“No mundo da desinformação há esforços para propagar e disseminar histórias que não são de origem colombiana, o que é especialmente verdadeiro no contexto das próximas eleições, e nosso desejo é ter uma eleição livre e justa, uma eleição colombiana para os colombianos”, disse a subsecretária de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, durante uma reunião com o presidente colombiano, Iván Duque, em 8 de fevereiro, na sede da presidência em Bogotá.
Em uma entrevista à estação de rádio Blu Radio, de Bogotá, Nuland acrescentou: “Todos esses agentes têm experiência em interferir na política de outros países […]. Aprendemos bastante sobre isso, tanto na segurança cibernética como no lado da desinformação, e estamos tentando compartilhar esse conhecimento com a Colômbia, mas também para garantir que eles não possam ter sucesso aqui e não possam ter sucesso em outras partes do hemisfério, onde podem estar tentando influenciar a política e minar a democracia e minar a soberania dos colombianos”.
Venezuela e Colômbia
Nuland também declarou que a disseminação de notícias falsas que não têm origem em território colombiano, a desinformação e os ataques cibernéticos nada mais são do que “ameaças”. A representante da Casa Branca não mencionou diretamente a Rússia, mas suas palavras têm relação com as recentes declarações de membros do governo colombiano com relação a Moscou. Como exemplo, segundo a revista colombiana Semana, o ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, em uma declaração recente, acusou a Rússia de “interferência estrangeira” nos conflitos que ocorrem na fronteira entre Venezuela e Colômbia.
Mas a desinformação divulgada via internet pode ser apenas uma das preocupações em relação às próximas eleições na Colômbia. Desde 2021, a RT, uma rede de televisão financiada e controlada pelo governo russo, bem como outros meios de comunicação também patrocinados pelo Kremlin, tornaram-se fontes familiares de informação no mundo de língua espanhola da América Latina.
Aparato de propaganda soviética
Ao fazer isso, a Rússia conseguiu restabelecer a possibilidade de exposição a uma visão alternativa à promovida pelos Estados Unidos e pelos governos democráticos da região, pela primeira vez desde a dissolução do aparato de propaganda soviético. Um dos fatores que explicam o sucesso da RT na América Latina é a desatenção do público quanto à natureza do interesse de Moscou pelo espaço de informação da região.
Muitos latino-americanos percebem a crescente influência da mídia russa como algo “normal”, parte do exercício da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões. Entretanto, os especialistas dizem que isso é somente uma parte de uma estratégia de política externa concebida para atingir objetivos específicos por parte do governo de Vladimir Putin.
Resta saber se a Rússia atingiu seus objetivos. A Colômbia realizará eleições legislativas em 13 de março e eleições presidenciais em 29 de maio. Se nenhum candidato obtiver mais de 50 por cento dos votos, haverá um segundo turno de votação entre os dois favoritos no dia 19 de junho.