Duas unidades de combate e um total de 570 marinheiros peruanos fazem parte da representação da Marinha de Guerra do Peru na versão LXIV do UNITAS, em Cartagena, Colômbia, de 11 a 21 de julho de 2023.
O Capitão de Mar e Guerra Christian Ponce, comandante do B.A.P. Pisco da Marinha de Guerra do Peru, conversou com Diálogo sobre a participação de seu país no UNITAS.
Diálogo: Qual é a importância para a Marinha de Guerra do Peru de participar do UNITAS LXIV em Cartagena, Colômbia?
Capitão de Mar e Guerra Christian Ponce, comandante do B.A.P. Pisco da Marinha de Guerra do Peru: O Exercício Multinacional UNITAS é o exercício naval mais antigo do mundo e, nesta ocasião especial, está sendo realizado na Colômbia, para comemorar o bicentenário naval de sua Marinha Nacional. É um exercício naval importante, porque permitirá incrementar a interoperabilidade multilateral, a interação dos países participantes, a melhoria do treinamento do pessoal naval nos níveis tático e operacional das diversas áreas da guerra naval, bem como verificar a prontidão dos sistemas e equipamentos dos meios navais designados. Com sua execução, será possível integrar uma Força Multinacional treinada para enfrentar com eficácia as ameaças comuns na região, fortalecendo assim os laços de amizade e confiança mútua entre as marinhas dos países participantes.
Diálogo: Por que o B.A.P. Pisco foi escolhido para participar do UNITAS? Quais são suas capacidades?
CMG Ponce: O B.A.P. Pisco é um navio multipropósito da Marinha de Guerra do Peru, que foi construído inteiramente em nosso país, pelo estaleiro do Serviço Industrial da Marinha, em sua sede em Callao, tendo sido recebido em 2018. É um navio do tipo LPD (plataforma de pouso), unidade naval anfíbia de superfície em que nossa Marinha incrementou suas capacidades iniciais, tendo atualmente capacidade para realizar operações anfíbias, operações aéreas navais, operações de interdição marítima, transporte logístico estratégico, operações de busca e resgate, operações de ajuda humanitária em desastres naturais e de comando e controle da frota. Com base nessas capacidades, foi designado para participar do UNITAS durante os exercícios programados e, com sua capacidade de comando e controle, por meio do Centro de Comando da Frota a bordo, foi escolhido para que o comandante do Grupo de Tarefa 138.20 embarque e lidere com um grande número de oficiais de diversas marinhas que integrarão sua equipe multinacional, tornando nossa unidade de combate a nau capitânia do UNITAS LXIV.
Diálogo: Que destacamento realizou a Marinha de Guerra do Peru para participar do UNITAS?
CMG Ponce: A Marinha de Guerra do Peru participou com oficiais representantes em todas as reuniões de planejamento anteriores. Atualmente, ela destacou 570 marinheiros peruanos a bordo do Navio Multipropósito B.A.P. Pisco e da Fragata de Mísseis B.A.P. Aguirre. É importante mencionar que a bordo do B.A.P. Pisco está parte da Brigada Anfíbia de Fuzileiros Navais, que realizará operações anfíbias programadas, com oito veículos anfíbios do tipo LAV (veículo blindado leve) e o uso de dois barcos do tipo LCU (utilitário de embarcação de pouso) do navio e outros barcos rápidos.
Diálogo: Como o UNITAS incrementa os níveis de interoperabilidade da Marinha de Guerra do Peru?
CMG Ponce: Os exercícios realizados com a Força Multinacional treinam as marinhas nas diferentes áreas da Guerra Naval, como guerra de superfície, guerra antiaérea, guerra anfíbia, guerra antissubmarina, guerra eletrônica, guerra cibernética, comando e controle e operações de interdição marítima, em cenários com ameaças comuns à região. Sua execução permite que as marinhas padronizem seus procedimentos, conheçam as características operacionais dos meios participantes e se familiarizem com essas operações.
Diálogo: O UNITAS LXIV reúne mais de quinze países da região. Qual é a importância dessa integração para as marinhas da região?
CMG Ponce: O sucesso de uma Força Multinacional está em cumprir a missão com o melhor desempenho de todos os meios e pessoal designados. Por isso, é importante que cada vez mais marinhas participem dos exercícios UNITAS, para que, por meio do treinamento e da interação, seja alcançada a integração de uma Força Multinacional treinada e pronta para agir. O importante número de marinhas que participam desse exercício UNITAS LXIV permite conhecer os recursos disponíveis, unificar e atualizar os procedimentos operacionais e testar novas tecnologias, eliminando as lacunas que possam existir devido às diferenças de idiomas, navios e sistemas, doutrinas e procedimentos, entre outras particularidades.
Diálogo: Qual é o valor agregado de participar do UNITAS, o exercício naval de mais continuidade realizado pela Marinha dos EUA com os países da região?
CMG Ponce: O valor agregado em nosso caso é demonstrar, ao participar com navios de guerra e pessoal naval no UNITAS, o nível de comprometimento da Marinha de Guerra do Peru como aliada da Marinha dos EUA, bem como preparar-se de forma combinada para a defesa continental comum diante de qualquer ameaça.
Diálogo: A Marinha de Guerra do Peru participou de várias versões do UNITAS e foi anfitriã do evento. Quais são as lições aprendidas com essa participação?
CMG Ponce: Como conhecedores do sistema internacional, acreditamos que a melhor maneira de enfrentar as ameaças comuns será sempre com a cooperação de todos os envolvidos. As principais lições aprendidas são: em primeiro lugar, é uma oportunidade extraordinária para fortalecer os laços de cooperação e confiança mútua com as marinhas dos países participantes; em segundo lugar, a interoperabilidade alcançada atualiza os fuzileiros navais nas operações combinadas, em termos de procedimentos, tecnologia, doutrina e uso de meios, consolidando, assim, uma Força Multinacional treinada e pronta para agir quando for requerida; e, em terceiro lugar, está o aspecto humano, pois a interação entre os fuzileiros navais de diferentes países permite que eles se conheçam e estabeleçam laços profissionais, para melhorar o nível de coordenação, compreensão e cooperação em um âmbito geracional positivo.
Diálogo: Como o UNITAS fortaleceu as operações navais do Peru para combater as ameaças no mar, especialmente na luta contra o narcotráfico?
CMG Ponce: Durante o Exercício Multinacional UNITAS LXIV-2023, serão realizadas operações de interdição marítima, o que permitirá que nossas tropas treinem e elevem seu grau de prontidão, para enfrentar situações reais contra o tráfico ilícito de drogas. Nesses tipos de exercícios, são realizados procedimentos, intercâmbio de experiências, técnicas e emprego de novas tecnologias, com o objetivo de dar uma resposta cada vez mais eficaz às mudanças nas modalidades do narcotráfico no âmbito marítimo regional.