Mais de 100 incursões, 30 mandados de prisão e US$ 100 milhões confiscados em bens; esse é o resultado até o final de março da A Ultranza PY, a maior operação contra o crime organizado e a lavagem de dinheiro da história do Paraguai.
A operação, lançada em 22 de fevereiro de 2022, é realizada pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai, em coordenação com a Administração para o Controle de Drogas dos EUA, a Agência da União Europeia para a Cooperação Policial e a Direção Geral para a Repressão ao Tráfico ilícito de Drogas da Polícia do Uruguai.
“Aponta-se para um amplo esquema criminoso dedicado ao tráfico de toneladas de cocaína da América do Sul para portos da Europa e África”, informou a SENAD em um comunicado.
“Tenho a certeza de que esta é a maior operação que foi realizada até agora, por causa dos resultados e de todas as apreensões que estão sendo feitas”, afirmou a ministra da SENAD, Zully Rolón, ao site 1000 Noticias do Paraguai. Rolón ressaltou que a organização sob investigação é “enorme”, com pessoas responsáveis por transporte, estocagem, preparação e distribuição de drogas provenientes da Bolívia e da Colômbia, incluindo pilotos e empresários que estavam envolvidos no comércio internacional.

“Vai permanecer na história e como um tema didático de como aprender com o sistema e o circuito do narcotráfico e da lavagem de dinheiro”, disse Rolón à Rádio 780 do Paraguai.
Segundo a SENAD, a organização criminosa investigada está vinculada a cerca de 21 toneladas de cocaína apreendidas ao longo de dois anos em Antuérpia (Bélgica), Roterdã (Holanda), Paraguai e Uruguai.
As autoridades paraguaias disseram que a organização criminosa tinha um sofisticado sistema de transporte de cocaína da Bolívia para o Paraguai, depois para a Argentina e o Uruguai, para ser enviado à Europa.
Incursões
“Em quase todos os procedimentos, encontramos casas, apartamentos, edifícios, relativamente novos, que não excedem três anos”, disse Francisco Ayala, diretor de Comunicação da SENAD, ao canal SNT do Paraguai. “Isso determina de alguma forma o boom operacional que a organização estava tendo, que estava investindo muito em novas construções”, afirmou Ayala.
Em 15 de março, por exemplo, agentes fizeram uma incursão em uma casa na cidade de Mariano Roque Alonso, departamento Central, onde o piloto Diego José Cubas Jordan foi preso. “Essa pessoa é acusada de ser um elemento-chave da organização criminosa que realizava voos ilícitos de tráfico de drogas”, informou o jornal Hoy do Paraguai.
Em 7 de março, na cidade de Emboscada, departamento de Cordillera, os agentes fizeram uma incursão em um posto de atendimento ligado a uma das empresas que fariam parte do clã supostamente chefiado por Miguel Ángel Insfrán Galeano. No mesmo dia, foi feita uma incursão em uma propriedade de cerca de 200 hectares, no departamento de Cordilheira.
“De acordo com os dados coletados, [a propriedade] era uma espécie de centro logístico para o tráfego aéreo, já que tinha uma pista clandestina e um hangar, ambos em excelente estado”, disse Ayala em declarações ao site El Poder do Paraguai.
Em meados de março, os oficiais realizaram 112 procedimentos em diferentes partes do país, prendendo 12 pessoas. Os militares também apreenderam 85 imóveis, 12 aviões de pequeno porte, um helicóptero, 33 veículos de luxo, 41 tratores, 48 motocicletas, 30 caminhões, nove máquinas agrícolas e 5.400 cabeças de gado, segundo a SENAD.