Equador aderiu ao programa Conselheiro Militar de Nações Parceiras (PNMA, em inglês) para o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM). O cargo foi assumido pelo Coronel do Exército Juan Xavier Riofrío Játiva desde o mês de março de 2021.
O Cel Riofrío, natural de Quito e com 35 anos de serviço militar, é um dos 11 conselheiros militares do PNMA, um programa criado em 1998 com o objetivo de incrementar a confiança mútua entre os países participantes, desenvolver um maior nível de trabalho em equipe e integrar e sincronizar operações e planos conjuntos.
Diálogo: Qual é a importância para o Equador de participar no PNMA?
Coronel do Exército do Equador Juan Xavier Riofrío Jativa, conselheiro militar de nações parceiras para o SOUTHCOM: A análise das ameaças e riscos no Equador, especificados em sua política de defesa, permite que se entenda que a problemática regional e mundial tem influência direta nas causas, bem como nas oportunidades de fazer-lhes frente, otimizando assim as capacidades nacionais de cada país. O SOUTHCOM, através dos valores compartilhados e de suas linhas de esforço, é uma organização que promove a cooperação e o fortalecimento das relações regionais. A política externa do Equador entende a importância de manter esses vínculos que geram a estabilidade regional e se projetam favoravelmente na segurança nacional.
Diálogo: O SOUTHCOM tem 11 oficiais no PNMA. Por que é importante que as nações parceiras do hemisfério ocidental se integrem a esse programa?
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Cel Riofrío: O crime organizado transnacional, o narcotráfico, a pesca ilegal e o contrabando, entre outros, têm causas comuns e seus efeitos não respeitam fronteiras de qualquer tipo. A geografia da região nos permite compartilhar muitas vantagens da natureza, mas também a grande possibilidade de sermos castigados por diferentes tipos de desastres. Abordar a dialética da causa e efeito em todos esses problemas de segurança de forma integral, compartilhando experiências e procedimentos, faz com que cada um de nossos países desenvolva um conhecimento compartilhado que facilita a tomada de decisões. As nações parceiras, através de seus conselheiros militares, contribuem para a realização de um dos objetivos principais deste comando: a segurança e a prosperidade do hemisfério. A cooperação é o caminho para alcançar o bem-estar de todos e os conselheiros militares facilitam a construção desse caminho.
Diálogo: Quais são suas metas como representante de seu país no SOUTHCOM?
Cel Riofrío: Por ser do oficial do Exército do Equador a desempenhar essa função, minhas expectativas e as das Forças Armadas do meu país crescem à medida em que conhecemos, em primeira mão, as vantagens e oportunidades da cooperação. Uma de minhas metas é iniciar essa missão e conscientizar sobre o pensamento militar equatoriano. Um objetivo de médio prazo é difundir nas Forças Armadas do Equador todas as oportunidades e seus respectivos mecanismos para que essa cooperação se materialize, e promover e administrar a continuidade dessa função tão importante para meu país será um de meus objetivos ao finalizar meu trabalho no SOUTHCOM.
Diálogo: Qual é sua prioridade nesse momento?
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Cel Riofrío: Quando vestimos o uniforme militar, sem dúvida, a prioridade em nossas vidas é a sobrevivência de cada um de nossos Estados, através do cumprimento cabal do marco legal e da eficiência institucional, particularmente a militar, como sua espinha dorsal. A sinergia das instituições permite que a democracia, a soberania, o Estado de Direito e o respeito aos direitos humanos se tornem realidades que favoreçam o desenvolvimento e o bem-estar de nossos países. No entanto, também devo acrescentar que a solidez de uma instituição e da sociedade se baseia na força da organização mais simples, o que nos permite direcionar nossos esforços e preocupações para a execução de nossos objetivos institucionais, nacionais e regionais. Manter minha família próxima e feliz será sempre minha prioridade.
Diálogo: Como a pandemia do coronavírus afetou seu país, e como as forças armadas ajudaram as autoridades civis?
Cel Riofrío: A crise produzida por uma pandemia nunca foi considerada uma ameaça em muitos de nossos países e, portanto, nunca planejamos estratégias para sua gestão. O impacto em meu país é algo do qual ainda não conseguimos nos livrar; a economia foi seriamente afetada e agravada pelas diferentes crises vividas em toda a região. O esforço isolado não permitiu soluções pragmáticas. A estabilidade da região, agora mais do que nunca, depende do grau de cooperação internacional nessa questão.
O apoio das Forças Armadas do Equador às instituições do Estado durante a pandemia tem sido fundamental. O Comando Conjunto analisou a evolução e o comportamento da enfermidade e seus respectivos efeitos na segurança, e utilizou diferentes ferramentas e modelos matemáticos que permitiram delinear as ações para apoiar as soluções estatais. Posteriormente, foram apoiadas medidas restritivas designadas pelas autoridades competentes com todos os efetivos militares, e foi criada uma unidade para atender ao epicentro do problema na província de Guayas. Atualmente, com o vírus atacando em todas as regiões do país, esse apoio continua com o alinhamento do governo recém-empossado, para o qual se espera a ação integral de todas as instituições do Estado.
Diálogo: Quais as lições de cooperação que o senhor espera levar para seu país ao terminar sua missão no SOUTHCOM?
Cel Riofrío: Espero poder levar várias lições, entre elas a de que a estreita coordenação e o apoio para se obter um bem comum, como a segurança e a estabilidade de nosso hemisfério, são possíveis. E também que a efetividade das ações e a eficiência no uso dos recursos nos permitam planejar cenários favoráveis para a região, e que a confiança mútua, bem como a transparência nas políticas de defesa e os valores compartilhados, sejam uma realidade que nos permitirá combater de forma integrada as ameaças comuns e simultâneas, que são de natureza transnacional e que não se limitam às fronteiras de cada país. Da mesma forma, que os resultados dessa cooperação não apenas permitam que a segurança gere desenvolvimento, mas que também sejam um modelo a seguir para que nossos países se integrem em muitos outros campos, pois as características dos cenários atuais e futuros da região o exigem.