Em 18 de novembro de 2021, durante a Operação Calvary, a Polícia Federal (PF) do Brasil desbaratou uma organização que enviava cocaína à Europa por via marítima. Cerca de 150 agentes da PF cumpriram 36 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária em diversos estados, incluindo São Paulo e Bahia.
Um dos presos foi o líder da quadrilha, conhecido como Don Corleone, em alusão ao personagem mafioso do filme O Poderoso Chefão. A PF não revelou a identidade do líder, que utilizava aplicativos criptografados para se comunicar com os comparsas.
“A droga não era fornecida por eles [os criminosos], mas eles se dispunham a fazer essa remessa do Brasil para o exterior por meio de embarcações”, afirmou o delegado da PF Luccas Dathayde ao jornal Extra. “Eram eles que planejavam essa logística de transporte até o porto [de São Sebastião, em São Paulo] e, a partir do porto, até a Europa. Tudo era planejado por eles e comunicado aos proprietários do entorpecente”, acrescentou o delegado.
As remessas eram enviadas a países como Espanha, Portugal e Bélgica. Segundo a PF, a quadrilha usava doleiros para trazer o dinheiro da Europa para o Brasil e pagar operações logísticas por meio de contas tituladas por laranjas e pessoas fictícias. “Seus integrantes também adquiriam imóveis e colocavam em nome de pessoas jurídicas inexistentes”, informou o Extra.
2.700 quilos de cocaína
As investigações mostraram que, em outubro de 2020, os criminosos articularam a exportação de 2.700 kg de cocaína à Europa a partir do porto de São Sebastião. O destino da carga era a cidade de Cádiz, na Espanha. No entanto, parte da droga – 1.500 kg – acabou confiscada no Brasil, durante uma fiscalização conjunta da PF e da Receita Federal. “Outra parte – 1.200 kg – foi apreendida na Espanha, após comunicação da PF às autoridades policiais espanholas e a atuação da Europol”, disse a Agência Brasil.
Durante a Operação Calvary, os policiais sequestraram 28 imóveis, localizados em quatro estados, diversos veículos, incluindo carros avaliados em mais de R$ 600.000 (quase US$ 106.000) e valores custodiados em contas bancárias de 53 pessoas físicas e jurídicas, incluindo contas abertas em Portugal e na Bélgica, informou a PF.
Segundo o jornal O Globo, a organização também possuía um navio para o transporte da droga. “Ao todo, estima-se que os bens apreendidos durante a operação superem os R$ 50 milhões” (quase US$ 9 milhões), disse a Agência Brasil.
As autoridades determinaram a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 66 pessoas, incluindo 39 pessoas jurídicas suspeitas de serem utilizadas pelos investigados para a prática de lavagem de dinheiro, informou a PF. “A operação foi batizada de Calvary em alusão ao cemitério no qual foi sepultado Don Corleone”, disse a PF.
Quase 2 toneladas de drogas
Em menos de uma semana, forças de segurança brasileiras apreenderam quase 2 toneladas de drogas em distintas operações. Em 21 de novembro, durante o patrulhamento fluvial no Rio Paraná, agentes da PF observaram a movimentação de duas embarcações de pesca navegando em área de proteção ambiental.
“Ao perceberem a aproximação policial, os suspeitos navegaram até a margem do rio, abandonaram os barcos e conseguiram fugir em meio à mata fechada”, informou a PF.
Com o apoio do Exército Brasileiro, os agentes apreenderam as duas embarcações carregadas com 971,5 kg de maconha, disse a PF.
Nesse mesmo dia, policiais federais apreenderam 265 kg de cocaína no Porto de Natal, que tinham como destino o porto de Roterdã, na Holanda. Já em 18 de novembro, agentes da PF e do Batalhão de Polícia de Fronteira interceptaram um veículo com 574 kg de maconha na região de Iporã, no Paraná.