A Força do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos Sul (MARFORSOUTH, por sua sigla em inglês) é o único componente do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM, por sua sigla em inglês) sediado no mesmo prédio deste quartel-general, permitindo uma interação e colaboração mais estreita entre os membros de ambas as instituições. Diálogo visitou o Almirante (FN) Kevin M. Iiams, comandante do MARFORSOUTH, para discutir seu papel, sua visão e missão na área de operações do SOUTHCOM desde que assumiu a função há pouco mais de um ano.
Diálogo: Qual é o foco principal do MARFORSOUTH em relação à Área de Operações do Comando Sul dos EUA?
Almirante (FN) Kevin M. Iiams, comandante do MARFORSOUTH: Acredito que o nosso foco principal seja o estabelecimento de relacionamentos de confiança mútua com nossos parceiros de toda a região, de forma que possamos realmente começar a expandir alguns destes relacionamentos novos e diversificados com nossas nações parceiras e buscar a interoperabilidade e o trabalho em equipe, naquilo que eu considero como desafios e interesses compartilhados por toda a região.
Diálogo: Que espera alcançar ou concretizar-se especificamente durante 2017?
Alte Iiams: Para 2017, espero melhorar esses relacionamentos, o que significa que preciso viajar mais para poder estar com nossas nações parceiras e meus colegas de toda a região e obter uma melhor compreensão de como eles encaram a região. Com isso, acho que me torno um melhor jogador dentro desta equipe. Isso me permitirá ter uma visão operacional melhor da região e entender o ambiente e, no final, saber como poderemos aplicar melhor o que os Fuzileiros Navais aportam ao campo de ação. Atualmente, destacamos a nossa Força-Tarefa Ar-Terra para Fins Especiais dos Fuzileiros Navais (MAGTF, por sua sigla em inglês) para o campo de ação uma vez por semestre. Esses relacionamentos melhores nos possibilitam posicionar os fuzileiros navais na hora certa e no lugar certo, com os parceiros certos e para os projetos certos, de forma a ajudar neste cenário a estabelecer uma melhor vigência da lei, melhor governança e melhor qualidade de vida para todos os nossos parceiros regionais.
Diálogo: Qual é o foco da MAGFT para Fins Especiais para 2017?
Alte Iiams: A nossa MAGFT para Fins Especiais se concentrará nos quatro países do norte da América Central: Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras. Já temos uma pequena equipe de cerca de cinco a sete fuzileiros navais que está em cada um desses países o ano inteiro – nossas equipes de Cooperação em Segurança. Para a segunda metade do ano, durante a época em que a temporada de furacões é mais provável, colocaremos uma MAGFT para Fins Especiais completa – cerca de 294 fuzileiros navais – na Base Aérea Soto Cano, em Honduras, uma vez que esse local nos dá uma flexibilidade estratégica para adentrar rapidamente nas zonas de perigo mais prováveis para o impacto de um furacão. Com essa força destacada para o campo de ação, podemos nos engajar juntamente com nossos parceiros e utilizar nossas capacidades em termos de engenharia e empreender projetos em toda a região para ajudá-los, juntamente com seus militares e suas próprias capacidades, a responder a eventos de assistência humanitária e em casos de desastres naturais.
Diálogo: Estando nessa função há pouco mais de um ano (desde janeiro de 2016), como mudou a sua perspectiva da região de quando chegou até agora?
Alte Iiams: Eu tinha muito pouca experiência anterior quanto à América Central e do Sul antes de assumir esse cargo e fiquei muito entusiasmado em poder aprender um novo idioma e conhecer novos parceiros. Eu realmente gosto de conhecer parceiros de toda a região: os chefes dos quarteles generais dos corpos de fuzileiros navais de nações parceiras, os comandantes dos corpos de fuzileiros navais e nossos homólogos navais. Essa foi até agora, provavelmente, a melhor coisa sobre essa função. Isso ampliou minha perspectiva sobre a oportunidade de que este é verdadeiramente nosso lar comum e que juntos é que, com nossas perspectivas diversas e nossos interesses comuns, poderemos realmente encarar a área e a região e desenvolver soluções singulares e dinâmicas para enfrentar os desafios reais que temos à nossa frente.
Diálogo: Qual é sua maior preocupação ou o que considera como a maior questão em termos de segurança regional no Caribe e na América Central e do Sul?
Alte Iiams: Eu diria que são todos os grupos criminosos que atuam nessa região e, essencialmente, as redes ilícitas através das quais eles operam. Eles atravessam e permeiam todas as nossas nações parceiras, afetando seus governos. Eles reduzem a capacidade desses governos de fornecerem boa governança para suas populações, impactam a qualidade de vida e os direitos humanos. Então, o que vejo como provavelmente nosso maior desafio é contra-atacar essas redes de ameaças e fazer o que for necessário para unir-nos como uma região única. Esse é o nosso lar e essas redes afetam a todos nós. Acho que se encararmos esses desafios como uma família, entre todas as nossas nações parceiras, e chegarmos a um consenso de que essa é uma ameaça compartilhada por todos nós, então, com todas as capacitações diversas de todas as nossas nações parceiras, penso que conseguiremos enfrentá-los e derrotá-los.
Diálogo: Qual é a importância da colaboração regional conjunta entre as nações parceiras e os Estados Unidos para conseguir alcançar esse objetivo comum?
Alte Iiams: Todos precisamos entender que nenhum de nós é tão bom ou tão capaz sozinho quanto somos juntos. Nós todos aportamos certas capacitações e qualidades que acrescentam ao relacionamento e às capacitações que nós, como um todo, podemos trazer para enfrentar esses desafios compartilhados. Esta região possui alguns terrenos realmente complexos. Temos diversos sistemas fluviais, vastas áreas litorâneas que se abrem para o oceano e para o Caribe. Temos a Cordilheira dos Andes, temos florestas densas e profundas e, entre tudo isso, temos forças que desenvolveram capacitações que são o que há de melhor em toda a região. Assim, quando possibilitamos aos nossos parceiros trazerem essas capacitações para a mesa como parte da equipe, nós todos melhoramos – cada um de nós. Somos melhores como equipe e ficaremos mais fortes e mais capazes contra as ameaças compartilhadas na região.
Diálogo: Que estratégias regionais já tem implantadas ou que planeja implantar para alcançar esses objetivos?
Alte Iiams: Em sintonia com o caminho ao qual o SOUTHCOM está se dirigindo, queremos aumentar o quanto compartilhamos com as nações da região. Novamente, a força de nossa resposta virá dessa parceria ou da forma pela qual capacitamos nossos parceiros – então, da perspectiva do MARFORSOUTH, isso fará com que levemos nossas equipes de Cooperação em Segurança para treinar nossos parceiros no local e, ao mesmo tempo, nos treinarmos com nossos parceiros ao nos engajarmos com eles. Queremos também melhorar nossa capacidade coletiva de perseguir as ameaças compartilhadas de forma que, quando for necessário, possamos compartilhar juntos com grande interoperabilidade e garantir o sucesso.
Diálogo: Como os relacionamentos que estabeleceu até agora o ajudam a fortalecer e beneficiar a colaboração entre o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e os corpos de fuzileiros navais das nações parceiras?
Alte Iiams: Como o Alte Esq [Kurt] Tidd [comandante do SOUTHCOM] sempre diz: “Este é o nosso lar hemisférico, todo o nosso lar hemisférico.” Ele tem sido e continuará sendo o nosso lar hemisférico e nós todos precisamos reconhecer isso. Eu diria que os relacionamentos e a unidade estão enraizados entre os povos das Américas. É simplesmente maravilhoso observar e fazer parte disso. Além disso, se você conhece os fuzileiros navais, existe também um laço muito especial de confiança entre eles. Nesta região, com as enormes áreas litorâneas e sistemas fluviais, temos muitos corpos de fuzileiros navais que cresceram aqui. Esses jovens corpos de fuzileiros navais foram abraçados por suas nações. Elas os encaram e veem a utilidade de terem – como o fazem os Estados Unidos – soldados do mar. Nós, como fuzileiros navais, nos congraçamos; vemos quão especial é ser um fuzileiro naval. Assim, quando conseguimos nos unir com o corpo de fuzileiros navais de uma nação parceira, cria-se imediatamente um nível de confiança e reconhecimento de capacitações que então usamos para rapidamente nos movermos para obter interoperabilidade, colaboração e operações conjuntas para enfrentar essas ameaças.
Diálogo: Como sente que a sua experiência anterior no Comando Central dos EUA (CENTCOM, por sua sigla em inglês) e outras áreas de operação o preparou para essa função e que lições aprendidas trouxe consigo para aplicar à sua função atual?
Alte Iiams: Durante a minha estada no CENTCOM e depois no Estado-Maior dentro do Pentágono, pude observar o trabalho do governo dos Estados Unidos em relação a alguns problemas desafiadores e bastante dinâmicos, problemas difíceis de resolver, e eu nos vi utilizando uma abordagem de governo como um todo: a interagência, os serviços e as nações parceiras para enfrentar esses desafios. Estou vendo a mesma coisa acontecer em um nível internacional aqui neste cenário de ação, onde todos os nossos parceiros entram em cena, trazendo capacitações diversas e às vezes singulares, e trabalhamos juntos para termos uma abordagem coletiva unificada para enfrentar problemas bastante complexos. Estou tentando transportar essa experiência em nosso nível nacional para a escala internacional aqui com o MARFORSOUTH na área de operações do SOUTHCOM.
Analogamente, em minha função mais recente na 3ª Ala de Aeronaves do Corpo de Fuzileiros Navais, tive um grande mentor, que foi o comandante da ala, que me mostrou como liderar efetivamente grandes formações de fuzileiros navais. Essa é uma grande parte do que faço aqui e, ao colocarmos fuzileiros navais no campo, quero poder dar ao Alte Esq Tidd uma melhor apreciação do que esses fuzileiros podem contribuir para o esforço, o que podemos fazer com nossos parceiros na região, da assistência humanitária à ajuda em desastres naturais, e de parcerias a capacitações. Também durante essa experiência na 3ª Ala de Aeronaves do Corpo de Fuzileiros Navais, trabalhei com grandes líderes na Força Expedicionária dos Fuzileiros Navais que me deram uma oportunidade de crescer como jovem almirante e vivenciar todo o espectro do que o Corpo de Fuzileiros Navais pode aportar como parceiro. Assim, penso que esse foi um cargo muito benéfico para mim para pode ver como o nosso comando pode fazer com que nosso Corpo de Fuzileiros Navais traga benesses para essa área de operações.
Diálogo: Há algo em particular que gostaria de acrescentar para os nossos leitores na região?
Alte Iiams: Tenho a honra e a humildade de estar em parceria com algumas das pessoas que conheci nesta região – com as diferentes armas e com os líderes de toda a região. Estou ansioso por trabalhar mais um ano, talvez dois, com eles e fazer parte da sua equipe. Estou ganhando uma percepção maior a cada dia das diversas perspectivas sobre a nossa área de operação e estou realmente desfrutando das culturas muito ricas existentes nas Américas, de norte a sul. Essa é uma região maravilhosa e nos dá uma tremenda oportunidade de ver como entrelaçamos todos os nossos aspectos em comum e toda a nossa diversidade para unir tudo para o bem geral.