Unidades navais das marinhas do Brasil, da Colômbia e do Peru navegaram pelos principais rios da tríplice fronteira, como parte dos exercícios de treinamento da Operação BRACOLPER Naval 2023, que está em sua 48ª versão. A operação buscou reforçar as ações combinadas contra os crimes transnacionais na tríplice fronteira.
Embarcações dos três países navegaram pelos principais afluentes do Amazonas durante as três fases da operação, entre as cidades de Letícia, na Colômbia; Iquitos, no Peru; e Manaus, no Brasil, entre 22 de agosto e 9 de setembro. A Marinha da Colômbia foi representada pela Flotilha Fluvial do Sul e pelo Batalhão Fluvial de Infantaria da Marinha nº 30, a bordo da canhoneira fluvial ARC Leticia. A Marinha de Guerra do Peru participou com a Canhoneira Fluvial BAP Clavero e a BAP Castilla, e a Marinha do Brasil realizou o treinamento com as Patrulheiras Fluviais Raposo Tavares, do Amapá, Soares de Meirelles, da Rondônia, e o Navio de Assistência Hospitalar Oswaldo Cruz.
“Finalizou com sucesso a participação da canhoneira fluvial ARC Leticia […], que navegou mais de 4.600 quilômetros nos principais afluentes hídricos da área de fronteira entre o Brasil e o Peru, realizando cerca de 20 exercícios navais em conjunto com a Marinha do Brasil e a Marinha de Guerra do Peru”, disse à mídia o Contra-Almirante Orlando Alberto Cubillos Chacón, da Marinha da Colômbia, comandante da Força Naval da Amazônia. “Esses exercícios possibilitaram a coordenação de procedimentos e comunicações, de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), fortalecendo assim as capacidades navais e a interoperabilidade, para enfrentar os crimes transnacionais que afetam a segurança, o desenvolvimento e os ecossistemas da Amazônia.”
Como parte do programa, as marinhas participantes exibiram suas capacidades navais durante desfiles militares, para celebrar os diferentes feriados nacionais de cada país. Para a Colômbia, foi o 213º aniversário da sua independência e o 200º aniversário da Batalha do Lago de Maracaibo, no Ano do Bicentenário Naval da Marinha; para a República do Peru, foi o 202º aniversário da sua independência; e, para o Brasil, foi o 201º aniversário da sua independência.
Da mesma forma, as autoridades navais estabeleceram os compromissos de trocar informações de forma permanente e realizaram atividades de apoio ao desenvolvimento, que permitam levar diferentes serviços às comunidades ribeirinhas dos três países, publicou o Ministério da Defesa Nacional da Colômbia em sua página de X. Também ofereceram ajuda humanitária imediata e realizaram ações concretas para a preservação do meio ambiente amazônico.
Os exercícios da BRACOLPER são realizados desde 1974 e buscam fortalecer as capacidades para enfrentar os desafios impostos pelos crimes transnacionais na área da tríplice fronteira, que tem sido usada como um corredor para o trânsito de cocaína, de crimes ambientais, como desmatamento, tráfico de madeira e mineração ilegal de ouro.
“As áreas remotas têm pouca presença do Estado e a densa copa das árvores torna as atividades ilícitas e os grupos armados quase invisíveis”, diz a organização dedicada ao estudo do crime organizado na América Latina, InSight Crime.
De acordo com a Força Naval da Amazônia da Marinha da Colômbia, no decorrer de 2023 (até 1º de outubro), operações combinadas entre autoridades colombianas e brasileiras resultaram na apreensão de 9.661 quilos de maconha, 4.505 litros de suprimentos líquidos, 12 armas de diferentes calibres, 956 cartuchos de munição de diferentes calibres, US$ 3.336 em moeda estrangeira e a apreensão de duas espécies de fauna. Da mesma forma, no mesmo período, as autoridades peruanas e colombianas apreenderam 400 kg de maconha, 749 kg de cloridrato de cocaína, 61 metros cúbicos de madeira, 16.569 litros de suprimentos líquidos, US$ 22.754 em contrabando e uma espécie de fauna.
“Durante o presente ano de 2023, realizamos importantes operações internacionais, como UNITAS, SOLIDAREX e a operação BRACOLPER na tríplice fronteira com a Amazônia, entre outras”, disse o Almirante de Esquadra Francisco Hernando Cubides Granados, comandante da Marinha Nacional da Colômbia, durante a prestação de contas entregue pelo Ministério da Defesa Nacional à mídia, no encerramento do primeiro semestre de 2023. “É importante entender que o futuro de nossa região é determinado por esforços coletivos para encontrar soluções comuns para desafios transnacionais complexos, a fim de construir uma ordem regional resiliente e sustentável.”