O Tenente Brigadeiro do Ar Eladio Casimiro González Aguilar, da Força Aérea, comandante das Forças Militares do Paraguai, recebeu Diálogo em seu quartel-general para conversar sobre suas metas e o destacamento sem precedentes da capacidade operacional, para apoiar as instituições do Estado envolvidas na contenção e mitigação da pandemia da COVID-19.
Diálogo: Quais são suas metas imediatas como comandante das Forças Militares do Paraguai?
Tenente Brigadeiro do Ar Eladio Casimiro González Aguilar, da Força Aérea, comandante das Forças Militares do Paraguai: Entre minhas metas está consolidar o plano de aperfeiçoamento da capacidade de defesa das Forças Armadas para fortalecer seu sistema de mobilidade no território nacional, apoiar os órgãos de segurança para combater o crime organizado e toda a atividade criminosa que abale a ordem interna da República, ampliar o papel das Forças Armadas nas tarefas de restabelecimento da ordem interna, como a luta contra os crimes transnacionais, o narcotráfico, o roubo de gado, o contrabando e o tráfico de armas, entre outros, e incrementar as ações cívico-militares que melhorem as condições de vida dos paraguaios.
Diálogo: O narcotráfico é uma das ameaças à segurança no Paraguai. Como as Forças Armadas do país combatem esse flagelo?
Ten Brig Ar González: O combate ao narcotráfico é uma das prioridades do governo nacional. No Paraguai, a instituição encarregada por lei do combate a esse flagelo é a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), entidade à qual oferecemos nosso apoio com pessoal instruído em técnicas de operações especiais, recursos materiais e inteligência. Da mesma forma, nosso Comando de Operações de Defesa Interna, integrado pelo Exército, pela Marinha e pela Força Aérea, realiza operações de interdição de entorpecentes em apoio à SENAD, através de incursões, destruição de cultivos, laboratórios e pistas clandestinas, e detém cidadãos nacionais e estrangeiros envolvidos no tráfico ilícito de drogas.
Diálogo: Por que é importante para as Forças Armadas do Paraguai participar das missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU)?
Ten Brig Ar González: O Paraguai é um país signatário e membro da ONU e, através das missões de paz, nosso pessoal tem a oportunidade de se projetar de maneira profissional, participar de atividades humanitárias e estabelecer vínculos profissionais com militares, policiais e civis de quase todo o mundo. Essa experiência multinacional proporciona ao nosso pessoal uma visão mais ampla dos novos desafios nesses tipos de conflitos, permitindo que eles adquiram experiência internacional e conhecimentos na área. Nossa participação remonta a 1965, quando foi integrada a Força Interamericana de Paz com um contingente de 200 homens. Na década de 1990, destacamos oficiais como parte da Força-Tarefa Argentina no Chipre e, desde o ano 2000, enviamos observadores militares a diferentes missões no Afeganistão, Burundi, Costa do Marfim, Etiópia, Libéria, Nepal, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Síria e Sudão, entre outros. Entre 2010 e 2017, contribuímos para a missão do Haiti. Atualmente, temos 34 oficiais destacados e, ao todo, destacamos 1.326 militares nas missões de paz da ONU, entre os quais 54 são mulheres.
Diálogo: Quais os avanços realizados na capacitação e na profissionalização dos graduados?
Ten Brig Ar González: Demos passos muito importantes na formação, capacitação e especialização dos graduados, especialmente desde que assumi o comando. Implementamos processos de seleção para a admissão nas instituições de formação de aspirantes a graduados, que são equivalentes a institutos técnicos superiores. O graduado egresso, e gradualmente durante sua carreira, realiza o curso de especialização e capacitação, de acordo com os perfis estabelecidos em suas respectivas forças, comandos e direções. Além disso, fornecemos bolsas de estudo aos melhores graduados para que estudem no exterior, principalmente nos Estados Unidos. O profissionalismo, a dedicação ao trabalho, o espírito de corporação e o valor desses graduados é motivo de orgulho para mim e para todos os componentes das Forças Militares.
Diálogo: Qual foi o papel das Forças Militares durante a pandemia da COVID-19?
Ten Brig Ar González: Estamos na linha de frente da luta contra a COVID-19 desde março de 2020, quando o presidente da República decretou o estado de emergência sanitária e adotou as medidas necessárias para o isolamento do país diante do risco de expansão do vírus. Desde esse momento, nossa capacidade operacional com pessoal e recursos foi posta à disposição do Ministério da Saúde Pública e Bem-Estar Social e outras instituições, através do Centro de Coordenação Interinstitucional, subordinado ao Conselho de Defesa Nacional. Participamos da campanha nacional de conscientização, para que os cidadãos cumprissem os protocolos sanitários; adaptamos algumas unidades militares como abrigos de saúde, para que cidadãos nacionais e estrangeiros de regresso ao país fizessem quarentena; e apoiamos os controles fronteiriços e de aeroportos e o patrulhamento das ruas para evitar aglomerações desnecessárias. No âmbito do Plano Nacional de Vacinação, provemos segurança, recepção, traslado, armazenamento e distribuição de vacinas e insumos em nível nacional, e temos unidades militares habilitadas como centros de vacinação.