Autoridades militares da América Central e do Caribe concordaram em tomar medidas para a proteção e conservação do meio-ambiente e dos recursos naturais, durante a IX Reunião Especializada do Meio-Ambiente, organizada pela Conferência das Forças Armadas Centro-Americanas (CFAC), nas instalações do Comando de Doutrina e Educação Militar da Força Armada de El Salvador, entre os dias 1º e 4 de julho.
“A questão do meio-ambiente é um pilar fundamental e estratégico para nossa Força Armada. Nossa responsabilidade é protegê-lo, fortalecê-lo e conservá-lo, pois o bem-estar e a saúde de nossos povos, da região e em nível mundial dependem dos recursos naturais”, disse à Diálogo o Coronel da Força Aérea diplomado do Estado-Maior Enrique Alberto García Renderos, chefe do Conjunto VII do Estado-Maior Conjunto da Força Armada de El Salvador.
O desmatamento é causado por atividades financiadas pelo narcotráfico, segundo a Mongabay, uma organização não governamental (ONG) da Califórnia que divulga notícias sobre conservação e ciências ambientais. Nos últimos 15 anos, a cocaína foi responsável pelo “narco-desmatamento”, com a perda de 30 por cento das florestas na Guatemala, Honduras e Nicarágua. Desde 2001 até meados de 2014, foram desmatados nos três países mais de 400.000 hectares de florestas para o plantio de cultivos, publica a ONG.
Para contrabalançar o desastre, de 2017 a 2019, El Salvador plantou 250.000 plantas para reflorestar quase 600 hectares. “Se não tomarmos medidas para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, para apoiar os esforços realizados por cada país, em pouco tempo perderemos uma grande porcentagem de nossa biodiversidade”, destacou o Cel García.
Na IX reunião, os oficiais superiores das forças armadas de El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e República Dominicana iniciaram um plano estratégico regional para a criação de uma unidade especializada em meio-ambiente. A unidade permitirá proteger as áreas florestais e seu reflorestamento, de acordo com as legislações de cada Estado.
“Ela servirá também para dar uma resposta imediata e de maneira conjunta à extinção dos incêndios florestais e dar seguimento aos adestramentos comuns combinados que podemos desenvolver para fortalecer a gestão do meio-ambiente”, disse o Cel García.
Os participantes decidiram criar um centro de resgate, reabilitação e libertação da fauna silvestre e trabalhar na limpeza de águas frias e lacustres, bem como fortalecer o uso de sementes florestais em viveiros e fazer plantações de florestas.
Os militares também intercambiaram conhecimentos e experiências sobre os processos do programa de observações aéreas e navais em casos de desastres naturais e incêndios florestais, e conheceram o trabalho do Batalhão Ecológico do Exército da Nicarágua contra as ameaças das mudanças climáticas.
“A América Central é uma das regiões mais afetadas pelos efeitos da mudança climática mundial, que se agrava com os fatores ambientais locais como o desmatamento”, disse à agência de notícias EFE o diretor do Instituto Interamericano para a Investigação da Mudança Global, Marcos Regis da Silva. A América Central empreende “esforços excelentes para adaptar-se e reduzir os efeitos da mudança climática”, acrescentou.
Em seu relatório What lies beneath (O que há debaixo), o Centro Nacional para a Restauração do Clima, em Melbourne, Austrália, descreve a mudança climática como um risco existencial para a humanidade, que traz grandes consequências negativas irreversíveis, como a diminuição da população em nível global, a extinção em massa de espécies, a alteração econômica e o colapso social.
“Por essa razão, as forças armadas têm um papel importante diante das consequências da mudança climática, ao contribuírem para o desenvolvimento de mecanismos de resposta ao aumento do número de furacões, tornados, ondas de calor e secas”, destacou o Cel García.
Os governos da América Latina e do Caribe avaliaram a proposta de El Salvador e dos países do Sistema de Integração Centro-Americana para designar o período 2021-2030 como a Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas, uma iniciativa respaldada pelos 192 países que formam a organização internacional.
“O CFAC continuará a luta para manter a biodiversidade, os ecossistemas e os recursos naturais na região, com novas estratégias e programas combinados de implementação para promover a conservação do meio-ambiente. Da mesma maneira, adestramos nosso pessoal para que sejam portadores desses conhecimentos”, finalizou o Cel García.