Tráfico de drogas, de pessoas, armas e divisas são alguns dos crimes cometidos por meio do tráfico aéreo ilegal que afeta todas as nações. Para conhecer as formas para lidar com esse tipo de tráfico e os mecanismos para trabalhar de forma mais oportuna, eficaz e contundente, foi realizado na Colômbia o primeiro seminário internacional para analisar a Convergência de Ameaças Hemisféricas no Tráfico Aéreo Ilegal.
O evento, organizado pelas Forças Militares da Colômbia, com base em sua experiência na luta contra o narcotráfico, reuniu aproximadamente 120 especialistas militares das forças aéreas do Brasil, Chile, Equador, Espanha, Estados Unidos, Peru, Portugal e Reino Unido, bem como de organizações internacionais, como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a Associação Mundial de Alfândegas, com seu Projeto Beija-Flor.
Dentro da agenda de setembro, foram analisados temas como a evolução do narcotráfico na Colômbia, seu impacto no domínio aéreo, a importância da Estratégia Zeus na interdição marítima e aérea, liderada pela Força Aeroespacial Colombiana (FAC) e pela Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul (JIATF-Sul) do Comando Sul dos EUA, bem como uma compreensão geral da dinâmica das ameaças à segurança cooperativa no hemisfério, com ênfase especial no domínio aéreo, entre outros, disse a FAC.
“É importante reconhecer que o narcotráfico e o uso ilícito da infraestrutura aeronáutica continuam a ser um fenômeno atual na região, ameaçando o exercício dos direitos, a institucionalidade, a democracia, o meio ambiente e os cidadãos em geral”, disse à Diálogo o Brigadeiro Juan Jaime Martínez Ossa, chefe de Inteligência Aérea Espacial e do Ciberespaço da FAC. “Sua abordagem, estudo e projeção, em espaços como esse, nos permitem aprofundar perspectivas múltiplas e holísticas que promovem soluções, linhas de esforço e operações de natureza multilateral, para antecipar, controlar e enfraquecê-lo.”
“Esse tipo de reunião para o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime [UNODC] é extremamente importante, porque cria sinergias com outras agências, tanto locais quanto internacionais, e cria mesas de trabalho, cria novas iniciativas, cria novas ideias e fortalece os laços que já existem e fortalece os laços para a luta contra o crime internacional”, disse à imprensa Sergio Naranjo, coordenador de programas de controle de passageiros de carga do UNODC na América Latina. “Definitivamente, esses tipos de reuniões são mais do que recomendáveis e, como eu disse, contribuem para a sinergia entre países e com organizações internacionais como as Nações Unidas.”
Entre as conclusões do seminário, estavam, entre outros, os resultados do convênio Air Bridge Denial, assinado entre os governos da Colômbia e dos EUA, que comemorou seu vigésimo aniversário no final de outubro. Esse acordo, que foi criado para negar o espaço aéreo a aeronaves ilegais que violam a soberania da Colômbia e da região do Caribe, é considerado o mais bem-sucedido em todo o mundo na luta contra o narcotráfico por via aérea. O acordo conseguiu uma redução de cerca de 99 por cento do uso ilegal do espaço aéreo nacional e serviu para fornecer assistência técnica às aeronaves e treinamento às tripulações da FAC.
O esforço combinado dos governos da Colômbia e dos EUA, bem como o trabalho dos membros da FAC e da JIATF-Sul, permite que a Colômbia tenha um espaço aéreo seguro e protegido e uma forte soberania sobre seu espaço aéreo, afirmou a FAC.
“O objetivo é alavancar as capacidades de todos os domínios para atacar, detectar e monitorar o tráfico ilícito de drogas nos domínios aéreo e marítimo, dentro da Área de Operações Conjuntas, facilitando a interdição e a apreensão para reduzir o fluxo de drogas e degradar e desmantelar as organizações criminosas transnacionais”, explicou o Brig Martínez.
As experiências compartilhadas entre os países convidados também permitem o fortalecimento das capacidades das forças aéreas participantes no fornecimento de estratégias contra o narcotráfico, disse o Brig Martínez. O evento destacou a importância da interoperabilidade, um pilar fundamental em qualquer estratégia para aplicar de forma eficaz, eficiente e efetiva as capacidades legítimas e legais do Estado, integrando as capacidades das forças e agências no interior do país.
“E, posteriormente, integrar essas capacidades nacionais, por meio de um modelo de cooperação internacional, para complementar o esforço com as forças e agências dos Estados que se tornam parceiros regionais, com o objetivo de enfraquecer as economias criminosas e o crime organizado transnacional”, concluiu o Brig Martínez.