Um estudo australiano afirma que o monitoramento da China dos hábitos on-line dos usuários globais da Internet – uma prática que tornou o TikTok controverso nos Estados Unidos – vai muito além do popular aplicativo de redes sociais, abrangendo várias outras plataformas e até mesmo jogos on-line.
O Instituto Australiano de Política Estratégica, uma organização de investigação que recebe financiamento do governo australiano e de outros países, afirmou, em um relatório de 2 de maio, que os chefes de propaganda de Pequim estão criando laços com empresas de tecnologia chinesas, para coletar dados pessoais de uma ampla gama de aplicativos ou plataformas de redes sociais e jogos on-line populares.
Eles incluem o aplicativo de compartilhamento de viagens DiDi, o jogo de ação Genshin Impact e Temu, o popular mercado on-line.
O estudo australiano afirma que a ambição da China é coletar dados “estrategicamente valiosos” de mídia, jogos, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.
Também afirma que a China está “trabalhando para estender sua influência no exterior, para remodelar o ecossistema global de informações (…), para fortalecer seu controle sobre o poder, legitimar suas atividades e reforçar a influência cultural, tecnológica, econômica e militar da China”.
Até o momento, não houve resposta das autoridades chinesas. Pequim já havia acusado o governo australiano de “histeria anti-China”, em relação a várias disputas geopolíticas e comerciais.
Samantha Hoffman, a principal autora do relatório do Instituo Australiano de Política Estratégica, disse esta semana à Corporação Australiana de Radiodifusão que os dados obtidos de aplicativos, plataformas e jogos poderiam ser valiosos para a China.
“Podem ser dados sobre a maneira como os usuários tomam decisões. No caso do Temu, podem ser preferências que indicam o que determinados grupos demográficos gostam ou não gostam”, explicou. “Se a China está tentando moldar a maneira como o mundo percebe e entende a verdade e a realidade, então esses dados ajudarão a tornar esses esforços mais bem-sucedidos ao longo do tempo.”
O relatório pede aos formuladores de políticas que “desenvolvam defesas e contramedidas robustas para se protegerem contra futuras campanhas de informação orquestradas por Pequim”.
Também afirma que muita atenção foi dada à plataforma de propriedade chinesa TikTok, devido a preocupações de que os dados de usuários coletados poderiam ser compartilhados com as autoridades chinesas. No entanto, adverte que o problema “é muito mais profundo do que apenas o TikTok“.
A proprietária chinesa do TikTok, ByteDance, disse que vai entrar com uma ação judicial nos Estados Unidos contra o que chamou de lei “inconstitucional” em tramitação no Congresso, que poderia exigir que a plataforma fosse vendida ou proibida nesse país.
ByteDance negou conluio com o governo chinês.
No ano passado, a Austrália disse que proibiria o TikTok em dispositivos do governo, incluindo telefones celulares, devido a temores de segurança e vigilância.