Múltiplos assassinatos, rebeliões em prisões, homicídios por extorsão e confrontos entre grupos criminosos aumentaram a violência em Honduras. Uma espiral de homicídios coletivos marcou junho como o mês mais brutal do ano no país, com um total de 151 mortes violentas, incluindo 46 mulheres assassinadas no final do mês, na Penitenciária Nacional Feminina de Adaptação Social, em Tegucigalpa.
Para combater as ações dos criminosos, a presidente Xiomara Castro ordenou a implementação de medidas enérgicas e afirmou que os assassinatos foram “planejados por gangues, por isso ela tomaria medidas drásticas”.
A partir de 24 de novembro de 2022, o governo impôs medidas parciais de emergência em zonas de alto risco nos departamentos de Francisco Morazán e Cortés, como parte do Plano Integral para o tratamento de extorsão e crimes relacionados.
“A violência tem origens multifatoriais, além de sua origem econômica. Em um contexto de caos […] os grupos criminosos tiram proveito dessa situação”, disse à Diálogo Jessica Sánchez, diretora da ONG hondurenha Grupo de Sociedad Civil, em 24 de julho.
Começando bem o ano
Em uma análise apresentada no início de junho pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), juntamente com a Secretaria de Segurança de Honduras, foi revelado que, entre janeiro e março de 2023, a violência diminuiu, em comparação com o mesmo período de 2022. Os homicídios tiveram menos 247 vítimas e os acidentes de trânsito diminuíram em 19 por cento.
“Atacamos o narcotráfico como nunca antes, destruindo plantações e centros de processamento de pasta de cocaína ou maconha”, disse à Diálogo, no dia 24 de julho, o Coronel de Infantaria do Exército de Honduras D.E.M. Ramiro Fernando Muñoz, comandante da Polícia Militar da Ordem Pública (PMOP) e presidente da Comissão de Intervenção do Sistema Penitenciário Nacional. “Capturamos os principais líderes dedicados ao tráfico de drogas, assim como estamos constantemente lutando contra as organizações criminosas que causam tantos danos ao país”, declarou.
Medidas enérgicas
Entre as medidas implementadas por Castro estão o Plano de Segurança Nacional “Solução contra o Crime”, com a operação Candado Valle de Sula, em San Pedro Sula, para combater os homicídios. Em resposta aos assassinatos de mulheres na prisão feminina, a Operação Fé e Esperança começou em 26 de junho, com a PMOP assumindo o controle dos 25 centros do sistema prisional hondurenho.
A PMOP publicou no Twitter que, durante a Fé e Esperança, descobriu que os detentos tinham em seu poder telefones celulares, walkie talkies, telefones via satélite, roteadores, antenas, torres de telecomunicações, painéis solares, crack, maconha, cocaína, armas cortantes, armas de fogo caseiras, projéteis de diferentes calibres, armas de assalto AR-15, granadas de fragmentação (30 convictos com elas dentro do corpo), dinheiro vivo e uniformes militares e policiais.
“No entanto, as medidas de combate ao crime não devem ser direcionadas apenas às áreas com altos índices de pobreza; essas são medidas direcionadas aos pobres que estão nos bairros supostamente mais perigosos, mas, ao mesmo tempo, são os bairros mais infelizes, onde estão as maras”, disse Sánchez. “Mas as maras são a última cadeia do crime organizado. Os chefes das maras e do crime organizado não estão lá […]. Se quisermos resolver o problema, teremos que atacar todos eles.”
No início de julho, foram implementadas operações, incursões, prisões e bloqueios de estradas, a transferência de prisioneiros considerados altamente perigosos e toques de recolher parciais. Além disso, foram oferecidas recompensas pela captura dos responsáveis por vários assassinatos e foram intensificadas as ações contra a extorsão.
De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 72 por cento das extorsões ocorrem nos departamentos de Francisco Morazán, Cortés e nos municípios do Distrito Central, em Tegucigalpa e San Pedro Sula, ambos considerados os municípios mais violentos de Honduras. Em comparação com os números de 2021, a extorsão em 2022 aumentou 153 por cento.