Honduras assumiu o compromisso de erradicar o narcotráfico. Desde 2014, o trânsito de drogas por esse país caiu de 80 por cento para 3,7 por cento. Para o secretário de Defesa Nacional de Honduras, o General de Exército (R) Fredy Santiago Díaz Zelaya, esses resultados são o produto do trabalho unificado das Forças Militares de Honduras e das agências do Estado. Diálogo conversou com o Gen Ex Díaz sobre o tema e os avanços das operações combinadas internacionais.
Diálogo: Como a Força de Segurança Interinstitucional Nacional (FUSINA) contribuiu para reduzir os índices de criminalidade em Honduras?
General de Exército (R) Fredy Santiago Díaz Zelaya, secretário de Defesa Nacional de Honduras: A FUSINA nasceu de uma necessidade de unir os organismos do Estado para fazer uma sinergia e, assim, dar uma resposta sem precedentes no país frente à questão da criminalidade. A criação da FUSINA amalgamou todos os esforços para mudar a história existente no início de 2014, pois existia uma criminalidade muito bem estruturada, onde chegamos a ter 86,5 homicídios por cada 100.000 habitantes. Éramos o país mais violento do mundo. Era triste e difícil naquele momento e veio à nossa mente a pergunta de como as Forças Armadas poderiam colaborar, de acordo com as leis e a constituição, para ajudar a solucionar esse problema. Hoje as Forças Armadas são parte fundamental da FUSINA e começamos a mudar a história ao reduzir esse número de homicídios. Poder trabalhar junto aos promotores públicos, policiais e juízes é um exemplo muito importante para a região e para o mundo de como Honduras conseguiu solucionar um problema tão grande e tão delicado como o que tínhamos naquele momento.
Diálogo: Ao reduzir a criminalidade em Honduras, o que o senhor considera como o maior problema de segurança em seu país atualmente?
Gen Ex Zelaya: Continua sendo o narcotráfico, que impulsiona e dinamiza a criminalidade do país, pois esse negócio movimenta mais de US$ 600 bilhões anualmente. Honduras é o ponto geográfico mais equidistante entre o sul e o norte, e estamos em uma rota onde esse negócio “asqueroso e sujo”, como o denominamos, tem o poder ou a capacidade de contaminar os pilares do Estado.
Diálogo: Qual é o progresso das Forças Militares de Honduras na questão dos direitos humanos?
Gen Ex Zelaya: É uma questão importante dentro da instituição em tudo o que se refere a adestramento, capacitação e formação, tanto dos oficiais regulares e auxiliares, como dos suboficiais e membros da tropa. Se analisarmos o currículo de cada curso, vemos a grande quantidade de horas que dedicam para a capacitação em direitos humanos. Isso obedece a esse grande compromisso das Forças Armadas de Honduras, que são eminentemente profissionais, pelo respeito à vida humana e a nosso povo. Evidentemente, temos recebido uma grande ajuda do Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM) nessa questão, e os resultados se evidenciam. Ver nossas Forças Armadas trabalhando junto à Polícia Nacional, aos promotores públicos, aos juízes, com um grau mínimo de erros, é digno de elogios, porque eles o fazem sob os parâmetros, o adestramento e a capacitação em direitos humanos.
Diálogo: O que representa a recente doação da lancha patrulheira Río Aguán FNH8502 feita pelos Estados Unidos para colaborar com a luta de seu país contra as organizações criminosas transnacionais?
Gen Ex Zelaya: Essa doação para Honduras e para as Forças Armadas significa que os Estados Unidos estão na mesma equipe com nosso país, uma vez que representa que esse trabalho que fazemos em nível marítimo para combater a criminalidade nos permite reforçar o compromisso de dar resultados concretos no combate às ameaças comuns que mantemos com os Estados Unidos. Essa doação vem em um momento muito especial de necessidades para o país e, sobretudo, de confiança dos EUA em Honduras, a confiança do SOUTHCOM em nossas forças armadas para obtermos resultados e trabalhar para o futuro nessa questão tão importante, que é o combate às ameaças comuns da região.
Diálogo: A Operação Domínio trouxe resultados muito bons na luta contra o narcotráfico. Por que é importante realizar operações binacionais com os Estados Unidos ou outros países da região? Vocês planejam realizar novas operações combinadas?
Gen Ex Zelaya: Conversamos com o Almirante de Esquadra [Craig S.] Faller, [comandante do SOUTHCOM,] sobre a necessidade de seguirmos com esse tipo de operações combinadas. Na medida em que possamos estar juntos com as autoridades norte-americanas e suas agências, Honduras poderá colaborar da melhor maneira possível para combater esse grande flagelo. Estamos à espera de poder ver futuras e novas operações dessa magnitude e, é claro, ver as Forças Armadas de Honduras e, especificamente, a Força Naval de Honduras, produzindo os resultados que vêm produzindo até o dia de hoje.
Diálogo: Existem outros tipos de operações combinadas com outros países da região?
en Ex Zelaya: Sim, estamos muito bem integrados no âmbito da Conferência das Forças Armadas Centro-Americanas junto com a Guatemala, El Salvador, Nicarágua e República Dominicana. Com a Guatemala, temos uma Força-Tarefa Conjunta combinada, a Força-Tarefa Maya-Chortí; com El Salvador, temos a Força-Tarefa Lenca-Sumpul; e com a Nicarágua, temos a Operação Morazán-Sandino, as quais são de caráter eventual. Temos um intercâmbio forte de informação com a Colômbia e o México, o que fortalece o trabalho que temos feito na região. Logicamente, há também a proximidade com as agências dos EUA que estão em nosso país. Necessitamos estar sempre perto, em uma só equipe, para obtermos resultados como os que se conhece até o dia de hoje.