Em meados de maio, em uma operação conjunta com a Marinha da Colômbia, a Força Aérea Colombiana e a Polícia Nacional, o Exército Nacional da Colômbia desferiu um duro golpe contra a mineração ilegal no estado de Chocó. A operação permitiu a destruição de três motores, três retroescavadeiras e duas unidades de produção mineira, com os quais eram financiadas as atividades criminosas da frente Manuel Hernández el Boche, do Exército de Libertação Nacional.
Em um comunicado, o Comando Conjunto das Forças Militares da Colômbia estimou que o maquinário teria um valor de US$ 300.000 e que o grupo criminoso tivesse perdido aproximadamente US$ 6 milhões com as ações das autoridades.
“[A extração ilegal de ouro] enriquece poucas pessoas e gera o pagamento de cotas extorsivas aos diversos grupos armados organizados, sendo uma causa da violência e de perturbações à segurança pública e, ironicamente, de pobreza e miséria nas comunidades utilizadas para essa atividade ilícita”, disse à Diálogo um analista da Brigada Contra a Mineração Ilegal (BCMI) do Exército, que pediu anonimato por questões de segurança.
Preparativos para o golpe
“Graças a informações de inteligência militar e da rede de participação cívica, foi possível obter a localização e a quantidade de macro elementos utilizados para o crime de extração ilícita de depósitos mineiros (escavadoras, classificadoras, motores)”, explicou o analista da BCMI.
Com recursos aéreos de reconhecimento de inteligência e agentes secretos, a BCMI verificou a informação recebida. Em seguida, transportou em aeronaves os especialistas em explosivos (para destruir o maquinário encontrado) e em análise de terreno, bem como ambientalistas, para a realização da operação.
“Foi feita uma infiltração fluvial do componente da Marinha Nacional com o objetivo de infiltrar as unidades militares e policiais de manobra que realizariam a missão”, explicou o analista da BCMI. “Atingido o ponto, as áreas são limpas e são feitas verificações em profundidade, para não comprometer a segurança das pessoas que se encontram ali; embora estejam realizando um trabalho ilegal, não são consideradas objetivo militar.”
A operação foi realizada no âmbito da Campanha Artemisa contra o desmatamento e para a proteção do patrimônio ambiental, que foi lançada pelo governo de Iván Duque em 2019. No transcurso de 2020, a BCMI, com o apoio das Forças Militares, da Polícia e da Promotoria-Geral da Nação, realizou 124 operações combinadas e 274 capturas. As autoridades neutralizaram 117 minas ilegais, 123 dragas, 26 máquinas de construção, 354 motores, 72 motobombas, 49 túneis, 186 quilos de explosivos e confiscaram 90.320 litros de combustíveis.
“A exploração ilícita de depósitos de mineração na Colômbia tem sido causa de crimes infames e prejuízos irreversíveis ao nosso ecossistema, especialmente nas áreas com biodiversidade tão grande como o Chocó”, concluiu o analista da BCMI. “Preservar os recursos naturais do nosso país e do estado de Chocó garante os direitos fundamentais da população civil e a proteção da fauna, da flora e das fontes hídricas da região.”