A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai realizou uma operação na qual destruiu mais de 16 toneladas de maconha na área de Bella Vista Norte, departamento de Amambay. A descoberta da droga ocorreu em um estabelecimento rural de aproximadamente 5 hectares que abrigava vários narco-campos com plantações de maconha, onde também foi encontrada 1,5 tonelada da droga no processo de secagem.
Os campos improvisados e as drogas foram destruídos juntamente com os insumos e o apoio logístico de produção utilizados no processo, informou o diário digital paraguaio ABC Color, em 17 de junho.
Reforçando a luta
Atualmente, o Escritório Regional de Bella Vista Norte da SENAD está adquirindo maior presença operacional nos departamentos de Concepción e Amambay, o que ao mesmo tempo representa outro apoio às demais forças estabelecidas no nordeste do país e na fronteira com o Brasil. Esses departamentos contêm a maior quantidade de plantações de maconha no Paraguai, que é também o maior produtor do alcaloide na América do Sul, segundo o diário espanhol ABC.
A cannabis produzida em Amambay tem níveis marcadamente altos de concentração de THC, o ingrediente psicoativo da cannabis, razão pela qual os grupos criminosos podem vender essa droga a um preço superior ao da cannabis proveniente de outras partes do país, explica InSight Crime, uma organização dedicada ao estudo do crime organizado na América Latina e no Caribe. “Em resumo, o mercado é massivo, avaliado em centenas de milhões de dólares”, relata.
Apreensões recordes
Amambay está no centro das tendências mais preocupantes do crime organizado do Paraguai: o tráfico de cocaína, a produção de maconha e o surgimento de grupos criminosos violentos. “É o ponto zero para a expansão das quadrilhas brasileiras no Paraguai, em particular o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho, que se enraizaram em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado”, adverte InSight Crime.
No final de maio, as forças paraguaias e brasileiras completaram a última fase da Operação Nova Aliança, que visa destruir cultivos ilícitos, campos de drogas, laboratórios e centros de armazenamento nas regiões fronteiriças.
“A operação chamada Nova Aliança XXXII foi realizada durante 11 dias em Amambay, em cooperação com o Brasil, e culminou em 28 de maio com a destruição de 836 toneladas de maconha, bem como 103 campos de cultivo e processamento”, informou o diário paraguaio La Nación. Essa foi uma das maiores apreensões na história do Paraguai e atesta o problema das drogas nessa região.
O Paraguai e os Estados Unidos também têm uma longa história de cooperação para enfrentar o narcotráfico e o crime organizado. Em 10 de maio, por exemplo, altos militares dos EUA, incluindo o General de Exército Richard D. Clarke, do Exército dos EUA, comandante do Comando de Operações Especiais, e o Contra-Almirante Keith Davids, da Marinha dos EUA, então comandante do Comando de Operações Especiais Sul (no dia 6 de julho, o C Alte Davids passou o bastão ao Contra-Almirante Peter Huntley, do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA), visitaram Assunção com o objetivo de melhorar as parcerias e promover a cooperação contínua em segurança regional, declarou a Embaixada dos EUA no Paraguai, em um comunicado.
“O Paraguai continua sendo um parceiro forte e valioso para os Estados Unidos, especialmente no que diz respeito à cooperação em matéria de segurança”, disse Marc Ostfield, embaixador dos EUA, em Assunção. “A visita do Gen Ex Clarke ressalta o compromisso do governo do nosso país com a cooperação em matéria de segurança nesta região e nossos interesses mútuos na luta contra o crime transnacional e no aprimoramento da segurança.”
“O Paraguai é um grande amigo e compartilhamos muitas das mesmas preocupações de segurança, incluindo o contraterrorismo e o combate às organizações criminosas transnacionais […]. Trabalhar em conjunto com nossos parceiros paraguaios fortalece e edifica sobre a já forte relação em benefício de ambos os países”, ressaltou por sua vez o Gen Ex Clarke.