No dia 8 de maio de 2018, o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos não mais participariam do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, em inglês) [mais conhecido como acordo nuclear entre o Irã e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – além da Alemanha, junto com a União Europeia]. Depois dessa decisão, todas as sanções secundárias dos EUA contra o Irã foram reinstituídas, a partir de 6 de novembro de 2018.
O restabelecimento das sanções fez com que a economia iraniana entrasse em grave recessão, pois companhias importantes abandonaram os mercados do Irã. Segundo um Relatório do Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA, divulgado em 24 de janeiro de 2020, as sanções contra o Irã têm sido um importante componente da política dos EUA desde 1979. Esse relatório ressalta: “As sanções estão no centro da política da administração de Trump para exercer uma ‘pressão máxima’ no Irã, com o objetivo declarado de forçar o país a negociar uma revisão do JCPOA que leve em consideração as múltiplas preocupações dos EUA quanto ao Irã.”
JCPOA
No dia 30 de janeiro de 2020, o Departamento do Tesouro dos EUA declarou: “Hoje, em sua mais importante ação já praticada em um só dia contra o regime iraniano, o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, em inglês) do Departamento do Tesouro dos EUA sancionou mais de 700 indivíduos, entidades, aeronaves e embarcações… Isto eleva para mais de 900 o número de alvos relacionados ao Irã sancionados sob essa administração em menos de dois anos, mostrando o mais alto nível de pressão econômica dos EUA contra o Irã.”
Segundo o Relatório do Serviço de Pesquisas do Congresso acima citado, os bancos iranianos “estão envolvidos no financiamento do terrorismo, nos avanços do programa de mísseis balísticos do Irã e na continuidade do apoio que o Irã oferece ao terrorismo”. De acordo com um comunicado à imprensa do Departamento do Tesouro dos EUA, divulgado no dia 5 de novembro de 2018, “mais de 70 instituições financeiras vinculadas ao Irã e suas subsidiárias estrangeiras e nacionais foram designadas ou identificadas e incluídas na Lista SDN [Cidadãos Especialmente Designados].
A subsecretária do Tesouro Sigal Mandelker disse: “Essa ação tem como objetivo deter os bancos iranianos, que facilitam a repressão interna no Irã e o aventureirismo estrangeiro do sistema financeiro internacional, e mostrará ao mundo a verdadeira natureza dos abusos do regime contra seu sistema bancário nacional.”
Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, disse à CNBC: “Pretendemos garantir que o regime iraniano pare de desviar suas reservas de moeda forte para investimentos corruptos e para as mãos dos terroristas”. Mnuchin descreveu 17 sanções específicas contra os maiores produtores de aço e ferro do Irã, além de três entidades sediadas nas ilhas Seychelles e um navio cargueiro envolvido no transporte de produtos.
De acordo com o relatório da Avaliação Mundial de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA, publicado no dia 29 de janeiro de 2019, “o Irã também continua a desenvolver as suas próprias minas navais cada vez mais avançadas, pequenos submarinos e aeronaves de ataque”, acrescentando que “os programas nucleares e de mísseis do Irã poderiam ter progredido mais se as sanções não tivessem sido impostas”.
O representante especial dos EUA para o Irã, Brian Hook, enfatizou que o governo de Trump continuará sua campanha de pressão máxima este ano. Hook disse que a República Islâmica está enfrentando a pior crise financeira e instabilidade política em seus 40 anos de história e enfrentará um período ainda mais desafiador em 2020.
Venezuela
Segundo um relatório de 23 de maio de 2019 de Jay Solomon, membro-adjunto do Instituto Washington para a Política do Oriente Próximo, “o Irã começou a fazer voos semanais para Caracas, potencialmente para enviar suprimentos militares para Maduro. Enquanto isso, o Hezbollah libanês e Cuba destacaram uma rede de oficiais de inteligência para ajudá-lo a manter o controle dos militares e das ruas”. A Venezuela e o Irã aumentaram seus vínculos comerciais na tentativa de driblar as sanções internacionais. Solomon explicou ainda “que o maior temor de Washington é que o Hezbollah utilize a desestabilização financeira e política da Venezuela para aumentar seus rendimentos com o narcotráfico, em um momento em que o apoio do Irã ao grupo foi reduzido drasticamente”, acrescentou.
O jornal The New York Post relatou que começaram a surgir mesquitas na Venezuela, ao mesmo tempo em que voos diários entre Caracas e Teerã transportam carga suspeita, inclusive armas. Martin Arostegui, repórter da Voz da América, disse: “O Irã se juntou à Rússia, Cuba e Turquia e declarou apoio a Maduro, depois que o presidente Donald Trump suspendeu o reconhecimento dos EUA ao seu governo e deu seu apoio ao líder parlamentar Juan Guaidó em fevereiro [de 2019]. O governo dos EUA endureceu as sanções e ameaçou intervir militarmente para derrubar o regime de Maduro.”