As Forças Militares da Colômbia operam 24 horas por dia contra ataques cibernéticos e campanhas de radicalização e desinformação, que tentam desacreditar o trabalho das instituições e provocar polarização na sociedade. Seu principal apoio é o Comando Conjunto Cibernético (CCOC).
“O CCOC conta com capacidades de processamento de dados, interconexão direta com as comunicações e software com capacidades de investigação, contenção e defesa virtual”, disse à Diálogo Juan P. Salazar, diretor da empresa colombiana CyberLawyer & Public Affairs. “O comando também monitora as informações publicadas, verifica dados e fatos e detecta padrões de comportamento nas redes sociais para combater a desinformação.”
De 2017 a dezembro de 2019, a Colômbia registrou mais de 53.000 incidentes de segurança virtual por parte do crime organizado transnacional, dos quais o maior número foi devido a roubos de dinheiro de contas bancárias de empresas e particulares, seguidos por roubos de identidade e difamação, assegura a Câmara Colombiana de Informática e Telecomunicações.
Os assaltos informáticos não conhecem fronteiras virtuais ou físicas; seu custo é mínimo e é difícil rastreá-los. “É por essa razão que devemos ser proativos ao gerar mecanismos que estabeleçam estratégias sólidas de segurança, para nunca reduzir nossa defesa”, disse à Diálogo o Major do Exército Edson Mahecha, chefe de Estratégia, Planos e Projetos do CCOC, do Comando Geral das Forças Militares da Colômbia.
“Nós apuramos os sentidos para detectar essas práticas, consideradas as principais armas no quinto domínio [da guerra]”, acrescentou o Maj Mahecha. “Os ataques cibernéticos tentam desprestigiar instituições, pessoas, acontecimentos, e também ganhar adeptos, impor tendências, desvirtuar informações, roubar informações pessoais, suplantar identidades e influenciar as estratégias políticas, a tomada de decisões e a percepção da opinião pública.”
Por exemplo, no dia 31 de agosto de 2019 circularam imagens nas redes sociais que mostravam quatro mulheres que supostamente foram mortas em um bombardeio de militares colombianos contra dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, no estado de Caquetá. O Ministério da Defesa colombiano repudiou as acusações, pois as imagens divulgadas por Gustavo Petro, ex-candidato à presidência, na realidade eram de um tiroteio ocorrido no dia 22 de agosto na localidade de Touros, no estado do Rio Grande do Norte, no Brasil, onde vários integrantes de uma mesma família foram massacrados.
Em outro caso, no dia 1º de setembro, o Exército da Colômbia desmentiu que um de seus helicópteros tenha sido derrubado na fronteira com a Venezuela, como havia sido difundido por fontes anônimas através de um vídeo nas redes sociais. O vídeo corresponde a uma aeronave do Exército que sofreu um acidente por falhas mecânicas no dia 18 de outubro de 2017, em Medellín, onde 10 militares ficaram feridos.
“Essa ferramenta de guerra híbrida [política, convencional, irregular e cibernética] pode provocar a perda de estabilidade de um Estado funcional e gerar polarização na população”, disse Salazar. “A melhor arma é a transparência da informação, baseada na liberdade de imprensa, nos direitos humanos, nas democracias e nas sociedades abertas.”
Para se manter na vanguarda e incrementar as capacidades de segurança cibernética, defesa cibernética e guerra virtual contra a desinformação, é necessário aumentar a cooperação internacional. “Felizmente, a Colômbia, como outros países latino-americanos, conta com o apoio dos Estados Unidos através do Programa de Segurança Cibernética do Comitê Interamericano contra o Terrorismo”, finalizou o Maj Mahecha.