“Nossos parceiros são nossa força.” É assim que o General-de-Brigada do Exército dos EUA Mark R. Stammer, comandante do Exército Sul dos EUA (ARSOUTH, em inglês), descreve sua interação com os exércitos das nações parceiras para fortalecer a segurança regional. Em seus seis meses no comando (desde outubro de 2017), ele tem promovido esforços para aproximar e integrar os exércitos das nações parceiras, para apoiar a assistência humanitária e as operações de ajuda em desastres, além de contra-atacar as redes de ameaças transnacionais (T3N).
O ARSOUTH é responsável por sincronizar e coordenar os componentes terrestres operacionais dentro da área de operações do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM). O Gen Bda Stammer conversou com Diálogo para discutir sobre o foco do ARSOUTH, sua preocupação com a segurança regional na América Latina e no Caribe, além de outros temas.
Diálogo: Qual é o foco principal do Exército Sul dos EUA na América Latina e no Caribe?
General-de-Brigada do Exército dos EUA Mark R. Stammer, comandante do Exército Sul dos EUA: O ARSOUTH tem dois papéis na área de responsabilidade do SOUTHCOM, com diferentes áreas de foco em cada papel. Como comando componente do serviço do exército, nossa prioridade número um, assim como a do Exército dos EUA, é a prontidão. O ARSOUTH está apoiando isto por meio do planejamento combinado dos exercícios de treinamento com as nações parceiras em toda a região. Esses exercícios são elaborados para desenvolver a prontidão na força total.
Como Comando do Componente Terrestre das Forças Conjuntas do SOUTHCOM, a prioridade número um é o contra-ataque às redes de ameaças. O ARSOUTH trabalha junto com as agências federais americanas e as forças de segurança das nações parceiras para identificar e contra-atacar as redes de ameaças. Nós fornecemos oportunidades de treinamento para as forças americanas em coordenação com as forças de segurança das nações parceiras, em apoio ao Plano de Campanha do SOUTHCOM e aos imperativos militares do comandante [do SOUTHCOM, Almirante-de-Esquadra Kurt W.] Tidd.
Diálogo: Qual é o seu objetivo principal como comandante do ARSOUTH, em particular após seis meses no posto?
Gen Bda Stammer: Meu objetivo número um é o de melhorar o valor coletivo do nosso exército e as parcerias de força de segurança. Devemos alavancar nossas relações maduras, integrando nossas capacidades únicas em estratégias regionais para a assistência humanitária e ajuda em desastre, além de contra-atacar o impacto corrosivo e destrutivo das redes de ameaças em todas as nossas populações. Estamos trabalhando com os exércitos das nações parceiras para desenvolver estratégias regionais de contra-ataque às redes de ameaças e de apoio à assistência humanitária e às operações de ajuda em desastres.
Diálogo: O que o senhor espera conquistar com cada país engajado na área de operações do SOUTHCOM, seja por meio de exercícios, interações-chave de liderança ou outras interações?
Gen Bda Stammer: O objetivo de todas as interações é o de fortalecer a segurança regional. Nós apoiamos nossos parceiros em seu desenvolvimento e aprimoramento da capacidade para responder aos seus desafios individuais. Utilizamos exercícios e interações como oportunidades para formar a interoperabilidade. Podemos ensaiar mecanismos e padrões de procedimentos de operações para empregar numa coalizão multinacional regional. Além disso, os exercícios desenvolvem a prontidão tanto dos Estados Unidos como das nossas nações parceiras. Nós nos dedicamos a tornar nossos exercícios mais realistas e benéficos para todos os participantes. Interações-chave de liderança representam oportunidades para que o ARSOUTH aprenda mais sobre nossas nações parceiras, suas preocupações e onde nossos interesses mútuos se alinham para aprimorar a prontidão e aumentar a segurança regional.
Diálogo: Qual é a sua maior preocupação em termos de segurança regional na América Central, na América do Sul e no Caribe?
Gen Bda Stammer: Uma das maiores preocupações no momento é a Venezuela. As pessoas estão fugindo de lá em grande número devido à falta de recursos, segurança e necessidades básicas, como alimentos e água potável. É uma crise humanitária extremamente desafiadora que afeta todos nós.
Além disso, as redes de ameaças transregionais na área de operações do SOUTHCOM mobilizam US$ 6,8 bilhões em produtos ilícitos, além de pessoas. Todos os países na nossa região estão sentindo o impacto das atividades ilícitas viabilizadas por essas redes. As redes de ameaças podem se adaptar rapidamente às mudanças de ambiente, às alterações nas demandas de mercado e aos métodos que as forças de segurança e justiça usam para atacá-las. A natureza competitiva e adaptativa dessas organizações garante caminhos para o tráfico e a produção ilícita, o que lhes permite explorar os cidadãos vulneráveis em sua busca voraz por lucros. Os efeitos dessas organizações provocam a desestabilização das instituições, o aumento da violência, a desumanização das pessoas, o vício em drogas e possivelmente a movimentação de terroristas que pretendem ferir civis.
Diálogo: Que tipo de estratégias regionais e interações o senhor promove agora ou planeja promover para apoiar as operações multinacionais para contra-atacar as T3N?
Gen Bda Stammer: O papel do ARSOUTH é o de apoiar diretamente as equipes nacionais americanas e forças de segurança que trabalham em uníssono com nossas nações parceiras em toda a região. Nossa estratégia de interação está focada em conquistas objetivas mútuas que aprimorem a capacidade e prontidão dos EUA e das forças das nações parceiras para executar suas missões em apoio ao governo civil nomeado por eles. Buscamos fomentar inclusão, colaboração e consenso com todos os países da região, para responder rapidamente aos desafios e às ameaças antes que se tornem uma crise.
O ARTHSOUTH trabalha com oficiais de cooperação de segurança e nações parceiras para entender completamente os desafios de inteligência e operacionais a curto e longo prazo, para contra-atacar as redes de ameaças, adaptando as interações para ajustar mudanças institucionais em vez de utilizar uma abordagem unilateral e tática.
Diálogo: Como o senhor utiliza os esforços dos países da região para impedir as T3N?
Gen Bda Stammer: O ARSOUTH, por meio do Comando Componente Terrestre de Forças Conjuntas e da Conferência dos Exércitos Americanos, promove o diálogo em nível regional e hemisférico para gerar a cooperação transnacional, o compartilhamento de informações, bem como a colaboração em técnicas e estratégias para combater as redes de ameaças. Trabalhamos com cada país para fornecer o máximo de informações possível, para permitir que nossas nações parceiras contra-ataquem essas redes de ameaças. Em muitos casos, seus esforços resultam na extradição e ação processual contra líderes de redes de alto nível nos Estados Unidos.
Diálogo: Como o ARSOUTH se prepara para executar operações de resposta rápida e de ajuda humanitária em desastres?
Gen Bda Stammer: A chave do sucesso nas operações de contingência está baseada no treinamento e na prontidão dos soldados. Mantemos o foco no fundamental para garantir que nossa equipe esteja pronta para agir. Exercitamos nossos conceitos e programas frequentemente para garantir nossa habilidade de responder rápida e efetivamente quando necessário.
Diálogo: Qual é a importância da colaboração regional conjunta entre as nações parceiras e os Estados Unidos para alcançar os objetivos comuns?
Gen Bda Stammer: Os Estados Unidos e seus parceiros estão alinhados estrategicamente e têm um interesse principal comum: a estabilidade para o crescimento. A colaboração regional conjunta é muito importante para estabilizar e assim promover o crescimento que ocorre diariamente em toda a nossa área de operações. Além disso, nossos parceiros ganham estabilidade ao reduzir as T3N. Para isso, precisamos ter a colaboração regional conjunta para colocar pressão simultaneamente nesses tipos de organizações.
Diálogo: Como as relações que o senhor constrói o ajudam a fortalecer e beneficiar a colaboração entre o Exército dos EUA e os exércitos das nações parceiras?
Gen Bda Stammer: As relações são importantes. Somos sempre melhores quando trabalhamos juntos. Quando conduzimos exercícios multilaterais combinados como o PANAMAX, formamos e fortalecemos relações. As nações parceiras participantes do exercício desenvolvem relações pessoais que podem aprimorar muito a colaboração regional. Nossos parceiros são nossa força.
Diálogo: Que mensagem o senhor gostaria de enviar às nações parceiras na América Latina e no Caribe?
Gen Bda Stammer: Nossos valores compartilhados dão uma base para as relações fortes dentro da região. Essas parcerias são vitais para a cooperação fortalecida no hemisfério ocidental e são essenciais para o combate às redes de ameaças transregionais e transnacionais. O trabalho conjunto garante um alicerce forte de proteção e segurança. Nós nos empenhamos para ser o parceiro de escolha para cada nação e nos comprometemos com a proteção, a segurança e os direitos das pessoas às quais nossas forças armadas servem.
Diálogo: O senhor gostaria de destacar algo mais para os leitores da Diálogo?
Gen Bda Stammer: O ARSOUTH, o SOUTHCOM e todas as nações parceiras têm interesses comuns em defender nossas constituições, países e nossos povos. Posso dizer com toda a confiança que continuaremos a ter sucesso. Com a miríade de profissionais entre nossos parceiros, o SOUTHCOM e o ARSOUTH vamos assegurar que a prontidão e a cooperação em segurança continuem sendo primordiais, garantindo também que o esforço máximo seja realizado para evitar que as redes de ameaças destruam a segurança regional.