O presidente dos EUA Donald Trump defendeu, no dia 2 de março de 2020, a fumigação de cultivos ilícitos para combater as drogas, ao receber na Casa Branca seu homólogo colombiano Iván Duque, cujo governo quer reiniciar as polêmicas pulverizações aéreas.
O governo de Duque espera reiniciar a fumigação de cultivos ilícitos para lutar contra o narcotráfico, uma iniciativa aplaudida pelos Estados Unidos, mas que encontra resistência por parte de trabalhadores rurais e organizações de direitos humanos.
“Bem, terão que fumigar. Se não fumigarem, não se desvencilharão deles”, disse o presidente Trump em referência aos cartéis de drogas, ao responder à pergunta de um jornalista.
As pulverizações aéreas com glifosato para combater as drogas na Colômbia foram suspensas em 2015, quando o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos atendeu a uma advertência da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considerou que esse herbicida era “provavelmente” cancerígeno.
Esse controvertido herbicida está associado a efeitos cancerígenos e riscos genéticos e muitos países da Europa tentam proibi-lo, porque coloca a população em perigo.
O governo de Duque disse que está preparando relatórios de impacto sanitário e ambiental, para cumprir os requisitos estabelecidos pela Corte Constitucional da Colômbia, e poder reiniciar o programa de fumigação, comprometendo-se a minimizar os efeitos adversos.
A Colômbia é o principal cultivador mundial de folha de coca, com 169.000 hectares plantados em 2018 e um potencial para produzir 1.120 toneladas de cocaína, segundo a ONU.
“Precisamos trabalhar com todos os elementos e devemos ser muito duros contra o crime”, afirmou Duque, que lançou um plano antidrogas com o qual prevê reduzir à metade os cultivos de coca entre 2022 e 2023.
Em declarações à imprensa, ele explicou que sua estratégia é combinar uma “multiplicidade de ferramentas”, entre elas a substituição, a erradicação, o desenvolvimento alternativo, bem como a “pulverização com precisão, nos termos expressados pela Corte Constitucional”.
No início do ano, os Estados Unidos anunciaram que entregarão à Colômbia – seu aliado mais próximo na região – US$ 5 bilhões para investimento nas zonas afetadas pelos narcocultivos, algumas delas estabelecidas como prioritárias no acordo de paz de 2016 que desarmou a antiga guerrilha das FARC.
Duque denuncia vínculos entre Maduro e o Hezbollah
Mais cedo, Duque havia anunciado ao grupo de lobistas pró-Israel AIPAC [Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel] o apoio que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela presta à milícia xiita Hezbollah.
“Eles abriram as portas ao Hezbollah para que o grupo os apoie nos crimes que cometem contra seu próprio povo”, disse o presidente, referindo-se à milícia xiita libanesa, considerada pelos Estados Unidos como o braço “terrorista” do Irã.
Em seu discurso durante a reunião do AIPAC, um evento anual que reúne políticos democratas e republicanos, Duque também denunciou os “indícios antissemitas” do regime de Maduro.