O Comando Militar do Sudeste é o único no Brasil composto por apenas um estado, São Paulo, o mais populoso e economicamente o mais importante do país. Foi na cidade de Lorena, que fica a 180 quilômetros da capital do estado, no Vale do Paraíba, que brasileiros e americanos decidiram dar início a um importante exercício de integração entre tropas dos dois exércitos. Diálogo conversou com o General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Comando Militar do Sudeste, sobre esse exercício, que é conhecido como CORE 21 no Brasil e Southern Vanguard 22 [Vanguarda do Sul], nos Estados Unidos.
Diálogo: Por que a escolha do Vale do Paraíba, em São Paulo, para iniciar o CORE 21?
General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Comando Militar do Sudeste: Essa brigada é histórica, porque levou muitos brasileiros para participarem da nossa Força Expedicionária Brasileira, que atuou com os americanos na Segunda Guerra Mundial, juntamente com as tropas aliadas. Então temos um histórico de trabalhar em conjunto com as tropas americanas e nos orgulhamos muito desse feito. É seguramente uma das brigadas que mais contribuíram com vidas para a epopeia da derrota do nazi-fascismo nos tempos da Segunda Grande Guerra. Além disso, a nossa 12ª Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel, que é uma brigada de força de emprego estratégico do Exército Brasileiro, é a tropa mais apta para esse tipo de operação.
Diálogo: O acordo firmado entre Brasil e Estados Unidos estabelece que esse exercício seja realizado até quando?
Gen Ex Tomás: Até 2028, num sistema de rotação. Um ano em cada país, variando com tropas de outros comandos militares de área. No ano que vem, nossas tropas irão para os Estados Unidos, e em 2023, será a vez do Comando Militar do Leste, aqui no Brasil, sediar o evento.
Diálogo: Qual a importância da participação do Brasil em missões de paz das Nações Unidas, mais especificamente no Haiti – MINUSTAH –, com relação ao uso de tropas brasileiras nesse tipo de exercício combinado?
Gen Ex Tomás: É muito importante. A operação no Haiti seguramente foi uma escola porque trabalhamos bastante no ambiente internacional. Eu mesmo fui subcomandante do Batalhão Brasileiro no Haiti. O que a gente tem visto nos conflitos modernos é que hoje todas as operações humanitárias, as operações de estabilização e as operações de garantia de imposição da paz ocorrem de maneira muito similar; não existem muitas diferenças. Então, sempre aprendemos muito com essas experiências.
Diálogo: Qual é o maior benefício desse exercício para as tropas brasileiras?
Gen Ex Tomás: Seguramente, a integração com um componente que é muito diferente de nós. Os americanos são muito experientes nesse tipo de operações e têm muitos meios. Certamente nós aprendemos, mas eles também aprendem conosco, porque nossa força terrestre tem uma reputação muito boa no ambiente internacional pelas nossas participações em operações de paz. É algo natural que haja esse tipo de intercâmbio entre exércitos de países diferentes.