A captura de reféns tem sido uma característica constante e desprezível do regime iraniano, desde que os fundamentalistas islâmicos derrubaram o governo do Irã em 1979. Naquele ano, os radicais capturaram como reféns mais de 60 funcionários da Embaixada dos Estados Unidos e mantiveram 52 americanos presos durante 444 dias.
Os estrangeiros que vão ao Irã hoje para trabalhar, estudar ou visitar familiares são alvos frequentes do regime, que os vê como oportunidades para extrair dinheiro dos governos estrangeiros ou exigir mudanças nas políticas.
As pessoas com dupla cidadania – cidadãos do Irã e de algum outro país – continuam sendo alvo de “detenções arbitrárias e prolongadas” e muitas vezes não têm permissão para conseguir advogados e defender-se, segundo o Relatório de Direitos Humanos do Irã de 2017, elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA.
Em alguns casos, cidadãos com dupla nacionalidade passaram 10 anos ou mais na prisão. Por exemplo, o empresário americano de origem iraniana Siamak Namazi estava visitando os seus pais em Teerã em 2015, quando foi preso por “colaborar com Estados inimigos” e condenado a 10 anos de prisão. Em 2017, o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária considerou que “há um modelo emergente envolvendo a privação arbitrária da liberdade de cidadãos com dupla nacionalidade no Irã”. Atualmente, Namazi está detido na abominável prisão de Evin, no Irã, e impedido de ter acesso ao seu advogado ou receber visitas dos seus familiares.
Outro exemplo é o da assistente humanitária britânica de origem iraniana Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que foi presa em abril de 2016 sob acusações fraudulentas de espionagem, quando regressava ao Reino Unido, após visitar sua família. Um juiz em Teerã determinou que ela não seria libertada enquanto o Irã não recebesse o pagamento de uma dívida antiga da Grã-Bretanha, segundo o Centro de Direitos Humanos do Irã.
“O juiz confirmou o que estávamos suspeitando há algum tempo”, disse Richard Ratcliffe, marido de Zaghari-Ratcliffe, em declarações que fez ao Centro de Direitos Humanos do Irã, em julho de 2018. “Essas declarações confirmam que Nazanin está detida na prisão para ser usada como moeda de barganha”, disse.
O ex-agente do FBI Robert (“Bob”) Levinson está desaparecido há mais de 12 anos no Irã, tornando-se o mais antigo refém da história dos EUA. O governo iraniano se comprometeu anteriormente a ajudar os EUA a localizar Levinson e o governo americano continua pressionando o Irã para que cumpra seu compromisso, a fim de que ele possa reunir-se com a sua família.
O estudante da Universidade de Princeton, Xiyue Wang, cidadão americano naturalizado da China, foi preso por acusações de espionagem em 2016, enquanto aprendia persa e fazia pesquisas sobre história para sua tese de doutorado. As autoridades da universidade disseram que ainda têm “a esperança de que as autoridades iranianas permitam que esse acadêmico genuíno, marido dedicado e pai atencioso retorne aos seus estudos de doutorado e ao seu lar”. A universidade continuará apoiando os esforços para “conseguir garantir seu regresso seguro à sua casa”.
O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã prendeu pelo menos 30 pessoas com dupla nacionalidade nos últimos anos, principalmente por acusações de espionagem.