O Coronel Sandor Gálvez, do Exército do Peru, é um dos 11 conselheiros militares das nações parceiras (PNMA) no Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM).
Ao longo dos 30 anos de sua carreira, o Cel Gálvez, que nasceu em Lima, ocupou cargos de comando em vários níveis e traz uma grande experiência no âmbito da luta contra o terrorismo, mais recentemente no Vale dos Rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM), onde adquiriu experiência no planejamento e na execução de operações de guerra não convencionais. Ele também serviu como chefe da Subdireção das Missões de Paz em 2021.
O Cel Gálvez obteve vários mestrados acadêmicos e um doutorado. Ele entrou para o programa PNMA do SOUTHCOM em fevereiro de 2022.
Diálogo: Qual é a importância para o Peru de participar do PNMA?
Coronel Sandor Gálvez, do Exército do Peru, conselheiro do programa Conselheiro Militar de Nações Parceiras do SOUTHCOM: Considero importante compartilhar experiências, a fim de melhorar nossos procedimentos na luta contra ameaças comuns na região, como o terrorismo e o narcotráfico, e também devido à cooperação que deve existir para combatê-las. Esses processos fortalecerão as relações multilaterais entre os países parceiros e aliados do SOUTHCOM.
Outro ponto importante é a participação nos treinamentos e exercícios oferecidos, tais como PANAMAX, UNITAS e Fuerzas Comando, e a aquisição de experiência no desenvolvimento dos mesmos.
Além disso, é importante participar do PNMA para fortalecer os laços de cooperação, fraternidade, amizade e camaradagem com os países parceiros e aliados, a fim de padronizar os procedimentos na luta contra as ameaças regionais.
Diálogo: O SOUTHCOM tem 11 oficiais no PNMA. Por que é importante que as nações parceiras do hemisfério ocidental se juntem a este programa?
Cel Gálvez: Devemos nos unir para fortalecer a segurança cooperativa e coletiva na região. Não devemos esquecer que as ameaças são comuns a nossos países e que unidos somos mais fortes.
O fortalecimento de nossas relações multilaterais com os países parceiros e aliados do SOUTHCOM é da maior importância, pois poderíamos enfrentar um cenário operacional complexo no futuro, no qual participaremos todos como uma equipe.
Diálogo: Quais são seus objetivos como representante do Peru no SOUTHCOM?
Cel Gálvez: Meus objetivos são os seguintes:
Contribuir para a realização dos objetivos militares do meu país, que se baseiam essencialmente na luta contra ameaças comuns, que por sua vez contribuirão para a pacificação regional. Para isso, temos que alinhar nossos esforços com os do SOUTHCOM e, desta forma, contribuir para o sucesso de nossos objetivos.
Receber assistência tecnológica e de inteligência para combater as ameaças transnacionais.
Ganhar experiência em operações de defesa cibernética, a fim de transferir esses conhecimentos ao meu país, e combater as ameaças associadas ao trabalho remoto e/ou ameaças internas dentro de instituições militares.
Diálogo: Quais são suas prioridades no momento?
Cel Gálvez: Basicamente, é incrementar a cooperação (equipamento, tecnologia e treinamento) e o intercâmbio com o SOUTHCOM, assim como com os países parceiros e aliados, a fim de combater a radicalização terrorista e as organizações dedicadas ao tráfico de drogas. Para isso, precisamos capacitar nossos agentes de inteligência e receber tecnologia que nos permita capturar os principais “chefes” dessas organizações criminosas transnacionais.
É também muito importante continuar e incrementar as capacidades das forças especiais, que são as que entram em contato direto com essas ameaças. A capacitação tática é muito importante para atender aos objetivos operacionais nos diferentes níveis.
Também considero de suma importância a capacitação e a cooperação no âmbito da defesa cibernética, para poder combater os ataques cibernéticos.
Diálogo: Como a pandemia do coronavírus afetou o Peru e como as Forças Armadas ajudam as autoridades civis?
Cel Gálvez: A pandemia tem afetado enormemente o Peru. Como consequência, a pobreza aumentou; crianças e adolescentes deixaram de estudar e muitos ficaram órfãos. A saúde mental desses jovens também foi afetada e o número de vítimas de violência doméstica aumentou, de acordo com relatórios de fontes abertas.
As Forças Armadas desempenharam um papel preponderante na ajuda às autoridades civis durante a pandemia, através de dois pilares fundamentais, que foram a intervenção e o rompimento da cadeia de contágio.
Na intervenção, foram realizadas patrulhas diárias nas ruas e nos centros de abastecimento em nível nacional, bem como operações de controle de fronteiras, portos e aeroportos, apoio ao Ministério da Saúde com o sistema de saúde das Forças Armadas, na coleta de amostras e vacinação, e a implementação das cinco torres da Villa Panamericana para a acomodação, o monitoramento e a recuperação de pessoas infectadas.
Para romper a cadeia de contágio, realizamos transferências de pacientes críticos e transferências humanitárias por via aérea e terrestre; oferecemos apoio aos municípios mais pobres de todo o país na entrega de alimentos e controle dos mercados. Com as aeronaves das Forças Armadas, foi realizada a transferência de pessoas que não podiam regressar aos seus lugares de origem por diferentes motivos.
Além disso, foi implementado o Plano Te Cuido Perú, lançado pelo Ministério da Defesa, que permitiu, através de alertas em telefones celulares e um sistema de semáfora virtual, saber se as pessoas estão próximas a uma área de concentração de casos, o que ajudou a manter as pessoas longe de áreas “quentes” e evitar que elas entrassem em determinados blocos, bairros e mercados. Isto faz parte do sistema do Governo Digital do Peru.
Diálogo: No seu caso, o senhor tem experiência em operações de combate ao terrorismo no VRAEM. Como essas e outras tarefas o prepararam para sua atual posição aqui no SOUTHCOM?
Cel Gálvez: Ganhei experiência no planejamento contraguerrilhas, tendo participado como oficial de operações na zona de emergência. Essa experiência me ajuda a entender e conhecer as ameaças na região onde vivemos. São ameaças que não têm fronteiras e, portanto, afetam a todos, e o SOUTHCOM tem interesse em combatê-las. Nesse sentido, posso contribuir para a realização dos seus objetivos.
Diálogo: Que lições de cooperação o senhor espera levar para seu país ao terminar sua missão no SOUTHCOM?
Cel Gálvez: Basicamente, fortalecer nossas relações e alianças com o SOUTHCOM, países parceiros e aliados, como parte dessa equipe multinacional, bem como poder unificar nossos esforços na luta contra as ameaças comuns na região, especificamente na luta contra o terrorismo e o narcotráfico e outras novas ameaças que possam surgir no futuro.