Este ano não será exceção para que a frota chinesa pratique a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) em frente às águas territoriais da Argentina, Chile e Equador, informou o portal argentino de jornalismo independente Urgente 24, no dia 3 de janeiro de 2022.
“Estima-se a presença de 450 navios no mar argentino para a temporada que se inicia [em janeiro] e termina em abril”, disse o Urgente 24. “Em pouco tempo, o número de embarcações chegará a cerca de 500. Se considerarmos que cada uma poderia pescar aproximadamente 50 toneladas de lulas por noite, o prejuízo econômico é substancial, acrescentou o jornal argentino La Opinión Austral, no dia 14 de janeiro.
Os navios estrangeiros extraem ilegalmente cerca de 750.000 toneladas de recursos pesqueiros da zona econômica exclusiva (ZEE) da Argentina por ano, informou o portal da ONG Sociedade Argentina de Estudos Estratégicos Globais.
Depredando a América do Sul
As embarcações chinesas passaram o primeiro semestre de 2021 no Atlântico, na altura da Argentina, saqueando as reservas de lulas, transferindo pescado ilegalmente entre os barcos e desligando os transponders, informou a organização internacional de jornalismo InSight Crime, no dia 23 de dezembro.
No entanto, a frota pesqueira chinesa depreda o mar argentino mesmo durante a época de fechamento. “A frota chinesa está no limite da ZEE desde o final de 2021, apesar do compromisso do governo chinês de suspender a pesca de lulas na época de cria e desova”, comunicou o jornal chileno Clarín.
Da mesma forma, as frotas saquearam importantes áreas pesqueiras afastadas do Chile e do Equador no Pacífico; os navios chineses são especialistas na pesca de arrastão justamente no limite da ZEE de 200 milhas náuticas dos países sul-americanos, extraindo peixes aos milhões, afirmou a InSight Crime.

Esforços contra a pesca INN
Vários países latino-americanos adotaram medidas para proteger a fauna marinha contra a pesca INN. Em novembro de 2021, Equador, Costa Rica, Colômbia e Panamá assinaram um acordo para consolidar o Corredor Marinho do Pacífico Oriental Tropical para proteger suas ZEEs.
Nesse mesmo mês, a Argentina reforçou a vigilância da frota chinesa, incrementando o monitoramento via satélite de embarcações suspeitas, patrulhando o Estreito de Magalhães com navios da Marinha, destacando navios de guerra, patrulheiros e aeronaves e aumentando as multas pela pesca INN, disse a InSight Crime.
Em 2020, Equador, Chile, Colômbia e Peru emitiram uma declaração conjunta comprometendo-se a combater a pesca INN para garantir a subsistência dos recursos pesqueiros a longo prazo, informou por Twitter o Ministério de Governo do Equador.
Subsídios prejudiciais
A maior parte da pesca INN é realizada pela frota de águas distantes da China, a maior do mundo, subsidiada pelo governo de Pequim com bilhões de dólares anuais, e sem restrições em qualquer região do planeta, informa pela internet a ONG norte-americana de investigação e políticas públicas Projeto de Segurança Americana.
Para dissuadir essas práticas pesqueiras prejudiciais, a Organização Mundial do Comércio (OMC), com base em Genebra, Suíça, realiza negociações para efetuar um acordo multilateral e estabelecer novas normas para a indústria pesqueira mundial, limitando o financiamento governamental que contribui para o esgotamento das populações de peixes do planeta, explicou a plataforma de jornalismo de investigação Diálogo Chinês, com base em Londres.
“Em 2022, a OMC decidirá se a China pode continuar agindo sem consequências”, disse o site Urgente 24. A eliminação de todos os subsídios prejudiciais ajudaria a recuperar as populações de peixes; na realidade, haveria um aumento de 12,5 por cento da biomassa pesqueira mundial até 2050, ressaltou a Diálogo Chinês.