Há atualmente na Venezuela 399 presos políticos e nos últimos cinco anos foram realizadas 15.180 detenções por motivos políticos, informou no dia 13 de novembro de 2019 a organização não governamental (ONG) Foro Penal.
Gonzalo Himiob Santomé, diretor vice-presidente da ONG, explicou em uma entrevista coletiva que entre os mais de 390 presos por motivos políticos na nação sul-americana, 20 são mulheres e 109 são militares.
Himiob, que também é advogado, informou que apenas 20 foram condenados formalmente e os demais deveriam ser considerados inocentes, até que haja provas em contrário, e aguardar o processo judicial em liberdade.
Explicou que entre os detidos desde janeiro de 2014, 8.950 ainda estão sujeitos a processos penais, sob medidas cautelares. “Essas restrições à liberdade se tornam um tipo de sanção antecipada, eterna, onde a pessoa não pode ter certeza de sua plena liberdade em nenhum momento”, ressaltou.
Ofelia Aguado, irmã do preso político e médico William Aguado, cujo caso está sendo julgado pelos tribunais militares, denunciou que, após quase dois anos de espera, ainda não marcaram a data para o julgamento, que estava previsto para começar em outubro de 2019.
“Queria pedir ao governo que nos desse uma resposta […], porque continuamos no limbo. Não podemos fazer nada porque, até mesmo para solicitar que ele receba atendimento médico, é necessária uma autorização dos tribunais”, disse Aguado.
Ana Marulanda, filha do médico cirurgião José Alberto Marulanda, também preso político, detido há um ano e meio, contou à imprensa que não tiveram resposta sobre o seu caso. A sua audiência foi realizada em dezembro de 2018 e até o momento ainda não há uma data para o julgamento.
“Às vezes é muito fácil ver os presos políticos como um número. É fácil contabilizar apenas 399. Porém, quando pensamos mais profundamente, nos damos conta de que essas 399 pessoas são pais, mães, irmãos, familiares de alguém que não está com elas nesse momento e que estão presas injustamente”, lembrou Marulanda.
Disse que devido às torturas a que foi submetido, seu pai ficou surdo de um ouvido.
A Organização dos Estados Americanos certificou, no dia 12 de novembro, os números apresentados pela ONG.