A Marinha do Brasil (MB) promove, de 18 de junho até 20 de agosto, na área do Golfo da Guiné, na África, a Operação Guinex-II, visando aumentar a segurança marítima e a interoperabilidade com as marinhas e guardas costeiras da região, por meio de exercícios no mar e no porto. Participam da operação Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Nigéria e São Tomé e Príncipe. Outras marinhas que operam na região estão preparadas para participar dos exercícios, como Benin, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Reino Unido, Senegal e Togo, entre outros.
O exercício inclui abordagem, visita e inspeção a outros navios, além de manobras de embarcações rápidas, trânsito sob ameaças assimétricas (tais como ameaças de lancha e jet-ski), técnicas de operações especiais, entre outras. Segundo a MB, a ideia é trocar conhecimentos e técnicas entre os países envolvidos para incrementar a capacitação, fortalecendo as táticas, procedimentos e técnicas de todos em prol da segurança marítima; além disso, fazer com que os países incrementem laços de confiança mútua. A MB enviou para a operação o navio Fragata União, com cerca de 260 militares.
“Durante toda a travessia até a entrada na região, as equipes embarcadas na Fragata União realizaram uma gama de adestramentos, treinamentos, além de receberem orientações específicas por meio de palestras e estudos de casos, para estarem melhor preparadas durante a permanência na região do Golfo da Guiné”, explicou à Dialogo o Capitão de Mar e Guerra Flavio Leta Vieira, da MB, comandante do 2º Esquadrão de Escolta e que exerce a função de comandante do Grupo-Tarefa na Guinex-II.

O Brasil tem historicamente uma grande ligação, não só cultural, mas também estratégica, em termos econômicos e políticos, com os países da Costa Africana, fazendo parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, por meio da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), fórum que abrange os países africanos e sul-americanos banhados pelo Atlântico Sul.
Os Estados Unidos foram convidados mais uma vez para participar da operação, reunindo a Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais e a Guarda Costeira dos EUA. Os dois paises têm interesses comuns na segurança marítima da África e na liberdade de comércio. O envolvimento da Guarda Costeira em operações como a Guinex permite que os Estados Unidos aprofundem as relações com os parceiros do Atlântico Sul e da África Atlântica e, ao mesmo tempo, compartilhem informações de segurança e governança marítima na área.
“[…] A Fragata União receberá comissões de oficiais de Portugal, da Espanha e do Reino Unido a bordo do navio. Isso é uma forma de troca de experiência e de cooperação comum entre as marinhas”, afirmou o CMG Leta, que explicou que a Fragata União alternará entre navegar na região do Golfo da Guiné e permanecer nos portos dos países participantes.
“No Atlântico Sul, ações de pirataria têm se concentrado na margem africana, em regiões como o Golfo da Guiné, que faz parte do entorno estratégico brasileiro. Tais ações demandam um poder naval forte e maior participação e cooperação do Brasil nessa região marítima, por intermédio da valorização da ZOPACAS, como instrumento de política externa, para fortalecer a dissuasão estratégica”, afirmou o comandante.
Essa é a segunda Guinex; a primeira aconteceu em 2021. Um dos pontos apresentados ao final da Guinex-I, segundo o comandante, foi a necessidade de reunir-se mais vezes com os países participantes. “Em 2022, as reuniões de preparação proporcionaram um ambiente de discussão adequado e que habilitaram um planejamento detalhado, o mais próximo possível do que executaremos quando estivermos lá. Isso nos dará condições de obter uma troca de experiências muito mais proveitosa, por já sabermos o que estamos buscando em termos de conhecimento”, finalizou o CMG Leta.