A Marinha Nacional da Colômbia encerrou 2022 com boas notícias para os habitantes do departamento de Sucre, na costa do Caribe, declarando-o livre de minas antipessoais. Os esforços da Companhia de Desminagem Humanitária, que liberou quase 13.000 metros quadrados de terreno, permitiram que os habitantes retornassem aos seus campos para cultivá-los, especialmente na região de Montes de María. Além deste resultado, a instituição naval realizou trabalhos de limpeza em seis municípios do departamento de Bolívar.
“Agradecemos-lhes pela confiança que demonstraram em nós, porque antes não podíamos sair por medo de dispositivos explosivos”, disse à Marinha Aurel Martínez, habitante do município de Carmen de Bolívar, departamento de Bolívar. “Agora podemos usar a terra para a agricultura e para a pecuária com mais confiança, pois costumávamos sentir esse medo, e não podíamos sair por medo de um dispositivo explosivo; e também [agradecemos] o trabalho que foi feito em todos os Montes de María, porque todos os montes foram bastante golpeados pela violência e havia muitos dispositivos.”
Workshops educativos
No departamento de Sucre, além do trabalho de desminagem, a Marinha proporcionou workshops educativos sobre riscos de minas para a população, a fim de evitar acidentes envolvendo minas antipessoais, munições sem explodir e armadilhas explosivas. Foram capacitados mais de 660 habitantes das áreas onde foram realizadas as tarefas de liberação.
Estas capacitações procuram incutir diretrizes e comportamentos seguros nos habitantes dos territórios afetados pelo conflito armado, para evitar acidentes com dispositivos que possam colocar em risco a integridade humana. “Para o desenvolvimento desta missão prioritária, o pessoal da Marinha da Colômbia participou de um workshop liderado por oito funcionários facilitadores de Educação sobre Riscos de Minas da Organização dos Estados Americanos, para adquirir e aprofundar suas técnicas e conhecimentos neste trabalho preventivo”, informou a Marinha em um comunicado.
Em 2014, a Marinha e o Exército Nacional começaram o trabalho de desminagem em bases fixas e, em 2016, em cidades e áreas civis. O Escritório do Alto Comissariado para a Paz (OACP), que consolida os números oficiais sobre desminagem humanitária, informou à Diálogo que, entre 1º de janeiro de 2016 e 26 de novembro de 2022, as operações de desminagem humanitária foram concluídas em 30 departamentos (401 municípios), correspondendo a mais de 9 milhões de m2 limpos, nos quais foram encontrados 3.144 artefatos em total.
“Os dispositivos explosivos reduziram a mobilidade de milhares de pessoas, impedindo seu acesso a plantações, centros de saúde, água, locais de trabalho, escolas e espaços culturais”, indica o relatório Visão Geral das Necessidades Humanitárias da Colômbia de 2021, do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
O OACP também informou que, entre 1º de janeiro de 2016 e 18 de dezembro de 2022, o relatório nacional de vítimas de minas antipessoais e munições não explodidas é de 901 pessoas, das quais 808 foram feridas e 93 faleceram. Dentro deste número total de vítimas, 41,51 por cento correspondem à Força Pública e 58,49 por cento à população civil.