Vigilância, busca e resgate no mar são tarefas diárias da Guarda Costeira do Haiti. O Comissário de Polícia do Haiti Joseph Jean-Mary Wagnac, diretor da Guarda Costeira, mantém-se ocupado com a proteção dos 1.535 quilômetros de costa da ilha, combatendo o tráfico de drogas, o contrabando, a travessia de pessoas indocumentadas e outras atividades marítimas ilegais e transnacionais.
O Comissário Wagnac participou do 5º Conselho Regional Caribenho de Operações de Informações (CRIOC, em inglês) em Kingston, Jamaica, de 26 a 29 de março de 2018. Ele foi um dos representantes caribenhos que participou do evento para fomentar a colaboração regional, fortalecer relações, aumentar as capacidades das Operações de Informações (OI) para combater as ameaças comuns que afetam a região e apoiar as operações coordenadas de ajuda em casos de furacão. O Comissário Wagnac conversou com Diálogo sobre sua participação no CRIOC, nas OI e sobre os desafios regionais de segurança, entre outros temas.
Diálogo: Qual é a importância da participação do Haiti no 5º CRIOC na Jamaica?
Comissário de Polícia do Haiti Joseph Jean-Mary Wagnac, diretor da Guarda Costeira: As Operações de Informações são muito importantes para a Guarda Costeira. Eu não pude participar no ano passado, mas estou muito feliz de estar aqui agora.
Diálogo: O que o Haiti espera alcançar com sua participação neste evento?
Comissário Wagnac: O compartilhamento de informações entre as nações parceiras é muito importante para nossas operações. Na maior parte do tempo, nós obtemos informações relevantes das nações parceiras. Se compartilharmos informações, nosso trabalho se torna mais fácil. Queremos continuar a compartilhar informações em tempo real.
Diálogo: Quais são os desafios de segurança mais importantes para o Haiti?
Comissário Wagnac: Temos muitos desafios porque temos uma costa extensa e não temos capacidade suficiente para realizar o trabalho. Combater o tráfico de drogas, a imigração ilegal e o contrabando são os desafios de segurança mais importantes que enfrentamos hoje. Embora só tenhamos alguns barcos e nossa capacidade seja mínima, nós patrulhamos todo dia e fazemos o melhor que podemos. Estamos capturando muitas pessoas e lutando contra o tráfico e as mercadorias ilegais.
Diálogo: O terrorismo é uma importante preocupação de segurança para o Haiti?
Comissário Wagnac: Não. Até agora não tivemos esse tipo de ameaça de segurança, mas precisamos estar preparados.
Diálogo: Por que a colaboração, a parceria e o intercâmbio entre as nações parceiras, inclusive os Estados Unidos, é tão importante para alcançar critérios comuns de OI e combater o crime organizado transnacional?
Comissário Wagnac: Se não tivermos o pessoal para ajudar, não poderemos realizar o trabalho. É importante ter boas relações e comunicação com nossos parceiros fora do país. Se eu rastrear e seguir um barco, mantiver a informação e não a compartilhar com os países vizinhos, os criminosos irão fazer o que quiserem no mar. Se compartilharmos informações, eu posso contatar meus parceiros e informá-los sobre a ameaça.
Temos uma colaboração especial com a Guarda Costeira dos EUA, a Guarda Costeira das Bahamas e a Guarda Costeira da Jamaica, entre outras regiões, e compartilhamos informações até por WhatsApp, e-mail, etc. Nossa relação com os EUA é contínua. Tenho um representante do Distrito 7 da Guarda Costeira dos EUA destacado no Haiti, que está em contato comigo as 24 horas do dia, os 7 dias da semana. Nós compartilhamos informações e treinamento. Temos pelo menos de 20 a 30 pessoas em treinamento todos os anos em diferentes instituições nos Estados Unidos para ajudar nossa equipe a adquirir novas capacidades. No passado, trabalhamos muito com a Colômbia também. Estamos abertos para trabalhar com países da região que lutam contra o crime organizado transnacional.
Diálogo: Por que é importante para as Forças Armadas criar relações fortes e responder conjuntamente aos desastres naturais?
Comissário Wagnac: Os desastres naturais são um tema importante para nós, já que nosso país é afetado por eles permanentemente. O trabalho em conjunto das nações parceiras nos ajuda a preparar-nos e nos apoia na ocorrência de desastres naturais.
Diálogo: As OI são um tema novo para a Guarda Costeira do Haiti?
Comissário Wagnac: Isto não é novidade. Porém, essa é a nossa primeira participação no CRIOC. É muito melhor que o CRIOC nos ajude a compreender como podemos compartilhar informações e solucionar problemas juntos. Informação é poder e o CRIOC está conectando países na região para trabalharmos juntos em termos de compartilhamento e campanhas de informações.
Diálogo: Qual é o progresso da Guarda Costeira do Haiti em relação à integração de gênero?
Comissário Wagnac: Somo uma guarda costeira pequena, temos um pouco mais de 200 pessoas. Aproximadamente 13 por cento do nosso pessoal é composto por mulheres e elas realizam uma variedade de trabalhos, tais como mecânica e muitas outras tarefas de apoio.
Diálogo: Que mensagem o senhor quer enviar a cada um dos países participantes do evento de 2018?
Comissário Wagnac: Temos que formar uma equipe para fazer o melhor trabalho para a segurança da nossa região. Precisamos trabalhar cada vez mais juntos e estar preparados para ajudar uns aos outros, e o intercâmbio de informações desempenha um papel fundamental nesse processo. Compartilhar informações é a comunicação mais importante se quisermos que o trabalho seja bem feito.