Lima sediou a Conferência da Iniciativa de Direitos Humanos, de 13 a 15 de junho, organizada pelo Centro de Direito Internacional Humanitário e Direitos Humanos das Forças Armadas do Peru, com o patrocínio do Escritório de Direitos Humanos do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) e do Centro de Estudos, Capacitação e Análise de Direitos Humanos (CECADH).
Participaram do evento líderes militares e especialistas em direitos humanos da Colômbia, Equador, Estados Unidos, Peru e República Dominicana. Entre os objetivos do evento, destacou-se o intercâmbio de lições aprendidas e melhores práticas, tanto na participação de mulheres nas forças armadas, como nas questões de segurança e direitos humanos.
“As forças armadas da região estão gerando diretrizes orientadas ao enfoque de gênero”, disse à Diálogo a Capitão de Mar e Guerra Liliana Flores Bolívar, da Marinha da Colômbia, titular da subchefia do Estado-Maior Jurídico Institucional das Forças Militares da Colômbia, em 15 de junho. “Estamos construindo políticas públicas e agora as mulheres participamos ativamente da reconstrução desse tecido social. A experiência e o apoio do Comando Sul dos EUA nos permitem dialogar entre os países e conhecer essas boas práticas.”
A CMG Flores, que também foi a moderadora do painel de discussão A importância da integração de gênero nas Forças Armadas, considerou que no Peru pode-se destacar uma série de ações positivas e estratégias que permitem que as mulheres se posicionem em cargos de liderança. “Isso nos gera muito otimismo, porque há muitas mulheres comprometidas com essas práticas”, indicou.
O mais importante da presença de mulheres nas forças armadas é a geração de segurança e a percepção de segurança entre a população. “Nós temos essa sensação de confiança e isso ajuda a fortalecer a interlocução entre a população civil e as forças militares”, disse a CMG Flores.
Como exemplo, ela destacou uma série de avanços em seu país, a Colômbia, devido ao aumento da participação feminina nas carreiras das armas, como a criação de escritórios de gênero, bem-estar e família nas forças armadas e policiais.
“Temos escritórios que salvaguardam a boa convivência, promovem a integração de gênero e mantêm o respeito à diversidade e ao multiculturalismo, com uma abordagem étnica e territorial”, ressaltou.
Segurança e direitos humanos
Outro dos aspectos destacados durante a conferência foi a necessidade de oferecer segurança e salvaguardar o cumprimento dos direitos humanos dos cidadãos.
Nesse sentido, conversou com Diálogo o General de Brigada (R) Juan Carlos Gómez Ramírez, do Exército da Colômbia, professor visitante do Centro William J. Perry para Estudos Hemisféricos e de Defesa, que moderou o painel Desafios em matéria de segurança e direitos humanos.
De acordo com o Gen Bda Gómez, os desafios de segurança e direitos humanos ocorrem de maneira integral, devido a uma série de problemas presentes na América Latina, como o deslocamento da população, os níveis de criminalidade, os desastres naturais e os protestos sociais.
“Em todos esses casos, a segurança é um bem fundamental. Sem ela, a possibilidade de exercer livremente seus direitos é limitada”, acrescentou. “A tarefa das forças militares e policiais é precisamente garantir a tranquilidade dos cidadãos diante de tais tipos de eventos.”
“Nos casos em que os protestos pacíficos se tornam violentos e as autoridades precisam intervir, devemos nos aproximar do círculo virtuoso da doutrina, ou seja, educar-se, treinar, ir para as operações, obter lições aprendidas e sancionar as faltas e/ou os excessos”, disse o Gen Bda Gómez. “A capacidade dissuasiva e preventiva das forças armadas deve contribuir para reduzir os níveis de violência em situações de protesto social; a capacidade de diálogo com os manifestantes, as regras de enfrentamento e o planejamento frente a esse tipo de evento são importantes.”
Durante a Conferência, o ministro da Defesa do Peru, Jorge Luis Chávez Cresta, observou que esse tipo de encontros fortalece a iniciativa de direitos humanos dentro das forças militares e permite que os países das Américas se integrem na promoção dos direitos humanos.