Nos últimos meses, os governos da Argentina e da Bolívia fizeram progressos na cooperação militar, espacial e tecnológica de comunicação.
Entre os últimos acontecimentos, em julho, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação da Argentina, Daniel Filmus, visitou a Estação Terrestre Amachuma, da Agência Boliviana Espacial (ABE). Em maio, o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana, recebeu seu homólogo boliviano, Edmundo Novillo Aguilar, com quem assinou um acordo de cooperação técnica militar para fortalecer as relações entre as forças armadas. Os analistas de segurança destacaram a importância das iniciativas para ambos os países.
“Para a Bolívia, [os acordos] são importantes porque tornam possível recuperar alguma presença internacional”, disse à Diálogo Juan Belikow, professor de Relações Internacionais da Universidade de Buenos Aires. “Para a Argentina, [eles são importantes para] encontrar mercados para sua indústria militar, o que poderia trazeralguns recursos para o setor de defesa”, afirmou.
Cooperação espacial
A delegação argentina foi recebida na Estação Terrestre Amachuma pelo diretor geral executivo da ABE, Jhonny Iván Zambrana Cruz. “Tivemos uma reunião muito boa e fizemos progressos em uma agenda de cooperação no âmbito espacial, de comunicações e capacitação de investigadoras e investigadores, disse o ministro Filmus em um comunicado. “Procuraremos trabalhar juntos para fabricar satélites e receber imagens.
A ABE é uma empresa estatal responsável pelo desenvolvimento e implementação dosprojetos espaciais da Bolívia, incluindo a gestão dos serviços do Túpac Katari (TKSAT-1), o primeiro satélite de telecomunicações do país, lançado em 2013. O satélite é controlado a partir das estações terrestres de Amachuma e La Guardia, em Santa Cruz, informou a Agência Boliviana de Informação.
Filmus também visitou o Centro de Medicina Nuclear El Alto e se reuniu com a diretora geral executiva da Agência Boliviana de Energia Nuclear, Hortensia Jiménez. “O Centro foi construído pelo INVAP [Instituto de InvestigaçõesAplicadas, uma empresa argentina], no âmbito de um contrato que também estipulou a instalação de equipamentos, comissionamento, formação de recursos humanos e consultoria para a gestão sustentável em associação com a Comissão Nacional de Energia Atômica”, informou o governo argentino em um comunicado.
Cooperação Militar
Por sua vez, o acordo de cooperação técnica militar assinado em maio entre a Argentina e a Bolívia foi muito importante para o fortalecimento de suas relações. A partir doacordo, será criado o grupo de trabalho Argentino-Boliviano, que visa fortalecer as relações bilaterais e a colaboração em questões de defesa.
“Em algumas coisas, temos oportunidades muito concretas de crescer para nosso benefício mútuo”, afirmou Taiana em declarações à agência de notícias argentina Telam. “Conversamos com o ministro Novillo sobre vários desses pontos que têm a ver com reparos de aeronaves, compra de materiais, entre outras coisas.”
Por sua vez, o ministro Novillo destacou que o acordo fortalecerá as relações bilaterais em três áreas: segurança, defesa e desenvolvimento. “A Argentina tem bom potencial e pode contribuir e aportar se gerarmos espaços de integração entre povos irmãos”, disse Novillo, após a reunião no edifício Libertador, sede da Defesa em Buenos Aires. “Devemos trabalhar em processos complementares e de reciprocidade conjunta.”
O ministro da Defesa da Bolívia também lembrou do envio, em fevereiro de 2022, de 70 brigadeiros do Exército, da Marinha e da Força Aérea da Bolívia, juntamente com 10 técnicos, para apagar incêndios na província argentina de Corrientes. “Essa experiência levou à criação do Comando Conjunto de Reação a Emergências Adversas das Forças Armadas, com o objetivo de reduzir os efeitos dos incêndios que afetam diferentes áreas e causam muitos danos”, disse o ministro Novillo.
“Com a Bolívia, estamos ligados por uma história compartilhada, uma geografia e um forte vínculo que conecta nossos povos. Estou convencido de que estes são momentos que merecem fortalecer os laços bilaterais com generosidade e amplitude, e que a Defesa é uma boa ponte para isso”, concluiu Taiana.