O Exército Nacional da Colômbia e a Procuradoria Geral capturaram, na cidade de Suba, Bogotá, em 30 de março de 2022, o cidadão russo Sergeí Vagin e seis colombianos, que supostamente formavam uma rede criminosa que movimentava milhões de dólares para financiar ações contra a Força Pública e organizar protestos no país desde 2019, de acordo com a revista colombiana Semana.
Vagin, também conhecido como Servac, transferia dinheiro proveniente da Rússia, para desestabilizar e perturbar a ordem em diferentes cidades colombianas, explicou a Rádio Caracol.
Segundo o jornal colombiano El Tiempo, Vagin e sua rede criminosa recrutavam colombianos, e inclusive venezuelanos, para abrir contas em seus nomes e movimentar grandes somas de dinheiro entre todos, bem como infiltrar-se nos protestos. Documentos da Procuradoria Geral também apontam para uma suposta ligação entre o russo e o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Entre outros crimes, ele é acusado de transferência de bens, conspiração para cometer crimes, uso ilegal de redes de telecomunicações e acesso abusivo a sistemas informáticos, relata a Semana.
“Estamos revelando que essa operação de lavagem de dinheiro buscava afetar a segurança do Estado e dos cidadãos”, disse o General de Exército (R) Juan Carlos Buitrago, ex-chefe de operações da Diretoria de Inteligência da Polícia da Colômbia, ao canal NTN24, em 30 de março. “É uma grande operação de lavagem de dinheiro, no valor de US$ 130 milhões”, afirmou.
Para não ser detectado, Vagin estava fluindo continuamente da Rússia pequenas quantidades entre US$ 2.000 e US$ 4.000. Além disso, ele enviava relatórios detalhados a vários contatos em Moscou sobre as atividades realizadas na Colômbia, especialmente aquelas efetuadas durante protestos sociais, informou a Semana. Ele também tentou subornar um oficial do Exército da Colômbia para obter “relatórios ultra secretos”, relatou El Colombiano.
Acredita-se que o dinheiro terminava nos cofres do grupo criminoso Primera Línea, informou a plataforma argentina Infobae. Esse grupo tem ligações com dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e do ELN, e usa o terrorismo para causar danos sistemáticos e colaterais, acrescentou a Semana.
A Colômbia está certa de que por trás da transferência de dinheiro a partir da Rússia, há uma operação que visa desestabilizar a democracia e a ordem pública no país, disse El Tiempo.
Diferentes agências de inteligência seguiram Servac e até mesmo colocaram seu telefone celular sob escuta, acrescentou. Em algumas conversas, traduzidas por especialistas norte-americanos, ele é ouvido coordenando transferências de dinheiro de Moscou para a Colômbia através do Sherbank, o maior banco da Rússia, e procurando amigos poderosos.
Espionagem russa
Em 30 de março, a Embaixada da Rússia na Colômbia negou a suposta interferência russa nos assuntos internos da Colômbia através de Servac. “Vagin é um simples analista que presta seus serviços a uma empresa de apostas esportivas. Ele não tem nenhum vínculo com o governo da Rússia ou com esta Embaixada [em Bogotá]”.
Segundo El Tiempo, há dois grupos ativos de cidadãos russos operando em Bogotá e Medellín, um liderado por Servac e o outro por uma mulher que voou de Medellín para o Panamá e depois para Moscou, em dezembro de 2021.
A série de vídeos de investigação Border Wars, lançada no início de 2022 pelo grupo de especialistas em segurança dos EUA, Centro para uma Sociedade Livre e Segura, mostra a presença de soldados russos na fronteira colombiana-venezuelana, os quais, supostamente, estão espionando a Colômbia a partir da Venezuela.
Em dezembro de 2020, o governo da Colômbia expulsou do país Aleksandr Paristov e Aleksandr Nicolayevich, dois diplomatas russos que há anos obtinham informações confidenciais de empresas públicas e privadas, infraestruturas e, sobretudo, do setor energético, informou o diário colombiano El País.
Os alarmes da Diretoria Nacional de Inteligência dispararam em 2017 e, após uma longa operação, determinaram que os envolvidos estavam realizando atos de espionagem, relatou El País. O Kremlin protestou contra a “decisão infundada do lado colombiano de expulsar os dois diplomatas”.
Com relação à prisão de Sergeí Vagin, a Embaixada da Rússia disse que espera que os “órgãos competentes mostrem imparcialidade e adesão à lei em relação a este cidadão da Federação Russa”.