Centenas de barcos de bandeira chinesa têm se aproximado da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) das Ilhas Galápagos, alarmando o governo equatoriano e as organizações internacionais de preservação marinha.
Segundo o site de notícias ambientais dos EUA Mongabay, entre o final de junho e o início de julho de 2021, mais de 100 barcos de bandeira chinesa cruzaram do Atlântico para o Pacífico, para se juntar a uma extensa frota que já estava pescando na área. “Eles estão se movimentando do oeste para o leste em direção às Ilhas Galápagos, o que significa que nas próximas semanas já estarão à beira da ZEE do arquipélago”, disse ao Mongabay Milko Schvartman, especialista em conservação marinha da organização argentina Círculo de Políticas Ambientais e ex-coordenador das campanhas internacionais da Greenpeace.
Em meados de julho, os barcos estavam a cerca de 400 milhas da ZEE de Galápagos, informou a Marinha do Equador, motivo que levou a instituição naval a implementar uma operação de vigilância e controle.
“Unidades de superfície e aeronavais fazem vigilância e controle permanente nos espaços marítimos, utilizando corvetas de mísseis, lanchas de mísseis, embarcações auxiliares, aeronaves e helicópteros aeronavais. Com esse destacamento logístico se protege a soberania do mar territorial e a soberania dos recursos da Zona Econômica Exclusiva contra ameaças e riscos”, informou no dia 30 de junho o Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador em sua conta oficial no Twitter.
No dia 7 de julho, durante uma reunião do Comitê Interinstitucional do Mar, uma delegação do governo equatoriano encarregada da articulação de políticas nacionais relativas ao espaço marítimo, o vice-ministro da Defesa do Equador, Vice-Almirante Darwin Jarrín, explicou que a maioria dos barcos pesqueiros presentes – 281 embarcações, segundo o jornal equatoriano El Universo –, eram de bandeira chinesa.
A frota pesqueira, advertiu Shvartzman, poderia atingir o tamanho da frota do ano passado, o que suscitou discussões sobre a necessidade de se regulamentar a pesca em alto-mar, bem como implementar um sistema global que permitiria identificar, controlar, dissuadir e perseguir os operadores e os que se beneficiam da pesca ilegal.
Sabe-se que os barcos pesqueiros que operam ilegalmente ligam e desligam à vontade seus sistemas de identificação automática e os transponders de localização. Para enfrentar esse problema, o governo equatoriano anunciou que se beneficia com um programa internacional de rastreamento da pesca ilegal, utilizando tecnologia de satélite, que foi lançado pelo governo do Canadá no início de 2021. O programa para a detecção dos denominados barcos fantasmas fornece dados e análises de satélites de última geração a pequenas nações insulares e Estados litorâneos de todo o mundo, que sofrem com a pesca ilegal não declarada e não regulamentada (INN), informou a Embaixada do Canadá no Equador.
No dia 21 de julho, o Comando de Operações Navais, a Direção Nacional dos Espaços Aquáticos e o Comando de Guarda-Costas da Marinha do Equador receberam a visita do Contra-Almirante Brian Penoyer, comandante do 11º Distrito da Guarda Costeira dos EUA. Entre os temas abordados, estava a luta contra a pesca INN, informou a Marinha do Equador em um comunicado.
“Essa visita busca fortalecer as relações bilaterais […], com o objetivo de proteger os espaços aquáticos em nível geral”, informou o comunicado.
Por sua vez, a Embaixada dos EUA no Equador, em sua conta no Twitter, explicou que a delegação da Guarda Costeira dos EUA se reuniu com sua homóloga equatoriana para analisar a possibilidade de expandir o patrulhamento marítimo contra a pesca ilegal, através da inclusão da aeronave C-27.
No início de 2021, a Guarda Costeira dos EUA anunciou que ampliará suas parcerias com países da América Latina e do Caribe, com o destacamento nos próximos 10 meses de 15 equipes de treinamento para lutar contra a pesca INN.