Mais de 7.000 militares das Forças Armadas, policiais e bombeiros continuam combatendo incansavelmente o fogo na Amazônia boliviana, que destruiu 2 milhões de hectares, segundo números oficiais do governo de Evo Morales.
Aproximadamente 18 aeronaves e mais de 200 veículos participam dos trabalhos para controlar o fogo que, desde agosto de 2019, destrói as florestas em Chiquitanía, uma região do estado de Santa Cruz, na fronteira com o Brasil e o Paraguai. O fogo destruiu cinco reservas florestais – habitat de mais de 550 espécies de animais e mais de 50 plantas nativas, informou o governo da Bolívia.
No início de setembro, a batalha boliviana contra os incêndios recebeu o apoio da França, com a chegada de 38 bombeiros especializados e pilotos de drones treinados para missões de reconhecimento e localização de incêndios, bem como 2 toneladas de donativos, incluindo bombas de água e equipamentos de proteção pessoal. A ajuda da França se soma ao apoio regional proveniente do Peru, com dois helicópteros com capacidade para carregar 3.000 litros de água, e da Argentina, que enviou 85 membros da Comissão de Boinas Brancas (organização civil humanitária do Ministério de Relações Exteriores), aos quais se juntaram 200 militares com aproximadamente 40 veículos.
Os Estados Unidos, através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, também contribuiu com a entrega de um lote de 2.000 equipamentos para bombeiros, avaliado em US$ 3 milhões. No dia 9 de setembro, um avião russo de bombeiros (com capacidade para despejar 50.000 litros de água) se juntou aos trabalhos de extinção realizados pelo Supertanker – a maior aeronave de combate a incêndios do mundo – e pelo helicóptero Boeing CH-47 Chinook, com capacidade para transportar 150.000 e 12.000 litros de água respectivamente (ambas as aeronaves foram contratadas através de empresas dos EUA).
“Agradecemos toda a solidariedade internacional que continua a aumentar”, disse Morales em uma entrevista coletiva.
No início de setembro, Morales se reuniu com especialistas de organismos internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas e a União Europeia, além das embaixadas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, para traçar um plano de prevenção, ação e recuperação dos incêndios. No dia 6 de setembro, o presidente da Bolívia também participou de uma cúpula em Leticia, Colômbia, onde sete países amazônicos decidiram adotar medidas de proteção para a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.
O desmatamento, a mineração ilegal, o plantio de cultivos ilícitos e a pecuária em lugares não permitidos representam as ameaças mais graves para a Amazônia. Sessenta por cento da selva amazônica está no Brasil, enquanto a área restante se estende pela Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
Organizações ambientais e defensores dos direitos dos indígenas acusam o governo de Morales de ser responsável pelos incêndios, por haver modificado um decreto que regulamenta as terras de produção florestal. O decreto de julho autoriza queimadas controladas para atividades agropecuárias nos estados de Santa Cruz e Beni, que foram atingidos pelos incêndios.
No dia 9 de setembro, a Anistia Internacional pediu ao governo da Bolívia que suspendesse o decreto e punisse os responsáveis. “As autoridades bolivianas devem investigar de forma científica e independente a origem dessa grave crise”, disse María José Veramendi Villa, pesquisadora da organização não governamental na América do Sul.