Após mais de dois anos de operações, a Colômbia e o Equador desmantelaram a organização de narcotráfico transnacional Los Curva, após a captura, em 6 de janeiro, na Colômbia, de dois irmãos identificados como líderes da gangue, informou o site de notícias Infobae, da Argentina.
De acordo com a Operação Gran Fénix, efetuada pela Polícia Nacional, Marinha e Procuradoria Geral da Nação do Equador, juntamente com a Polícia Nacional da Colômbia, o grupo operava uma rota de tráfico que usava vários meios de transporte para enviar mais de 5 toneladas de cocaína para os Estados Unidos e a Europa todos os meses.
“Um dos fatores que mais influenciam o surgimento de grupos criminosos como Los Curva é a configuração do crime organizado na região. Não estamos mais falando de grupos hierárquicos unificados, aquelas superestruturas que antes eram conhecidas como cartéis. Agora o panorama aqui é muito fragmentado”, disse à Diálogo, em 27 de janeiro, Glaeldys González, especialista do Grupo Internacional de Crise do Equador, um think tank que investiga as crises mundiais. “Esses grupos locais muito pequenos se especializam em algo muito específico na cadeia de suprimentos do narcotráfico e se inserem ali. Então, o que eles fazem é prestar um serviço muito específico a estruturas maiores.”
Os irmãos Háder e Dairon Cuero Valencia, conhecidos como Curva e Chanchi, eram procurados pelas autoridades, com uma difusão vermelha da Interpol e requeridos para extradição pelos EUA, para responder por crimes de narcotráfico, entre outros, confirmou o jornal El Colombiano.
Além disso, as autoridades determinaram que os irmãos gerenciavam o tráfico de drogas a partir da costa do Pacífico das províncias de Valle del Cauca e Nariño, na Colômbia, bem como da província de Esmeraldas, no Equador, informou a mídia colombiana WRadio.
Posteriormente, os carregamentos eram enviados para os Estados Unidos e a Europa, transitando pela América Central, em alianças com cartéis mexicanos e organizações de tráfico de drogas no Equador.
“Essa é uma resposta aos esforços dos Estados para desmantelar esses grupos. Como resultado, surgem outros grupos menores que se tornam mais resistentes a esses choques externos ou a essas ações das forças de segurança para desintegrá-los”, acrescentou González. “Esses grupos são mais difíceis de identificar, porque não estão vinculados com toda a cadeia de suprimentos, mas apenas com uma parte dela.”
De acordo com o Ministério do Interior do Equador, o grupo operava por mar e coordenava criminosos de ambos os países ao longo da costa equatoriana, para entregar as drogas em pontos específicos em alto mar. Os pacotes eram entregues em coordenadas específicas a embarcações de bandeira mexicana, na costa do México.
“Pouco a pouco, há uma maior especialidade e conhecimento prático criminal, o que significa que essas estruturas estão sendo reproduzidas de forma sistemática e cada vez mais agressiva”, disse à Diálogo o Dr. Daniel Pontón, especialista em questões de segurança e professor da Escola de Segurança e Defesa do Instituto de Altos Estudos Nacionais do Equador.
A Marinha e a Polícia Nacional da Colômbia estimaram que Los Curva alcançaram rendimentos superiores a US$ 2 bilhões por ano, devido às suas relações com o Cartel de Sinaloa e o Cartel dos Bálcãs, informou a mídia digital mexicana Radio Fórmula.
“Encontraram um terreno fértil na lavagem de dinheiro, na violação de estruturas institucionais, como portos e aeroportos, e na corrupção institucional” ressaltou Pontón. “Acima de tudo, nas gangues criminosas equatorianas que operam em coordenação com esse tipo de grupos, há a questão social, porque recrutam sistematicamente jovens de bairros marginalizados.”
As forças de segurança destacaram que o desmantelamento de uma organização a serviço do tráfico ilícito de drogas é alcançado por meio de um trabalho coordenado e internacional entre agências, informou a mídia equatoriana La Hora.
Os Estados Unidos, que travam uma guerra aberta contra as drogas há meio século, continuam a cooperar com ambas as nações para desmantelar esses grupos criminosos transnacionais. Por exemplo, no final de janeiro, após a visita de uma delegação dos EUA ao Equador, para tratar de formas de combater o crime transnacional e entregar mais de US$ 1 milhão em apoio, sob a forma de equipamentos essenciais de segurança e emergência, o governo dos EUA se comprometeu a acelerar a cooperação bilateral em matéria de segurança, expandir o acesso a mercados legais e aumentar o investimento com o objetivo de gerar empregos, informou France 24.