Os grupos armados ilegais estão presentes em 33 dos 35 municípios dentro das áreas protegidas da Amazônia colombiana, informou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz da Colômbia (Indepaz). Esses municípios incluem os departamentos de Putumayo, Caquetá, Guaviare, Guainía, Vaupés e Amazonas, disse Indepaz à Diálogo, em 29 de janeiro.
Os grupos armados ilegais, incluindo os dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o Clã do Golfo, entre outros, ameaçam os membros dessas comunidades, recrutam-nos para suas fileiras e até mesmo lhes fornecem identificação para “permitir” que viajem pela região e voltem para casa, disse Indepaz.
Também se registraram extorsões e assassinatos de líderes, ao mesmo tempo em que instalaram dispositivos explosivos e destruíram a infraestrutura de telecomunicações.
Esses grupos criminosos também negam a entrada a guardas florestais, declarando-os “objetivos militares”, ou seja, se eles entrarem nessas áreas, serão mortos.
Em meio às ações de “paz total”, o Conselho Regional Indígena de Cauca denunciou, em 26 de janeiro, que um grupo de criminosos deteve violenta e ilegalmente seis adultos e dois menores, que viviam na reserva indígena de Paniquita, município de Tororó. Sob pressão das autoridades locais, as vítimas do sequestro foram libertadas, mas o motivo do sequestro e o grupo armado que o executou ainda são desconhecidos, informou o jornal Publimetro Colombia, em 28 de janeiro.
“No departamento de Cauca, o ELN e os grupos dissidentes das FARC recrutaram mais de 500 crianças, em sua maioria indígenas, desde 2021”, denunciou Human Rights Watch em seu Relatório Mundial 2023 sobre a Colômbia. “Membros das comunidades indígenas Nasa que se opõem aos abusos dos grupos armados são ameaçados e assassinados. Os confrontos entre criminosos rivais, principalmente no município de Argelia, deixaram mais de 2.600 pessoas deslocadas e confinadas.”
A violência em Cauca é resultado principalmente do confronto entre os dissidentes das FARC e o ELN, que, desde 2023, busca controlar municípios como Totoró, Jambaló, Caldono, Santander de Quilichao e outros, detalhou o jornal El Colombiano.
Embora os homicídios tenham diminuído desde o acordo de paz de 2016 com as FARC, a violência em algumas áreas aumentou, pois os grupos dissidentes das FARC, o ELN e o Clã do Golfo, entre outros, lutam pelo controle, informou AP. O plano de “Paz Total” do presidente colombiano Gustavo Petro incluiu conversações de paz e cessar-fogo com os grupos armados. Em meados de janeiro, por exemplo, o governo colombiano prorrogou o cessar-fogo com o grupo FARC-EMC, que estava previsto para expirar até 15 de julho.
No entanto, a localização estratégica do Pacífico colombiano para as economias ilícitas desses grupos impede terminar a violência. “O que estamos vendo é uma disputa sobre a importância das rotas de drogas”, disse Andrés Preciado, diretor de dinâmicas de conflitos da Fundação Ideias para a Paz, ao jornal espanhol El País. “Além disso, as plantações ilícitas cresceram. É o cenário perfeito para a consolidação da economia criminosa do narcotráfico.”
Proteger os defensores do meio ambiente, combater a economia criminosa e controlar as áreas onde imperam os grupos armados ilegais são alguns dos desafios urgentes para a paz na Colômbia, indicou Mongabay Latam. Os dados da Defensoria do Povo da Colômbia divulgados em 9 de janeiro indicavam que 181 líderes e defensores de direitos humanos foram assassinados em 2023.
“Está claro que devemos redobrar nossos esforços para proteger os defensores dos direitos humanos na Colômbia. Não podemos permitir que o medo e a violência silenciem as vozes corajosas que lutam por um país mais justo e seguro”, afirmou o colombiano Carlos Camargo Assis, Defensor do Povo. “É responsabilidade dos órgãos estatais implementar planos e políticas públicas de prevenção e garantias para aqueles que defendem os direitos humanos.”