também chegam às mãos do Cartel de los Soles, dedicado ao narcotráfico, e dos prisioneiros que o regime tira das prisões para dispersar as manifestações da oposição, disse Serrano.
“Os civis armados tentam subjugar e gerar medo entre os cidadãos, apenas pelo fato de exigirem seus direitos de protestar no país”, disse à imprensa o presidente interino da Venezuela Juan Guaidó. “Tudo isso é um fato a mais para que se considere o governo de Maduro uma ameaça, não apenas para a Venezuela, mas também para toda a região, porque os grupos armados irregularmente se mobilizam em toda a América do Sul. Maduro deixou claro que não poupará mais esforços para permanecer no poder”, finalizou Serrano.