Militares e civis de 14 nações parceiras da América Latina e do Caribe se reuniram no workshop “Implicações estratégicas e políticas da Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas: Mulheres, Paz e Segurança”, em Washington, D.C., em 12 de abril de 2023. O workshop foi organizado pelo Centro William J. Perry de Estudos Hemisféricos de Defesa e pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM).
“É interessante analisar como os líderes na atualidade querem implementar a iniciativa WPS [Mulheres, Paz e Segurança] em seu plano nacional e como eles contemplam a importância de envolver as mulheres em seu processo de decisão”, disse a Capitã de Corveta Alexa Pereya, da Marinha de Guerra do Peru, uma das 63 participantes do evento. “Esse workshop me incentiva a aprender com outras nações e ver o quanto elas estão avançadas em relação ao meu país em termos de ter um plano nacional que inclua a agenda WPS.”
“A WPS é uma estrutura muito valiosa para ser aplicada em diferentes perspectivas, tanto na esfera civil quanto na de defesa e segurança”, disse a Major Paola Rios Hernández, do Exército do México, recém-formada pelo Colégio Interamericano de Defesa. “Esse workshop nos permite ajudar a obter elementos para a implementação de ações do nosso Plano de Ação Nacional e ações concretas em nível institucional.”
A Dra. Fabiana Perera liderou o evento acadêmico, que fez parte de um fórum de três dias focado na criação de políticas para maximizar a participação significativa das mulheres em atividades de segurança e defesa, que precedeu a inclusão dos cursos “Combatendo Redes de Ameaças Transnacionais” e “Implicações Estratégicas de Direitos Humanos e Estado de Direito”, de 2023, do Centro Perry.
A agenda
O workshop abordou questões que vão desde as origens da WPS, planos de ação nacionais, perspectivas e análises de gênero, obstáculos para uma participação significativa e como integrar a WPS nas missões militares. Este ano, mais da metade dos participantes eram homens, o que ilustra a premissa de que a WPS não é uma questão exclusiva das mulheres, mas que diz respeito a todos.
“As experiências compartilhadas pelos oficiais que fazem parte das forças armadas foram fundamentais, porque nos ajudaram a aprender com suas experiências e melhorar os processos de inclusão que temos em cada força armada”, disse a Tenente-Coronel Adriana Ramírez, do Exército Equatoriano.
Entre os oradores convidados, estavam Michelle Struke, vice-secretária adjunta de Defesa para Parcerias Globais, do Departamento de Defesa dos EUA; o Vice-Almirante Alexandre Rabello, da Marinha do Brasil, presidente do Conselho de Delegados da Junta Interamericana de Defesa; a General de Brigada Isabel Smith, do Exército dos EUA, diretora do Estado-Maior Conjunto da Guarda Nacional do Estado de Nova York; e representantes do Departamento de Defesa dos EUA, do Departamento de Estado dos EUA e parceiros do Brasil, Canadá, Peru, Espanha, Uruguai, de Mulheres em Segurança Internacional e da Universidade de Georgetown.
A Dra. Fanny Villalba de Caballero, membro da comissão de teses de doutorado do Instituto de Estudos Estratégicos Avançados do Paraguai, disse que sua organização está muito interessada em fortalecer seu currículo acadêmico para incorporar a perspectiva de gênero. “No Paraguai, assim como nos países dos colegas com quem compartilhamos esse evento, a perspectiva de gênero continua sendo uma questão que, embora não seja nova, ainda enfrenta alguma resistência no campo militar.”
O Capitão de Fragata Gerardo José Alarcón Torres, da Prefeitura Naval Argentina, chefe do Departamento de Narcotráfico, ficou absorvido com a discussão sobre as mulheres na liderança. “A força que eu represento é relativamente nova e a incorporação de mulheres que estão atualmente assumindo o papel de liderança é muito importante, por isso estou interessado em saber como incorporá-las a esse papel.”
O workshop combinou apresentações de especialistas com atividades práticas para permitir que os participantes demonstrassem sua confiança na aplicação dos conhecimentos recém-adquiridos em questões de defesa e segurança.
Luis Fernando Niño López, professor de pesquisa da Universidade Simón Bolivar, da Colômbia, concluiu: “Para mim, foi pessoalmente muito importante, porque esclareceu os conceitos e, acima de tudo, me ajudou a consolidar a rede de contatos, o relacionamento que tínhamos com nossos colegas, porque agora podemos falar facilmente de uma rede de trabalho na América Latina. Agora cabe ao Centro Perry e ao restante dos organizadores fazer o acompanhamento com os países que estiveram aqui.”