A apreensão de cocaína e outras substâncias ilícitas em contêineres prontos para sair dos terminais aéreos, marítimos e terrestres aumentou em 2020 e chegou a 106 toneladas, 29 a mais do que em 2019, de acordo com o relatório de 1º de março de 2021 do Gabinete das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC, em inglês).
O Programa Global de Controle de Contêineres na América Latina e no Caribe do UNODC relata que foram apreendidas 104,9 toneladas em 242 processos na América Latina, 30,1 a mais do que em 2019. As principais apreensões ocorreram em portos da Colômbia (33 toneladas), Equador (24 toneladas), Brasil (20 toneladas) e Panamá (11 toneladas).
A mais recente apreensão foi comunicada no dia 23 de março pela Direção Nacional de Controle de Drogas da República Dominicana, quando foram confiscados 265 quilos de cocaína escondidos em dois contêineres que seguiriam para a Europa.
“Esses portos são as portas de entrada e os centros de transbordo ao mercado mundial de drogas ilícitas na América do Norte, Europa, África e Oceania”, disse à Diálogo Nicholas Cole, coordenador regional do Programa Global de Controle de Contêineres do UNODC na América Central e no Caribe.
Esses portos são as portas de entrada e os centros de transbordo ao mercado mundial de drogas ilícitas na América do Norte, Europa, África e Oceania”, Nicholas Cole, coordenador regional do Programa Global de Controle de Contêineres do UNODC na América Central e no Caribe.
A maior apreensão ocorreu em junho de 2020, em uma operação coordenada entre a Colômbia e os Estados Unidos, quando foram confiscadas 7,5 toneladas de cocaína em águas internacionais. A droga estava misturada com um produto para construção em uma embarcação que saiu da Colômbia com destino ao Panamá, informou o jornal colombiano El Tiempo.
Os países produtores de cocaína são Colômbia, Peru e Bolívia, em ordem de produção, diz o UNODC. O excesso de oferta nessas nações causou o envio de quantidades maiores de drogas, e as restrições provocadas pela COVID-19 limitaram os métodos alternativos de tráfico disponíveis para os grupos criminosos transnacionais, o que aumentou os confiscos.
Além dessa limitação imposta aos criminosos, há o esforço multidisciplinar para a vigilância contínua dos portos, o fortalecimento da cooperação institucional, a capacitação constante, a análise de novas rotas e modus operandi, as tendências desenvolvidas durante a pandemia e o intercâmbio de informação em nível regional através do software ContainerComm.
Essa ferramenta digital facilita o intercâmbio cifrado de informação confidencial, incluindo a verificação dos números dos contêineres e a criação de alertas no envio de possíveis contêineres de alto risco, explica o UNODC.
O relatório 2020 acrescenta que a região latino-americana aumentou para 317 os usuários do ContainerComm, que receberam 196.392 mensagens. Foram também notificadas 242 apreensões de drogas ilícitas, registrando o total sem precedentes de 104.905 kg de cocaína apreendidos em 2020.
Atualmente, o Programa Global de Controle de Contêineres do UNODC está presente em 18 países, com 35 unidades de controle conjunto em portos marítimos, uma em porto seco e duas unidades em aeroportos.