O presidente interino da Venezuela Juan Guaidó reiterou o apoio da maioria dos membros das Forças Armadas a uma mudança no governo e afirmou que são os altos comandos que estão diretamente vinculados a Nicolás Maduro.
Em uma entrevista ao portal venezuelano de notícias Cronica Uno, Guaidó declarou que “existe uma crise evidente, uma ruptura na cadeia de comando. Cerca de 80 ou 85 por cento da Força Armada Nacional apoiam uma mudança”.
No entanto, expressou que a maneira de demonstrar esse descontentamento “é o que precisamos descobrir”. Ele acrescentou que criou mecanismos para discutir e até mesmo fazer ofertas públicas de anistia e garantias.
Guaidó afirmou que sua equipe insistirá nas garantias, “provavelmente tornando-as mais explícitas”, e se concentrará na comunicação. No final de janeiro, a Assembleia Nacional promoveu o Ato de Anistia e Garantias Constitucionais para apoiar os militares que passassem para “o lado da Constituição”.
“Em uma ditadura, não podemos convocar os militares diretamente para uma reunião, porque eles poderiam ser presos, torturados ou exilados. Gostaria que pudéssemos nos sentar a uma mesa com muitos deles para conversar sobre a transição e criar denominadores comuns”, declarou Guaidó durante a entrevista.
Mencionando as manifestações de 30 de abril e o apelo aos civis e militares para que “pusessem um fim definitivo à usurpação” e expulsassem Maduro, Guaidó disse que há “muitos mais” militares do que aqueles que participaram naquele dia.
“Alguns ainda estão em seus postos de comando, outros ainda trabalham pela Operação Liberdade. Mas, no final, todos esperam para passar para o lado da Constituição”, afirmou.
Segundo reportagens da imprensa, cerca de 25 militares que responderam ao seu chamado buscaram refúgio em diversas embaixadas no país. “Eles estão em segurança”, disse Guaidó.
Quanto ao papel dos militares na crise política, social e econômica venezuelana, Guaidó disse que “nunca pedimos aos militares que se rebelassem; ao contrário, pedimos que ficassem do lado da Constituição. Pedimos que atendessem aos apelos dos poderes executivos para realizar eleições, enquanto a emergência é atendida.”