Aumentam as apreensões de êxtase no Chile

No início de fevereiro de 2020, a Polícia de Investigações do Chile apreendeu mais de 900 doses de ecstasy na região de Magalhães. As apreensões da droga no Chile têm aumentado consideravelmente, com mais de 1,2 milhão de doses confiscadas em 2019. (Foto: Polícia de Investigações do Chile)
Por Guillermo Saavedra/Diálogo setembro 10, 2020
As apreensões de ecstasy no Chile aumentaram drasticamente, passando de 400.000 para mais de 1,2 milhão de doses entre 2018 e 2019, segundo o Relatório 2020 do Observatório do Narcotráfico no Chile da Promotoria da nação, publicado no dia 29 de julho. O relatório também nota o surgimento de laboratórios de drogas sintéticas no território nacional, especialmente ecstasy, o que considera “uma fase diferente do narcotráfico que era praticado no Chile”.
Em 2019, os Carabineiros do Chile e a Polícia de Investigações encontraram pelo menos 15 laboratórios clandestinos, diz o relatório, dos quais seis seriam para o processamento de drogas sintéticas. O documento explica que “nesse tipo de laboratórios, as drogas não são produzidas nem sintetizadas, são apenas dosificadas”.
“Ocorre que, a partir do ecstasy puro que vem do exterior, aqui se estabelece um processo de fabricação dos comprimidos”, disse ao jornal chileno La Tercera o comissário Patricio Navarro, chefe do Departamento de Substâncias Químicas Controladas do Ministério do Interior.
De acordo com o Relatório Mundial sobre as Drogas 2020 do Gabinete das Nações Unidas para Drogas e Crimes, o ecstasy continua sendo produzido principalmente na Europa.
O relatório acrescenta que dois terços dos laboratórios de ecstasy destruídos em todo o mundo no período de 2014 a 2018 se encontram na Europa. Vários indicadores, como o número de laboratórios destruídos, o número de apreensões realizadas e as quantidades de ecstasy confiscadas sugerem que a oferta global teria aumentado entre 2010 e 2018, diz o documento.
A Unidade Antidrogas da Promotoria do Chile identificou três rotas principais para a entrada do ecstasy no país, informou La Tercera: por correio, a partir da Europa – mais especificamente dos Países Baixos e da Espanha –, por correio, a partir da Colômbia e de outros países vizinhos, e por via terrestre, a partir da Argentina.
“Esse país [a Argentina] denunciou a existência de uma rota a partir dos Países Baixos, passando por Brasil e Uruguai”, disse ao jornal La Tercera Luis Toledo, diretor da Unidade Antidrogas. “O contato dos traficantes chilenos com seus homólogos argentinos permite que os primeiros viajem para adquirir a substância no país vizinho e a tragam para o Chile, escondida em sacolas e em vãos de veículos.”
Em setembro de 2019, durante uma operação conjunta entre as forças de segurança do Chile e da Argentina, as autoridades desarticularam uma quadrilha que enviava drogas pelo correio de Buenos Aires a Santiago. De acordo com a InSight Crime, uma organização especializada em ameaças à segurança na América Latina e no Caribe, as autoridades capturaram 10 pessoas, após detectarem um envio postal com 1,6 quilo de ecstasy em pó. A quadrilha criminosa utilizava o pó para fabricar pílulas.
“Não existe qualquer outra droga na história do país que, em um período tão curto de tempo, tenha tido um aumento tão drástico, tanto em suas apreensões […], quanto em seu consumo”, disse Toledo à La Tercera.