Diálogo entrevistou o General de Brigada do Exército da Colômbia Javier Alonso Díaz Gómez, adido de Defesa da Colômbia nos Estados Unidos, que recentemente visitou as instalações do Comando Sul na Florida.
Diálogo: Qual a importância para as Forças Militares da Colômbia de ter um adido de Defesa nos Estados Unidos?
General de Brigada do Exército da Colômbia Javier Alonso Díaz Gómez, adido de Defesa da Colômbia nos Estados Unidos: A existência de um adido de Defesa é muito importante porque promove e dinamiza o desenvolvimento da cooperação em defesa e segurança entre a Colômbia e os Estados Unidos. Seguimos as diretrizes do Ministério da Defesa [da Colômbia] e do Comando Geral das Forças Militares [da Colômbia] e as que se referem à defesa e à segurança das embaixadas de forma bilateral com os Estados Unidos, bem como o impacto da missão permanente da OEA [Organização dos Estados Americanos].
Diálogo: Qual é sua maior contribuição para as relações entre a Colômbia e os Estados Unidos?
Gen Bda Díaz: Fomentar a confiança e a segurança através de um diálogo regular sobre defesa e segurança em questões bilaterais e multilaterais de interesse mútuo, fortalecendo as relações entre os dois países, com o objetivo de contribuir para a segurança e a estabilidade da região e do hemisfério.
Diálogo: Como a Colômbia coopera com os Estados Unidos na luta contra as ameaças à segurança regional?
Gen Bda Díaz: Temos vários acordos, como o Plano de Ação Conjunta (USCAP, em inglês) de Segurança Regional, que desenvolve o plano de ação de cooperação na luta contra o problema mundial das drogas, do terrorismo e do crime organizado transnacional. Da mesma forma, temos o modelo de cooperação em segurança internacional, implementado através da Cooperação Sul-Sul e dos esforços triangulados com os EUA, que permitiram que as forças militares da Colômbia reposicionassem o país em nível regional e internacional, através da estratégia de cooperação internacional em segurança integral, como uma das forças de segurança mais experientes do mundo. Nós também participamos do desenvolvimento de operações internacionais conjuntas em coordenação com diferentes países da América Latina e do Caribe, e contamos com o Comando contra o Narcotráfico e Ameaças Transnacionais.
Diálogo: Que novidades as forças militares apresentam para combater as ações do narcotráfico?
Gen Bda Díaz: Apesar do apoio recebido nessa cooperação triangular, as necessidades são muitas e, por conseguinte, realizam-se reuniões permanentes com organismos antidrogas, como a Administração para o Controle de Drogas dos EUA e algumas agências como a Agência de Inteligência de Defesa, com o objetivo de articular e dinamizar os esforços conjuntos na luta contra as ameaças que afetam a região.
Diálogo: Quais são as ameaças provenientes do crime internacional, incluindo o crescente fluxo do narcotráfico, que afetam a estabilidade e a segurança da Colômbia?
Gen Bda Díaz: A Colômbia enfrenta ameaças transnacionais de grande envergadura, como as organizações criminosas dedicadas especialmente ao tráfico de entorpecentes, com cartéis originários de alguns países das Américas Central e do Sul, que constantemente enviam emissários ao país com a tarefa de verificar a qualidade da droga e garantir as rotas de exportação do alcaloide, principalmente com destino à América Central e à Europa.
A presença de integrantes de grupos extremistas e terroristas como o Estado Islâmico e a al-Qaeda na região, especialmente em território venezuelano, aumenta os riscos para a Colômbia. Sabe-se que essas pessoas podem estar mantendo encontros com funcionários e militares pertencentes a esse regime e com alguns líderes e integrantes especialmente do ELN [Exército de Libertação Nacional] e dos GAO [Grupos Armados Organizados] residuais das extintas FARC.
Outro fenômeno é a questão da mineração ilegal, que gera muito mais dividendos financeiros do que o próprio tráfico de drogas em algumas regiões do país. Da mesma forma, os ataques cibernéticos contra a infraestrutura estratégica do país são outras ameaças que as autoridades colombianas enfrentam, igual que a empresa pública e privada, pois as organizações dedicadas ao hacking veem nessa modalidade uma oportunidade para incrementar a extorsão e a chantagem.
Por fim, temos a migração irregular, pois a ditadura de Nicolás Maduro provocou um êxodo de mais de 5 milhões de venezuelanos em toda a região sul do continente, e grande parte dessa população de baixa renda é captada por grupos armados organizados e organizações criminosas, principalmente para o tráfico de entorpecentes, o recrutamento e a instrumentalização em protestos violentos.